Não há remédio para as memórias

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Jungkook levantou do sofá meia hora depois. Talvez por não ter a mínima vontade de levantar, ou porque simplesmente deveria ter caído no sono.

Pegou a pasta mostarda em mãos e colocou na mesinha de centro. Ele se sentia tão... destruído. Não fisicamente, porque quem sonharia que alguém como ele, que fazia exercícios todos os dias e tinha uma alimentação equilibrada estaria destruído desse modo? Não. Era emocionalmente.

Se sentia estúpido agora por ter estado em uma relação que sugara toda sua vida.

Mal sabia exatamente como seguir agora. Ele deveria ir hoje comprar os remédios? Ligar para os seus pais e amigos e contar a situação que se achava?

Era confuso. E ele não sabia no que se segurar.

Seu celular vibrou naquele momento sobre a mesinha de centro. Jungkook olhou para a tela com os olhos pesados, mas uma pitada de animação correu pelo seu corpo até a ponta dos dedos enquanto pegava o celular nas mãos e atendia a ligação.

- Ei, pequeno. Como foi sua consulta?

Ah, sim... Aquela voz. Uma doce sinfonia que tomava seus ouvidos e deixava-o deitado em nuvens. Fechou os olhos, como se pudesse enxergar o outro na sua frente, suspirando pesadamente.

- Tae... - disse com dificuldade, sem conseguir segurar seu coração apertado, aquela dor alarmante que machucava o peito, a vontade de chorar. - É grave. A minha situação já está praticamente condenada. Se eu não tivesse ido logo... se você não tivesse me avisado... Taehyung, o que eu faço agora?

- Calma, vai ficar tudo bem. O médico passou algum remédio?

- Sim. Algo chamado... - espalhou os papéis na mesa, achando a receita. Tentou ler. - Gaze. Acho que é isso. Não tenho a menor ideia do que seja.

- É para o coração... Jungkook, o médico falou algo sobre placas da dor para você?

Jungkook sabia que Taehyung poderia conhecer daquelas coisas mais que ele, afinal, ele estava cursando enfermagem. Sentia-se feliz por tê-lo ao lado, alguém racional que colocaria seus pensamentos em ordem.

- Ele falou que é o que eu tenho.

Ele conseguiu ouvir o suspiro pesado na outra linha. Abaixou a cabeça, pressionando os olhos com mais força, como se sentisse culpa.

- Tudo bem. Vocêcomprou os remédios? Se não, posso ir com você.

- Ainda não fui. Pode ir mesmo? Por favor, eu prefiro ir com você.

- Ok. Estarei passando em meia hora. Até mais, Jungkook-ah.

- Até, hyung.

Ele deixou o celular no sofá depois de terminar a ligação. Que péssimo. Tudo isso poderia ter sido evitado se não fosse tão cabeça de vento. Taehyung deveria ter vergonha de ser seu amigo.

Mas não adiantava falar tudo agora. Tinha acontecido, e ele estava doente.

Rumou para seu quarto e retirou as roupas antes de entrar no banheiro. A água molhou seu corpo e ele suspirou aliviado. Sentia calor, mas a umidade havia trazido o frio característico para sua pele. Demorou para sair do banho. Os pensamentos a mil. E quando finalmente o fez, faltavam minutos para dar meia hora.

Procurou por roupas limpas e se vestiu, passando um perfume e arrumando seus cabelos. Ele queria acreditar que tudo daria certo, que não devia perder sua essência.

Doses de Amor | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora