The Last Tear {涙} NAMGI.

{涙}Ao cair da última pena, o dia amanhece.

{涙}—Tear. ''Lágrima.''

Enquanto chovia lá fora, o mundo sempre pareceu tão frio. Inabitado, mesmo com tantas pessoas nas ruas e vidas nas constelações. Poderia-se dizer que mesmo com tantas almas em sua volta, se sentia tão vazio a ponto de transbordar tormento. E ele deu mais um gole em sua bebida provida de várias em uma, até que o gosto se tornasse uma grande confusão assim como si mesmo. 

Será que Deus poderia-lhe ouvir agora? porque estava sentado em sua varanda, no chão, em frente á sua pequena mesa de vidro. 

—Se o senhor estiver aí, por favor, me escute. Eu preciso tanto conversar. —As lágrimas desciam de seus olhos cristalinos que se afogavam no abismo do céu, e o silêncio reinava pelo recinto vazio. Desceu o nariz até a mesa, cheirando mais uma carreira de estrelas em pedaços. O pó subindo para sua mente, lhe fazendo tremer o corpo e a tristeza ser impossível de distinguir com o prazer. Mais uma carreira, mais uma lembrança. Em sua mente, havia a imagem de Namjoon sentado nas escadas de sua porta, com um cigarro entre os dedos. O seu sorriso era de tremer todas as bases e estruturas de seu corpo, e era impossível não querer ter aquela imagem para sempre. Mais lágrimas desceram. 

—Se está me ouvindo agora, não precisa me responder. Sabe? sei que estou longe a muito tempo, e que o Senhor já deve estar com saudade da minha voz. Porém me tornei indigno, Pai. Me enviastes em um ventre impuro, dizendo com todas as letras que nem a carne me corromperia porque meu coração é puro. Mas pai, eu me apaixonei. E acho que isso destruiu a alma que o Senhor desenhou com tanto afinco. Eu conheci um garoto, pai. Ele toca guitarra, e tem tantos vícios que se o senhor não perdoasse os defeitos dessas pobres almas, ele estaria perdido no tártaro. Ele gosta de filmes violentos e músicas tão tristes, que me lembro de onde vim e tenho saudade. —Se peito doía, e sua mente já transbordava o tormento. Precisava de calor, qualquer coisa. Mais um gole amargo, e mais imagens em sua mente lhe faziam despedaçar. 

Namjoon rindo. Namjoon tocando. Namjoon sendo Namjoon. Namjoon bravo, e Namjoon abraçado comigo em uma de suas crises de ansiedade onde não consegue respirar e fazer nada além de chorar, quando acorda. Os lábios macios e abrasivos se encostando aos seus, fazendo o céu parecer insignificante comparado ao sabor do verdadeiro amor humano. 

—Eu não sei o que fazer, Pai. Porque ele é tão machucado e acredita que o mundo é tão mal, e eu não consigo conversar sem achar que ele vai me olhar e pensar que sou entediante. Ele vive em um mundo tão triste e defeituoso, que me pergunto como explicar que de onde venho, é muito maior que um conjunto de galáxias e constelações super brilhantes. E que provavelmente se a verdade escapar de meus lábios, ele vá se assustar. Eu o quero tanto perto de mim, mas aqui na terra há tanta dor enquanto aí em cima contamos estrelas e saboreamos a paz e amor divino. —A garrafa estava vazia, e não havia mais como se embebedar com os vícios superficiais e deprimentes dos humanos. Fora enviado á terra para ter piedade e entender o comportamento dos homens, e nunca havia saboreado os sentimentos humanos. Mas ao ter seu primeiro dia na terra, tropeçou no caminho e na vida de um humano alto e robusto, com os cabelos arroxeados e olhos intensos. As covinhas de suas bochechas, lhe lembravam vincos de buracos negros e como a visão era perfeita e digna de todo o resto de seu corpo. Não entendia o que acontecia com seu corpo, não entendia o que acontecia com sua mente e pouco a pouco foi perdendo as penas de suas asas. E isso lhe fez pensar que talvez, nunca voltaria para seu lugar de origem e para os braços de seus irmãos. Mas ao beijar Namjoon pela primeira vez, percebeu que perder tudo por aquela alma impura e cheia de defeitos não seria nenhum pouco ruim. Ah sim, porque ele valia muito mais que portões de ouro e harpas que tocavam noite e dia, fazendo o céu entrar em uma eterna festa onde crianças cirandavam e risos ecoavam junto á música.