Our past is here

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Sempre que o sinal tocava, um deja-vu vinha a sua cabeça, as crianças saíam praticamente correndo enquanto ela apagava o quadro ou organizava suas coisas.

Os pincéis, o caderno de anotações e o livro de poesias que a mulher sempre lia no início da aula de literatura.

– Mya? – perguntou vendo a menina ainda sentada em sua cadeira olhando para frente. – Já é hora de ir para casa, querida.

– Eu sei, tia. – a pequena respondeu baixinho e apoiou a cabeça na mão. – Papai sempre atrasa, então é melhor eu esperar um pouquinho.

A mulher sorriu e então terminou de se organizar e estendeu a mão para a garotinha de cabelos pretos e olhos azuis.

– Eu vou esperar com você. Venha.

As duas chegaram na porta do colégio e olharam em volta, um carro parou e de lá saiu um homem conhecido pelas duas.

Mya soltou a mão e correu até ele que a pegou ao chegar no primeiro degrau.

– Arya. – o mesmo falou tentando um sorriso.

– Gendry. – respondeu, limpou a garganta e voltou a olhar para Mya. – Seu pai não demorou tanto, amor. – passou a mão na bochecha da criança. – Até amanhã.

Passou por eles e foi até seu carro onde sentou no banco do motorista onde teve uma forte lembrança, aquela que nunca apagou de sua mente.

Ela andava pelo palco daquele teatro, vendo o lugar onde seria a peça que havia escrito, a apresentação aconteceria no dia seguinte e garantiria sua nota final na matéria de literatura.

Braços fortes a puxaram para detrás das cortinas, colocando uma mão em sua boca para que não gritasse, o coração da garota que batia forte começou a se tranquilizar quando viu o responsável pelo seu susto. Ele segurava a risada quando recebeu um tapa em seu braço.

– Eu deveria matar você. – sussurrou. – Não faça mais isso.

– Desculpe. – o garoto falou segurando melhor a cintura dela e a empurrando gentilmente para parede. – Você estava tão linda andando no palco que não resisti. – ela não segurou o sorriso.

– Você está pronto para contracenar com Jeyne? – assentiu e se inclinou para beija-la mas teve um dedo indicador no meio de seus lábios.. – Então sabia que amanhã aquela cena deve acontecer?

– Eu não vou beijar ela, Arya.

A garota fez sinal de silêncio quando ouviu o tom que ele havia falado.

– Vai ser rápido. – subiu as mãos para o pescoço dele. – De qualquer maneira, eu estarei bem atrás do palco... – o puxou e sentiu a boca encostar na sua para enfim aprofundar em um beijo.

A lembrança veio em sua cabeça de uma maneira que a deixou meio tonta que a fez segurar o volante com as duas mãos e abaixar a cabeça por alguns minutos.

Talvez Arya não tivesse esquecido como se sentiu quando encontrou a garota de cabelos castanhos sobre o colo de Gendry.

Talvez ela não tivesse esquecido da conversa que eles tiveram para terminar tudo que mal havia começado.

Talvez ela não tivesse esquecido de quando estava na faculdade e o convite de casamento chegou.

E talvez, mesmo depois de tanto tempo, ela não tivesse esquecido o sentimento que ele ainda causava.

O caminho até em casa foi longo, mas ela conseguiu chegar e logo foi recebida por um homem sentado no sofá

– Você não bate mais?

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