O Monstro de Hananel.

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Dunvar não conseguia parar de pensar na possibilidade de ter realmente enlouquecido. Quando ele teve a ideia de sair de Hantal e ir até Hananel para enfrentar o Monstro, muitas pessoas disseram que o rapaz perdera a sanidade e que apenas alguém que possuía a morte como a maior aspiração da própria vida faria algo como o que era planejado. Mas, no início, Dunvar pensou que aquelas frases e esse tipo de reação eram apenas resultados do exagero e do medo. E que, por isso, todos os seus conhecidos se apresentavam obviamente como covardes... Isso faria muito mais sentido do que assumir o seu possível erro e pensar que eles estavam corretos... Afinal, Dunvar não era louco. E também não tinha medo de nada. Ele era valente como os Heróis das Antigas Histórias que as Anciãs da sua Cidade gostavam de contar. Crescera falando isso para os outros em qualquer oportunidade que aparecia, até que finalmente ele mesmo passou a acreditar em suas palavras fantasiosas. E então essa característica se tornou o seu Título Informal diante do reconhecimento da Plebe e até mesmo de alguns Nobres.

Dunvar, o Corajoso, foi como começaram a chamá-lo eventualmente.

E o rapaz sempre soube que merecia ser celebrado dessa forma.

Pois fundamentalmente era exatamente isso que ele era.

Valente e feroz como um Herói Antigo.

Nunca covarde como os outros.

E nunca apenas um Plebeu qualquer.

Durante a sua infância, Dunvar sempre lutara contra garotos maiores do que a sua magra e pequena versão juvenil para proteger os seus amigos. Também sempre desafiara Glunbar, o Padeiro, um homem gordo que tinha certo grau de parentesco com os Gigantes das Montanhas, e que, por isso, atingia quase três metros de altura. Ele gostava de jogar pedras nos cachorros de Hantal para afastá-los do seu estabelecimento, alegando que a sua presença espantava a clientela. E Dunvar o detestava por isso... Certa vez, até mesmo trocara socos e pontapés com Jórr Bruel, o filho do Prefeito, quando este ameaçou contar qualquer tipo de mentira sobre ter o visto acompanhado pelo seu irmão mais novo enquanto roubava pães e outros tipos de massas da loja de Glunbar. Ele desejava que ambos fossem punidos para saciar a sua estranha e sádica necessidade de ver os outros sofrendo para se divertir. E Dunvar também o odiava por isso... Logo, nesse dia, decidiu ensiná-lo uma lição. E assim Jórr voltou para casa chorando com os dois olhos roxos e o nariz quebrado. Tudo ocorreu bem, até que o Prefeito de Hantal mandou alguns guardar o ensinarem também uma lição.

Mas, mesmo com os dois braços quebrados, Dunvar nunca se arrependeu de punir Jórr.

Porque ele nunca mais voltou a importuná-lo.

Ou a ameaçar o seu irmão...

Esses foram apenas dois episódios icônicos da sua infância. Houve diversos outros eventos, tão importantes quanto essas histórias, e evolvendo pessoas influentes na sua Cidade também. E, por essa razão, com o passar dos anos, o rapaz adquiriu uma fama incrível pelos seus feitos. Não apenas por um tipo de visão deturpada que possuía sobre si. Mas também pelas suas grandes vitórias contra oponentes implacáveis. E pela sua estranha vontade de proteger os mais fracos. Fossem estes seus amigos ou apenas Plebeus desconhecidos.

Assim, ele sabia que sempre fora corajoso.

Não alguém que possuía a morte como o seu principal objetivo na vida.

Ou louco como tinham o caracterizado em Hantal para que todos pudessem ouvir...

Agora, no entanto, Dunvar não conseguia ignorar que os outros, talvez, estivessem corretos.

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