E se... {Jungkook}

11. Idol

Ela nunca tinha visto nada como aquela força-tarefa que era preparar o grupo para um show em outro país. Lola não tinha completado nem três meses de Big Hit ainda e já estava acumulando coisas para fazer antes da grande viagem aos Estados Unidos. Era grata pelo trabalho e estava tendo contato com tantas grifes famosas desde que começara que tinha certeza que se um dia fosse ter marca própria, ela seria um sucesso. Mas naquele dia em especial, ela estava esgotada.

Deixou a cabeça cair em cima do caderno que usava para seus rascunhos. A folha com vários desenhos pequenos ao redor de um central, todos da mesma pessoa, Taehyung. Eventualmente ela usava esse tipo de distração para poder recolocar a cabeça no lugar, mas o trabalho contínuo dos últimos dias tinha feito com que até esse pequeno hobby virasse uma tortura. Queria começar uma nova coleção inspirada no garoto, mas não sabia como definir o visual final, então ficou fazendo vários rascunhos da mesma coisa na folha toda.

– Sou eu nesse desenho?

A voz a fez abrir os olhos, mas continuou com a cabeça abaixada em cima da prancheta. O coração batendo a mil por hora porque era esse o efeito que aquela voz tinha nela. Sussurrada daquele jeito, então, fazia com que o corpo todo vibrasse de prazer. Soltou o ar pela boca, devagar para que ele não ouvisse e levantou a cabeça. Ali estava ele, Taehyung em toda a sua beleza, o rosto a centímetros do dela, observando seu desenho. Sentiu, não pela primeira vez e, com certeza, não pela ultima, uma vontade de beijar a pintinha que ele tinha na ponta do nariz e que ela via com perfeição daquela distância.

– Ficou muito bonito. Quando vou vestir isso? – ele perguntou finalmente encarando-a. O cabelo dele estava numa cor diferente da cor no croqui, mesmo assim ele estava absolutamente lindo.

– Você é lindo, sabia? – disse ela em português. Vivia dizendo isso na língua nativa por medo de como ele reagiria se ela bancasse a pedreira em coreano. Sempre que se soltava um pouco mais com ele, se lembrava da conversa com Julia no táxi saindo da casa deles.

– O que isso significa?

– O que?

- "Lindo"? – perguntou ele. Nenhum dos dois havia se afastado e aquela conversa próxima, aos sussurros começava a fazer a mente de Lola pensar besteira. Discretamente ela se beliscou sob a mesa e sorriu para ele. Precisava se controlar.

– Quer dizer muito bonito em português.

– E o resto da frase? – por algum motivo que ela não sabe explicar, a voz dele ficou ainda mais baixa e grave do que antes, como se soubesse o poder que tinha no corpo dela. Lola engoliu em seco, olhando dos olhos dele para os lábios, sem saber se deveria confessar aquela tradução toda ou não. Decidiu que estava cansada demais para não se arriscar.

– Significa que eu te acho muito bonito. – respondeu em coreano.

Ele sorriu, vitorioso, aproximando mais ainda o rosto do dela. Ao contrário de Julia e Jungkook, Lola não era do tipo que sabia esconder seus sentimentos quando estava interessada. E desde que ela se entendia como army, ela sabia que tinha interesse naquele membro do grupo em especial. Aparentemente Taehyung também sabia disso. 

– Mas eu acho que faltou um pequeno detalhe aqui... – ele interrompeu os pensamentos impróprios dela, desviando em direção ao desenho e aproximando mais ainda o rosto da prancheta. – Aqui, faltou um detalhezinho de nada aqui... – comentou, apertando os olhos em direção à folha. Confusa, ela se aproximou também, tentando ver que detalhe era esse que ele queria mostrar. E então o beijo aconteceu, roubado, sem espera. Como se o próprio Taehyung também tivesse medo de alguma coisa.

Ela ficou surpresa com a delicadeza com que ele a beijou. Começou timidamente e foi se transformando  num beijo lento, profundo, se intensificando conforme ela entendia que estava mesmo acontecendo. Lola fechou os olhos e se entregou, deixando que a língua dele tocasse a sua e conduzisse aquele momento. Lentamente ele virou a cadeira onde ela estava sentada para ele e a puxou para mais perto, sem que em nenhum momento a boca dele se afastasse da dela.

Ela se recostou na cadeira, absorta nas coisas que sentia naquele beijo. Era como se aquilo tivesse que acontecer desde sempre e todo o perrengue que havia vivido para chegar até ali fizesse sentido. Sua mente estava vazia e de repente já não se sentia tão cansada. Queria mais, precisava de mais. Levantou os braços e os apoiou nos ombros dele, passando-os ao redor do pescoço. Imediatamente ele a enlaçou pela cintura e ela já não precisava mais ficar sentada, pois ele a puxou para si.

Lola só percebeu que estava sendo colocada sentada sobre a mesa quando ouviu seus desenhos e rascunhos caindo ao chão porque os dois os afastaram. Foram breves segundos que precisaram para limpar caminho, pois logo em seguida ele se colocou entre as pernas dela, de pé de encontro ao seu corpo na mesa.

Devagar as mãos dele saíram da cintura dela e deslizaram por baixo da blusa que usava. A pele dela se arrepiou imediatamente e ela acabou deixando um suspiro escapar por entre os lábios deles. Aquilo foi como um convite para que ele descesse os beijos pelo pescoço dela. De alguma forma ele parecia querer provar o sabor dela, saber se a pele dela era tão saborosa quanto parecia a distância. Ela se entregou completamente àquele momento, inclinando o corpo para trás para abrir espaço para que ele continuasse descendo.

O corpo dela vibrava a cada beijo, cada contato da língua quente dele contra seu pescoço. Se continuassem naquele ritmo perderiam o pouco de noção de lugar que ainda restava. Mas Taehyung não parecia se importar com isso e quando os lábios dele finalmente chegaram ao decote da blusa que ela usava, as mãos alcançaram os seios cheios dela. Lola gemeu e involuntariamente o puxou para si com as pernas ao redor dele. Voltaram a se beijar, o ar ficando pesado a cada segundo.

As mãos dele voltaram a deslizar pelo corpo dela, dessa vez direcionado para as pernas, sabendo exatamente onde e em que momento deveria parar. Como se soubesse o que ia acontecer dali em diante, as pernas dela começaram a se afastar lentamente, convidativa. Estava sonhando com aquele momento desde o dia em que vira seus desenhos na mesa dele durante a entrevista. Mentira, sonhara com isso desde o instante em que ele foi revelado como o membro secreto do grupo anos antes daquele encontro.

Felizmente para os dois, a calça que ela usava era de elástico, de um tecido leve e fácil de ser tirada. Mas antes que ele conseguisse chegar ao elástico da calça, uma porta se bateu com força no corredor e ela abriu os olhos em choque. Seu coração batia acelerado, como se tudo aquilo tivesse acontecido de verdade.

Olhou no visor do celular: uma e meia da manhã. Tinha dormido por sobre todo seu trabalho do dia. Sentiu um arrepio na nuca, como se alguém a observasse e quando levantou a cabeça deu de cara com Taehyung encarando-a do outro lado da mesa. Ele exibia um sorriso enigmático, como se soubesse o que ela havia acabado de sonhar. Ela piscou com força algumas vezes, tentando afastar o calor que ainda sentia entre as pernas, no corpo todo, como se as mãos grandes dele realmente tivessem passado por ali segundos antes dela abrir os olhos.

Os dois se encararam por um longo tempo antes dele se levantar e dar a volta na mesa, indo até ela. Lola engoliu em seco pela segunda vez, consciente de que estava com cara de sono, de quem havia feito algo errado e acima de tudo, de alguém que estava com tesão acumulado naquele homem. Lentamente ele se aproximou do desenho dela e olhou com atenção, o rosto se aproximando do dela do mesmo jeito que já havia acontecido nos sonhos dela. "Será que isso é um deja vu?" – pensou, aflita, querendo diminuir a distância entre eles e descobrir se o beijo dele era tudo aquilo que ela imaginava mesmo. Consciente de que isso era proibido e que ela não deveria nem pensar nessa possibilidade.

Como que lendo seu pensamento, Taehyung a encarou e aproximou o rosto mais ainda do dela, os lábios a milímetros de distância.

– Em breve, linda, em breve... – sussurrou usando a palavra em português. Ela arregalou os olhos, consciente do roçar dos lábios dele de encontro ao seu e surpresa com o fato dele usar aquela palavra naquele momento. Taehyung exibiu um sorriso vitorioso e a beijou no rosto, próximo e distante demais de onde ela queria ser beijada. – Até amanhã. – sussurrou antes de sair e deixa-la sozinha com a própria consciência.