Nota da autora

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A vida não vai ficar melhor no momento em que desistirmos de tudo e quisermos morrer. A questão não é querer acabar com a vida, a grande questão é acabar com a dor que a vida que estamos vivendo nos traz. Não vou dizer que é simples e rápido como um "mude de vida e as dores acabarão", infelizmente, não existe anestesia que faça sumir as dores fortes que estão intrínsecas na alma de alguém que clama pela morte, mas, ainda que tudo pareça não ter mais jeito, não existe nada impossível para Deus. Não é apenas um jargão religioso, mas uma realidade.

Quando temos algum objeto e ele se quebra, precisamos levar aos fabricantes para que possam consertá-lo, ou em algum lugar que tenha alguém capacitado para isso. Não somos objetos, mas estamos quebrados e precisamos que o nosso Criador nos conserte. A sociedade impõe tanta expectativa em nós que, ao invés de crescermos e chegarmos ao padrão desejado acabamos quebrados no meio do processo. Não porque não somos capazes, mas porque somos seres singulares e é impossível cobrir a exigência de chegarmos a um padrão simplesmente porque não existe um. Deus não nos criou de modo padronizado, Ele não nos criou para sermos robôs que fazem tudo igual como se é esperado. Deus nos criou para liberdade, para termos um relacionamento com Ele e ainda nos deu a liberdade de escolher. O grande problema no mundo é quando essa liberdade extrapola o seu conceito e passa por cima da liberdade do próximo.

Não somos definidos pela fé que temos, pelo corpo, cor, cabelo, personalidade, sexo ou qualquer coisa que queiramos achar que nos faça nos encaixarmos na sociedade. Seres humanos são definidos pela capacidade de pensar, pela capacidade de evoluir, pela resiliência e plasticidade, pela capacidade de nos desenvolvermos, então, por que usar aquilo no qual somos iguais para nos tornar diferentes? Por que não apenas aceitar que somos seres humanos e estamos convivendo com pessoas que são exatamente iguais a nós quando se trata da anatomia? Por que não aceitar que a diferença que importa é quando se trata da digital e apenas por dizer que cada um tem sua própria identidade? Por que escolher morrer quando podemos tentar fazer da vida o melhor presente que já recebemos? É preciso que paremos de querer viver para agradar a outros e passemos a agradar a nós mesmos independente de qualquer coisa.

Precisamos aprender a ser feliz por nós mesmos. Precisamos aprender que Deus deu a vida a cada um de nós para que possamos vivê-la, que o que compartilhamos são os momentos e são eles que podemos colecionar como coisas boas ou ruins, que podemos alterar os cenários e personagens tóxicos e que podemos confiar no diretor e roteirista da nossa história, Ele sempre sabe o que faz.

Não é um mês ao acaso, uma cor específica ou movimentos criados para lutar contra a vontade que algumas pessoas têm de morrer. Esse texto não é mais um material contra o suicídio ou a luta contra a depressão, esse texto é um lembrete de que, independente das coisas ruins, a vida ainda pode ser boa se nos permitirmos a viver por nós, para nós e como queremos. Que venhamos apenas entregar nosso futuro nas mãos de Deus e esquecer o passado que já foi esquecido por Ele. Que venhamos viver o presente sem padrões ou obrigações, que possamos ser felizes pelo hoje e que não venhamos a desistir da vida, pois essa dor pode fazer apenas parte desse capítulo, ela não determina o livro inteiro.

Lute pela vida, lute para que seu amanhã se torne o hoje. Apenas lute, mas não lute sozinho. Deus está com você, Ele sempre está. E existem anjos caminhando na terra apenas te esperando de braços abertos para te ajudar com essa dor.

Deus abençoe,
Eliane Nascimento




* texto na íntegra na minha obra Uma palavra amiga, aqui na plataforma.

Luz que brilha na escuridão [degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora