Parte I Prólogo: A Batalha Da Plataforma

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Suas pernas já estavam cansadas de correr, não tinha mais forças para fazer tal esforço. Seu fim chegaria em breve e ele sabia disso. Mas teria sido por uma boa causa, não? Salvar Orbis Caelesti fazia parte sua missão, mas, valeria o preço de sua vida?

--- Ubi es?! PERFUGA! --- ( TRADUÇÃO: Onde você está?! TRAIDOR!) Aquela voz forte e áspera ressoou na noite escura que caia sobre a grande Plataforma de Metal.

Quando a ajuda chegaria?

O jovem de cabelos tão cinzentos quanto seus olhos, já estava perdendo as esperanças. Ele havia se arriscado, havia contado tudo que ouviu para o único que podia lhe salvar, e ele ainda não tinha aparecido para salva-lo da morte eminente.

Ele correu outra vez, cauteloso, e se escondeu atrás de uma das muitas colunas douradas, sua movimentação havia chamado atenção, escutou passos em sua direção e tentou controlar ao máximo sua respiração, que ficava cada vez mais ofegante.

--- EU confiei em você! Te contei tudo! E você contou para ele! --- A voz gritou perto da coluna onde ele se escondia --- Ele não acreditou em você! Se não já teria chegado! Você vai morrer! Aqui! Sozinho!

O jovem estava sem saída, iria morrer, mas não o faria escondido atrás de uma coluna, reunindo toda a coragem que lhe restava, o Filho Das Estrelas saiu de trás da coluna e encarou seu inimigo, o mesmo sorriu empunhando a longa e brilhante espada. Um brilho dourado invadiu o lugar, entre os dois oponentes, uma figura apareceu envolvida por uma áurea dourada.

--- Ele não está sozinho! --- A voz grave do homem que estava entre eles falou, sua áurea diminuiu, ao redor deles e por toda a Plataforma figuras foram aparecendo.

Uma forte ventania trouxe os Elementais do Vento com seus cabelos esbranquiçados e bagunçados, um estrondo alto marcou a chegada dos Elementais do Trovão e seus cabelos de tons azulados, com um clarão eletrizante os Filhos Dos Raios apareceram com seus olhos dourados e uma névoa densa anunciou a chegada dos Filhos Das Nuvens e seus cabelos brancos. Um grandioso exército se formou ali.

--- Então...vejo que acreditou nas palavras do menino, Alvorada! --- O homem da espada tornou a falar, os olhos faíscavam de ódio --- Achei que não acreditaria, você não é tão burro quanto achei que fosse!

--- Eu não teria motivos para duvidar da palavra dele! --- Alvorada rebateu, era um homem de cabelos dourados, que possuía mechas cinzas, brancas e azuis --- Foi a coisa mais sensata que eu já fiz, Mervus! --- Seus olhos azuis foram parar no jovem de cabelos cinzentos que os encarava em silêncio. Com medo.

--- Certo, certo. Se você pode chamar reforços então...eu também posso! --- Mervus exclamou apertando uma marca vermelha no cabo de sua espada, pouco depois uma chuva de estrelas começou a cair do céu atingindo a Plataforma e formando uma quantidade considerável de Filhos Das Estrelas.

Alvorada suspirou, aquela seria uma Batalha e tanto, custaria muito proteger as Flores Celestiais, mas era seu dever, como Guardião, era seu dever. Os Seguidores de Mervus se colocaram ao redor dos Provincianos, levantaram o braço direito e cortaram o ar em vertical com a mão, um fio prateado saiu dos dedos deles e cada fio se tornou uma forma humanóide prateada, não havia rosto e logo começaram atacar os Provincianos.

Alvorada concentrou uma energia dourada na mão direita e lançou contra Mervus, ele caiu, mas, pouco depois fez o mesmo que seus Seguidores e cinco figuras humanóides cercaram Alvorada o deixando acuado. Após longos minutos de batalha, com todos já cansados e fracos, os Seguidores de Mervus, infelizmente, levavam uma grande vantagem sobre os Provincianos.

--- Você não passa de um fraco! --- Exclamou Mervus acertado um soco no rosto delicado e esbelto de Alvorada --- Sua missão é inútil assim como... - Ele foi calado com um soco de Alvorada direto na boca.

--- Não fale da minha missão! --- Sibilou o Guardião estreitando os intensos olhos azuis --- Ela é nobre, traz a paz, vai salvar esse lugar, vai salvar to...

--- NÃO MINTA PARA VOCÊ MESMO! Sabe tanto quanto eu que essa missão não é tão nobre assim! --- Mervus exclamou, levantando a espada ele atacou Alvorada pela direita, o Guardião deu salto de dois metros de altura para se esquivar --- Você não é tão nobre assim!

--- E você é? --- Alvorada perguntou indo contra ele numa velocidade impressionante e lhe passando uma rasteira --- As atitudes que tomou tem valido a pena?

--- Sabe tanto quanto eu que, nesse mundo ser nobre e honesto só te mata mais rápido! --- Mervus falou passando outra rasteira em Alvorada e se levantando --- A vida não é justa, por que eu deveria ser? --- Ele encarou Alvorada que lhe deu um forte chute na lateral do corpo.

--- Para mostrar que não é igual aos outros! --- Exclamou o de cabelos coloridos --- Para mostrar que mesmo vivendo em um mundo ruim se pode ser uma pessoa boa! Para mostrar para todos os seus irmãos que...que mesmo que a sua natureza seja sombria...você não precisa ser! --- Falou se deixando levar pela emoção.

--- Talvez...talvez eu devesse mesmo ter feito isso... --- Mervus disse se levantando devagar, um olhar vago nos olhos cinzentos --- Talvez eu devesse ter pegado um caminho... diferente... --- Ele encarou o chão e Alvorada sorriu singelo --- Ou talvez não!

Alvorada não teve tempo para agir, quando percebeu o movimento de Mervus a espada dele já vinha em sua direção, então, fechou os olhos, mas, não sentiu o impacto da lâmina contra sua carne, tudo que ouviu foi um grito agudo e quando abriu os olhos claros, Sirius estava caído no chão com a espada de Mervus presa em seu abdômen.

--- Sirius... --- Alvorada estava em choque, Mervus soltou uma risada anasalada e puxou a espada, quando Alvorada percorreu o olhar pela Plataforma, ele viu seu exército quase que completamente rendido.

O Guardião sentiu o amargo gosto da decepção, mas, a risada de Mervus se transformou em uma exclamação de surpresa quando vários portais surgiram do chão e Provincianos da Terra passaram por eles: lobos, vampiros, bruxas, dragões, metamorfos, gigantes de gelo, centauros, grifos e minotauros cercaram os Seguidores de Mervus.

--- Seu tempo de terror acaba aqui, Mervus! --- Uma bruxa de longos cabelos brancos e olhos vermelhos gritou, enquanto os Filhos Das Estrelas eram rendidos e as formas humanóides criadas por eles desapareceiam uma a uma.

Enquanto o exército da Província da Terra prendia os Filhos Das Estrelas, com a ajuda dos Provincianos do Céu, Alvorada se ajoelhava ao lado de Sirius que respirava com dificuldade em sua agonia.

--- Sirius...? Tu es audire? Vos have ut esse fortis, si nosti? --- (TRADUÇÃO: Sirius...? Está me escutando? Você precisa ser forte, entendeu?)  Perguntou lentamente examinando o ferimento do jovem.

Sirius gruniu e a respiração ofegante começou a ficar entrecortada, a dor era lancinante. Alvorada usou sua magia Celestial para estancar o sangue prateado do jovem, ele criou um portal pequeno de onde tirou uma simples bolsa de couro.

--- Te habeat fiduciam habemus ad me: ego auxiliatus sum tibi omnia tibi fas? --- ( TRADUÇÃO: Você vai ter que confiar em mim, eu vou te ajudar tudo bem?) Alvorada perguntou abrindo a bolsa.

--- Ego confido in vobis procul dubio animam meam... --- ( TRADUÇÃO: Eu confiaria minha vida a você sem hesitar...) Sirius foi firme em sua decisão.

Alvorada assentiu e tirou de dentro da bolsa um livro grosso de páginas brancas e uma grossa capa de couro marrom com símbolos gravados em relevo.

--- Fortitudo donum proprie quid nisi speramus suspicio... --- (TRADUÇÃO: A coragem é uma dádiva, mas a desconfiança também é, espero fazer isso corretamente...).

As palavras de Alvorada ecoaram pela madrugada fria enquanto um a um os Seguidores de Mervus eram lavados ao Universo Alternativo, sua eterna prisão.

Guardiões: Os Escolhidos [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora