Between Flail and Crook

The Flail

Itachi olhava alguns papiros com assuntos pendentes do império, assinando e revisando leis que deveriam ser levadas ao povo, quando três servas adentraram seus aposentos, interrompendo sua tarefa. Imaginou que seria algum aviso do faraó, mas descartou essa possibilidade assim que percebeu que duas delas carregavam caixas com as iniciais de Shisui.

— Senhor, viemos avisar que o faraó o espera em seus aposentos — disse uma delas.

— Tudo bem, obrigado.

As servas saíram sem mais perguntas, deixando as caixas sobre a cama e, assim que ouviu as portas sendo fechadas, Itachi se levantou para olhá-las. Uma das caixas era feita de ouro, com o desenho do olho de hórus sob a tampa. Ela era maior do que a outra e continha um peitoral encravelhado de ametistas que parecia ter sido feito sob medida para si. Já a outra caixa era feita de madeira e estava cheia de jóias menores, como anéis preciosos e colares de ouro.

Suspirou pesadamente ao fechá-las e andou de um lado para o outro irritado, não era como se não pudesse comprar aquelas joias se quisesse, e o fato de Shisui estar tentando ganhá-lo com seus agrados o aborrecia. Já havia recebido braceletes de ouro com escaravelhos feitos de rubi no dia anterior e, apesar de pensar em devolvê-los, achou que seria desrespeitoso não aceitar o presente, mas aquilo já estava passando dos limites e não iria permitir que fosse tratado como uma concubina.

Voltou à mesa em que estava trabalhando para arrumar sua bagunça e vestiu uma túnica qualquer, seguindo a passos duros para o local onde iriam jantar. Assim que os guardas o viram, as portas foram abertas, e um deles o guiou até o local onde o faraó estava. Havia uma mesa de dois lugares posta no meio do cômodo, sofás espalhados estrategicamente e uma mesa de centro entre eles, além de uma sacada de onde se podia ter uma vista panorâmica do reino. Nunca havia estado naquele lugar e, ao que tudo indicava, aquela era a sala de encontros particulares do faraó, a sala para qual ele levava apenas quem ele pretendia levar para a cama, e essa percepção fez a raiva de Itachi aumentar ainda mais.

Shisui lhe sorriu cordial quando se sentou em seu lugar e dispensou o guarda com um aceno de mão, sendo prontamente atendido.

— Não queria que fôssemos incomodados, então o jantar já foi servido, está com fome? — disse servido um taça de vinho para o menor, percebendo que ele parecia aborrecido — Algum problema?

— Quero que pare de me mandar joias — disse, tentando não soar tão hostil.

— Não gostou delas?

— Elas são majestosas, senhor, mas não preciso que me presenteie, tenho condições suficientes para comprá-las se essa for a minha vontade.

— Você é tão orgulhoso quanto antes quando éramos mais novos, nada parece estar bom para você.

— Eu não quero os seus agrados — desdenhou, fazendo o faraó franzir o cenho pela audácia. — Por acaso esperava que eu os aceitasse de bom grado como uma de suas concubinas faria?

— Você é o segundo homem mais poderoso do Egito, o meu vizir, além de primo e súdito leal — disse sério, encostando-se sob a cadeira — Eu nunca tive a intenção de tratá-lo como uma de minhas concubinas.

— Então o que exatamente você quer de mim? Me chamou para um jantar particular e agora me manda baús de jóias! Eu não entendo onde quer chegar.

— Quero que você seja meu, somente meu. Quero que só eu possa tocá-lo e tê-lo em minha cama.

— Então, por que apenas não ordenou que eu me deitasse com você?

— Você não ficaria feliz com essa ordem, apesar de atendê-la por ser um servo leal, mas eu não quero que fique ao meu lado por obrigação. — Voltou a pegar sua taça, despreocupadamente — Há mais alguma coisa que queira saber?