2- Trêmula e gélida

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Ivy acabara de tomar seu café e se aprontava para ir ao mercado para repor tudo que James havia eliminado em 16 horas de estadia.

— Bom dia, Ivy.

James entrou na cozinha com uma cara de sono que o fazia parecer um menino.

— Bom dia James, vou passar no mercado você precisa de algo? — disse ao pegar a carteira e a chave do carro.

— Ivy, você não precisa fazer essas coisas sabe disso né? Anne não está aqui e ela é a única de quem você precisa cuidar. — James estava com o mesmo olhar de sua mãe.

— James, não faço nada que não estou a vontade de fazer e não estou "cuidando" de você, preciso me alimentar e você acabou com a comida.

— Se esse é o caso, poderia me trazer alguns Red Bulls? — Ao terminar a frase Ivy já estava cruzando a porta da rua e respondeu em um tom divertido — Vou pensar!

James a viu entrar no carro e dar partida, ao voltar viu o celular dela em cima do sofá, pensou em gritar, mas ela já havia ido.

No caminho o carro lhe parecia um pouco estranho, na verdade parecia que a qualquer momento iria morrer. Enquanto estava no Brasil Ivy nunca dirigiu, na verdade tinha tirado a carteira mas nunca colocado realmente em prática, começou a dirigir somente quando se mudou para os EUA, precisava levar Anne em suas consultas e aulas e os Tarten lhe "deram" um carro que ela também poderia usar quando quisesse.

Na Inglaterra ainda se sentia extremamente insegura levando em consideração que o volante era do lado oposto. Nunca foi muito fã de carros e muito menos entendia deles, sempre o levava para ser checado, entretanto esse que ela usava agora, era o velho carro de Tim, ela não sabia quando havia sido checado ou em que estado estava e isso a deixou um pouco apreensiva.

Após algumas boas horas no mercado, e comprando algumas inutilidades, Ivy conseguiu resolver a maioria das coisas que se propusera, o carro parecia normal e o caminho até a casa dos Tarten não daria nem 20 minutos, tudo estava a seu favor. Conseguiu seguir o percurso sem muitas emoções, e ainda havia sido atrevida a ponto de ir até o Rosie, que ficava a poucos minutos da casa dos Tarten.

Ivy amava tudo que a Inglaterra era, cada detalhe em sua arquitetura, era bem verdade que estava custando a se acostumar com as estradas, o clima chuvoso e a rotina, mas ainda assim amava aquele país.

Se encantava com cada ponto turístico histórico, igrejas, museus, arquitetura, tudo aquilo que as pessoas que moravam lá provavelmente achavam tediosos, mas para ela eram únicos. Desde que chegou Ivy havia feito várias expedições em lugares maravilhosos mas continuava a perder mais de seu tempo com seu primeiro achado, um "Tea Room" no fim de um pequeno caminho de ladrilhos com uma portinha pequena, duas mesinhas brancas na entrada e um letreiro que a fazia lembrar das histórias da Disney escrito "Rosie" com algumas flores especialmente lírios, enfeitando sua linda entrada.

Ivy se apaixonou por aquele lugar quase que imediatamente, ela não era fã de comer na rua, quando não fosse necessário ela preferia comprar e comer em casa assistindo algum filme, mas no Rosie não, aquele lugar tinha algo tão dela, tão ela, que era impossível explicar. Tinha uma vista tão gratificante, e linda para uma estrada comprida ladrilhada de pedras com várias casinhas em enxaimel cada qual com flores e detalhes particulares, gostava de uma em particular e gostava de imaginar como poderia ter sido crescer ali.

Eram casas simples, antigas, mas cheias de amor, aconchego e história. Ivy passava horas observando aquela paisagem, e chegando no ápice do seu próprio clichê, amava particularmente o pôr do sol ali, era como se ela entrasse em um universo só dela.

A Pétala Caída da Flor AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora