Capítulo 1: "Bilhetes em branco podem ser uma coisa ruim"

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Pessoas tentam encontrar em suas vidas uma razão para continuar vivendo, seja por trabalho, estudos, sonhos inalcançáveis, ou até mesmo em coisas triviais como descobrir o final de minha série preferida. E bem... Eu sou diferente dessas pessoas. Me chamo Natsuki Kudou e sou um estudante do ensino médio. Diferentes das outras pessoas eu não tenho, e nem procuro, uma razão para viver, apenas vivo, sem me preocupar com "quem" ou com "o que". Exatamente, eu não ligo para nada.

Esses dias me encontrei em uma situação meio estranha, ou melhor, uma situação diferente do que estou acostumado. Eu estava mexendo em meu armário da escola, organizando meus livros, quando me deparei com um envelope. De início imaginei que aquela era uma declaração escrita de uma garota para mim, mas minha expectativa fracassada chegou ao fundo do poço quando o abri e de dentro retirei uma folha em branco. Aquilo me pegou de jeito, pois por mais que as chances daquilo ser apenas algum de meus amigos me zoando eu ainda não consegui parar de pensar naquilo, minha mente se aprofundou em entender a razão daquela carta que em alguns momentos entrei a fundo em meus pensamento e me perdi da realidade. Sem mais esperanças fui pedir ajuda a meu amigo, Hitoshi Iride, a pessoa mais inteligente que eu conhecia.

E lá estava eu, um aluno magro, de cabelos ruivos, pele clara, e olhos verdes vestindo minhas roupas habituais de sempre: camiseta preta, jaqueta de couro, bermuda jeans escuro e tênis branco com alguns detalhes em preto de minha banda preferida que eu desenhei com caneta permanente. Fui em direção ao laboratório de informática onde encontrei um aluno aficionado a um jogo de simulador de encontros no computador mais distante dos outros alunos. Esse era Iride, meu melhor amigo, um garoto magro assim como eu, cabelo tingido de roxo, pele pálida como alguém que não possui uma saúde boa, e suas vestimentas casuais como suas roupas inteiramente pretas com exceção de sua camiseta que apesar de preta, possui uma frase em amarelo em seu braço direito escrito "Strange" na qual eu não saberia explicar o porquê, provavelmente é uma daquelas camisetas baratas de brechó que ele comprou apenas por ser preta. Agora que apresentados voltamos ao assunto anterior.

— Hey Iride! —O chamei contente enquanto ainda me aproximava.

— Quieto. — Me cortou sem ao menos me olhar nos olhos. — Não me atrapalhe, estou jogando.

— Ao menos me escute. Tenho algo interessante para te mostrar. — Insistia na esperança que ele deixasse de se entreter com garotas 2D e me ajudasse.

— Se conseguir me afirmar que isso que você tem para me contar é mais interessante do que essa loli que eu estou prestes a conquistar, eu irei te ouvir. — Curto e grosso, disse ele sem perder o foco de seu jogo.

— Acredito que seja.

— Uff... Certo, eu irei lhe ouvir. — Disse ele após um suspiro de descontentamento. Logo se virou para Kudou e esperou pela sua revelação.

— Olhe! Eu encontrei esta carta em branco dentro de um envelope em meu armário e tenho certeza que deve significar alguma coisa. — Ele estendeu a carta a entregando a Iride para que ele pudesse a analisar melhor.

— E sem esperanças você veio até mim? Bem... Talvez seja o seu dia de sorte. Eu encontrei a mesma carta em branco no meu armário semana passada, eu descobri alguns números secretos nela, mas nada concreto, apenas uma data e horário. — Ele pegou um lápis e começou a passar pela folha revelando a frase "BEHIND THE SNACK BAR". — Oh, parece que nossas folhas se completam. — Falou em um tom ironicamente animado.

— Iride-kun... O que estava escrito em sua folha? — Seu lado obcecado pelo mistério da folha veio à tona o fazendo segurar os ombros de Iride e o balançando esperando pela sua resposta.

— "21/09 19:00", se não me engano é hoje. — Falou demonstrando falta de energia para ir ver do que se tratava.

— Esse dia é hoje! E faltam 10 minutos para bater o horário! Vamos Iride! — Após um tumulto que ele causou na sala de informática com seus gritos ele agarrou o braço de seu amigo e o puxou para o local descrito na carta.

Os dois foram correndo até os fundos da lanchonete da escola. Apesar de um estar mais empolgado do que o outro, Iride ainda tinha certa curiosidade para ver do que se tratava.

Chegando lá os dois garotos esperaram pacientemente pelo o que viria. Mesmo 5 minutos atrasados uma pessoa chegou no local. Este era o professor de Química. Um homem mais alto do que o normal, com seus cabelos grisalhos e curtos, olhos castanhos e rugas que destacam a sua velhice. Ele estava vestindo seu sobretudo escuro junto de uma calça preta e sapatos marrons. O que incomodava os garotos era que ele estava com sua mão esquerda dentro de seu sobretudo, e eles, mesmo sem saber do que se tratava, imaginavam que um bilhete anônimo vindo de um professor para se encontrarem em um local pouco frequentado, em um horário onde não havia ninguém por perto era no mínimo suspeito.

— Vejo que vieram me ver garotos. Peço desculpas pelo atraso, eu estava cuidando de algumas coisas mas agora minha atenção é toda de vocês.

— O que você quer com a gente? Não teria sido mais fácil ter nos chamado para a sua sala se queria conversas. — Disse Kudou se questionando do que seu professor pretendia os levando ali.

— Bem... Não acho que me sentiria a vontade vestindo isso dentro de um dos prédios da escola. — Ele tirou a sua mão esquerda de dentro do sobretudo na qual segurava uma máscara de kitsune, comum no Japão, e a vestindo.

— Mas qual a razão dis-. — Kudou foi interrompido ao sentir uma pontada em sua nuca, ele olhou para o lado e viu seu amigo caído no chão e um dardo preso a sua nuca. Sua visão se tornou turva e ele logo caiu no chão tendo sua última visão de seu professor vestindo a tal mascará, com as mãos nas costas, o encarando. Ele em seguida desmaiou.

Posso não ligar para o que as pessoas dizem, mas não me contenho em minha curiosidade. No fim isso acabou sendo um problema. Não me importo em ter caído nessa armadilha do meu professor de química que eu sequer lembro o nome, mas infelizmente envolvi meu melhor amigo nessa. Acho que sou obrigado a arcar com as consequências disso quando eu acordar.

Perdido em meus sonhos enquanto estava desmaiado eu ouvi uma voz ao fundo me chamando. Num mundo escuro e sem fim de minha imaginação eu segui essa voz até enfim acordar. Eu estava em um pequeno quarto, deitado em uma cama. Aquilo tudo era estranho, mas ao que parecia fomos sequestrados. O que mais me intrigava era que tudo ali era branco, desde o quarto, até as minhas roupas. Acho que Iride não vai gostar disso...

Eu me levantei e andei por todo o quarto. A porta estava trancada e parecia ser difícil para alguém de minha estatura tentar abri-la. Ao lado da porta teria um retângulo desenhado na parede com um espaço no meio aonde se deveria ser colocado uma senha, mas não teria muita utilidade a primeira vista tendo em conta que eu não saberia a senha. Olhando por de baixo do colchão que eu estava deitado eu pude encontrar um bilhete dizendo "O que? Ficou tudo branco? Me parece familiar". Foi ai que eu me lembrei da carta em branco que eu havia recebido antes de tudo isso. Eu fui até o retângulo, selecionei os seguintes números "2-1-0-9-1-9-0-0" e a porta se abriu.

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⏰ Última atualização: Sep 21, 2019 ⏰

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