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De todas as pessoas, quem imaginaria que Patterson realmente se casaria, e com ninguém mais, ninguém menos que, Rich Dotcom? Claro que a ideia pegou todos de surpresa. Jane e Weller estavam tendo um dia feliz em família com o pequeno Matthew, e Bethany quando o convite de casamento chegou. Reade estava tendo um dia e tanto no SIOC, e Tasha só ficou sabendo do casamento por meio de um convite eletrônico que chegou em seu e-mail. Por mais que sempre conversasse com Patterson, ela não fazia ideia de que as coisas com o Rich tinha chegado a tanto. A parte mais difícil de acreditar para todos ali, era que, sim, era com Rich. Felizmente, graças a trabalhos feitos para o F.B.I ele cumpriu sua pena por bom comportamento e teve sua ficha limpa depois de ajudar em algum caso sigiloso e extremamente importante. Todos estavam desacreditados, essa era a verdade, porém, diferente de todos que estavam totalmente incrédulos, Patterson parecia sempre feliz e animada quando falava com os amigos ao telefone sobre o casamento e aquilo era o suficiente para que ele deixassem um pouco suas dúvidas e desconfianças de lado. Patterson estava feliz, era isso que importava.

Reade não estava tão animado com o casamento. Bem... Talvez só um pouco. Rich, apesar de ser inconveniente na maioria das vezes, tinha se tornado alguém que ele podia chamar de amigo nos últimos anos, e Patterson era quase uma irmã para si. Embora ele não entendesse de onde surgiu a ideia do casamento, podia dizer que estava feliz, pelos dois. Eles eram grandes amigos, a dupla dinâmica do laborátorio do SIOC. Era até compreensível. Mas, na verdade, Reade não sabia como se sentir, e no fim das contas, isso nada tinha a ver com o casamento de Patterson e Rich.

A confusão na qual ele se encontrava com ideia do casamento de Patterson tinha mais a ver consigo mesmo e com seus sentimentos fervilhantes que ele pensava já não ter mais – mas que ainda estavam ali –, do que, de fato, com a amiga loira e inteligente casando com o doido do Rich. Reade sabia que Tasha e Patterson ainda eram amigas, do tipo melhores amigas, e que se falavam, não com tanta frequência quanto quando Tasha estava no F.B.I, mas elas mantinham contato, e sabiam uma da outra. Compartilhavam histórias e segredos, mesmo que a distância, como amigos normais fazem, como ele e Tasha deveriam fazer.

Desde que Tasha entrou para a CIA, quatro anos atrás, eles se falaram tão poucas vezes que não enchiam uma mão, e era sempre sobre trabalho ou sobre alguém da equipe. Ele sentia que se falasse com ela sobre qualquer outra coisa que realmente o incomodava, ele colocaria para fora tudo que o machucava e provavelmente a machucaria também, e no fim, as coisas só piorariam. Mas tinha como ficar pior do que já estava? Eles não se falavam há anos, ele nem sabia se eles ainda eram amigos, mas ele continuava sentindo falta dela em dias de jogos, ou da companhia dela num bar no fim do expediente, ou só de ter ela ao seu lado, sendo sua melhor amiga, não importando a ocasião. Sentia falta da risada gostosa que ela dava sempre que ria dele, ou do lindo sorriso cúmplice que ela se lançava sempre que se deparavam com algo que só eles sabiam, ou de ver ela se gabava sobre ser incrível em algum aspecto, que Reade julgava como sendo em todos. Tasha para ele, era perfeita.

Porém, Tasha não estava mais ali. Reade nem sabia se ela ria do mesmo jeito, se o sorriso dela de quando estava sem graça, envergonhada ou feliz, ainda eram os mesmos que ele se lembrava. Ele não sabia se a gargalhada dela ainda era tão contagiante quanto antes, ou se seus olhos continuam tão intimidadores quando ela está séria, ou encantadores quando ela parece estar olhando no fundo dos dele. Reade tinha dúvidas sobre se ela ainda usava o mesmo perfume que o deixava sem saber se existia aroma melhor no mundo, ou se o abraço dela ainda tinha aquele mesmo toque de "melhor lugar do mundo para se estar". Será que ela ainda morde o lábio inferior quando está nervosa? Ah, ele com certeza queria saber isso. Tasha com certeza não fazia ideia do quanto isso o deixava louco. No fundo, ele tinha receio de ir àquele casamento e encontrar em sua melhor amiga, não só a mulher determinada, mandona, competitiva e confiante, que todos conheciam, mas também, alguém totalmente diferente do que ele se lembrava.

No fim, ele tinha todos os motivos para estar feliz por Patterson, mas, não mais do que ele tinha motivos para se sentir e estar apavorado em reencontra Tasha. Afinal de contas, eles eram uns dos padrinhos e madrinhas do casamento mais inusitado do team. Eram Jane e Weller, ele e Tasha. Talvez Patterson estivesse ficado louca quando sugeriu que fosse daquele jeito, ou talvez ela só tivesse se esquecido que já fazia bastante tempo que ele e Tasha já não eram tão amigos assim.

Um suspiro longo saiu dos lábios de Reade quando ele finalmente chegou ao lugar onde serie o jantar de ensaio e o casamento. Ele olhou para a bela estrutura da casa dos pais de Patterson – com seu imenso jardim, e uma casa tão bela e simples que chegava a ser um deleite para os olhos –, e reuniu coragem para o que seriam os próximos três dias dali em diante.

— Foco, Reade. Esse fim de semana não é sobre você e sua amizade quase esquecida com a Zapata. É sobre a Patterson, e a loucura que ela ta fazendo com a própria vida que aparentemente a deixa feliz. Foco! – ele disse a si mesmo antes de ajeitar a mochila nas costas e adentrar a propriedade.

Seria um longo fim de semana.

HOW LONGWhere stories live. Discover now