floresceria em Jin

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Jin era como uma criança que possibilitava o orvalho cair-lhe aos pés como lágrimas juvenis. se eu pudesse, desejaria que sua árvore fosse imponente o suficiente para ultrapassar gerações;

suas feições translúcidas traduziam suas emoções embutidas com tanta clareza que era como se fosse o mais límpido dos mares. se eu pudesse, manteria suas águas diáfanas;

seus olhos conservavam o brilho mais intenso do conjunto das estrelas que se estendia sobre o véu opaco da noite. se eu pudesse, guardaria cada astro seu em um potinho para iluminar meu quarto desprovido de luz;

sua risada era uma variação de notas musicais que permitia uma melodia soar em um pequeno espaço de tempo. se eu pudesse, desejaria que sua canção fosse eterna em minhas orelhas;

seu corpo era arte que, se eu pudesse, pintaria em um quadro.

seus dedos e braços longilíneos eram capazes de segurar a tristeza mais perpétua e torná-la efêmera. se eu pudesse, abraçaria Jin com todas as minhas forças quando meus medos me invadissem;

contudo, havia algo que destoava de tudo que eu queria manter em Jin: suas lágrimas eram pingados de chuva que me molhavam nas mais álgidas noites, cuja soturnez transcendia os limites de sua felicidade e mascarava sua complacência em soluços entristecidos. suas características eram cobertas por um manto fosco e suas expressões afáveis se transfiguraram para uma emoção taciturna. sua beleza se tornava frágil e, mesmo que o abraçasse, eu não era capaz de retirar sua dor lancinante;

mas, se eu pudesse, desvaneceria sua tempestade e preencheria seu caminho com as flores que ele ajudou florescer em mim.

se eu pudesse, floresceria a felicidade em seus respingos de lágrima e faria o jardim mais suntuoso de todos,

apenas para ele sorrir quando a noite serpenteasse.

Se eu pudesseWhere stories live. Discover now