Os Campos de Lavanda

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Oi


Então... Isso daqui é só algo aleatório que eu escrevi. Eu só comecei a digitar tudo o que vinha em mente e esse foi o resultado.

Eu não pretendo ser escritor de Fics nem nada, mas só queria deixar aqui caso alguém esteja desocupado e queira ler kk.

Não esperem muito.

💮

Lavanda

O frio da coleira de ferro parecia penetrar pela pele, quase congelando, enforcando, como mãos de gelo apertando-me o pescoço. Sufocava-me mais que a poeira do lugar escuro. Sufocava-me mais que o choro compulsivo das últimas horas em agonia. Não conseguia respirar.


Mas os outros não ligavam para aquilo.


Minha única companhia na cela abafada era um mísero raio de Luz, pequeno, amigável. Queimava levemente a palma de minha mão e me lembrava de como era a luz do Sol.


Ah, o Sol... A quanto tempo não o via? Tanto tempo sem sequer poder olhar para o céu, para o espetáculo de cores mutáveis a cada hora do dia, a cada clima... Mataria para poder senti-lo mais uma vez, mais uma vez sequer, e esquecer de como o inverno queimava as paredes de pedra em meu novo lar. De como o chão tornava-se frio, de como só conseguia dormir através do cansaço.


Mas ali estava eu, no chão, encolhido, no inverno. Com os lábios partidos e tremendo, batendo os dentes num frenesi doentio e agarrando-me ao meu próprio corpo nu contra a parede de pedra.


Ás vezes eu gostava de voltar no tempo. De mergulhar em minhas preciosas memórias. Aquelas de quando meu amigo Sol me recebia calorosamente a cada amanhecer. Aquelas de quando eu corria pelos Campos de Lavanda, sentindo o cheiro da flor, o cheiro de casa.


Me divertia pensar em como os cheiros funcionavam. Minha vila era pequena, longe da capital. Longe dos soldados e quase invisível aos olhos do Rei.


Por gerações a fio minha família viveu alí, na calmaria dos campos de Lavanda. Lembro-me de quando mamãe me explicou sobre os cheiros. Meu nariz estava se aguçando a cada dia mais e tudo parecia incrível e cheiroso de mais. Os campos arroxeados, o céu acolhedor, a chuva batendo na terra, a madeira do chão de casa, os Ômegas, os Alfas. Era muita informação, e aquilo era mágico. Um dia perguntei porquê mamãe tinha o mesmo cheiro que as flores do lado de fora, e ela me respondeu que nós precisávamos saber onde era o nosso lar, e quem eram os nossos, e de que classe nós éramos. Era algo sobre como nosso corpo se adaptava ao local e à matilha desde quando estamos na barriga.


Mamãe era uma Ômega que tinha cheiro de Lavanda.


Papai tinha algo mais... Irritável.

Ás vezes ele brigava comigo por torcer o Nariz em sua presença, então eu tinha que explicar que não era um cheiro agradável. Era como um dos temperos ardidos que mamãe colocava na comida. Mas ele não reclamava mais depois disso. Ele era estrangeiro, não tinha o mesmo cheiro de Lavanda como todos os outros da Vila. De qualquer forma, mamãe gostava.

Lavanda jjk + pjm ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora