Dia estranho

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Abriu uma das portas e com cuidado, adentrou o auditório. Tudo estava escuro, sendo iluminado somente pelas luzes no palco. Ela procurou ao redor e encontrou a amiga sentada no meio das cadeiras, acenando discretamente.

Sakura sorriu e foi até ela, silenciosamente se sentou ao lado.

- Obrigada. - agradeceu pelo lugar.

- Você não perdeu quase nada. - Shizune, a veterana do curso de medicina, sussurrou gentil. Os curtos cabelos pretos estavam presos em um mini coque e o óculos de grau, como sempre, tinham descido até a ponta do nariz.

Sakura tirou o livro da mochila e abriu na mesma página do da amiga. Preparou-se para anotar e marcar tudo que fosse necessário.

E só foi quando, ela finalmente olhou para o palco, que notou o homem sentado na cadeira de entrevistador.

Por três segundos, Sakura sentiu o mundo parar ali.

Ele encarava o médico estrangeiro, sério, de perfil. Os cabelos, que normalmente ficavam bagunçados, estavam bem penteados para trás. Daquela mesma cor cinzenta que se lembrava.

O nariz estava perfeito e o queixo também. Ele piscava vagarosamente, tranquilo. E mesmo com tudo que já tinha acontecido, ele ainda lhe parecia lindo nas roupas sociais.

E aquele era Kakashi Hatake, o homem de 32 anos, um dos veteranos de Engenharia, que ficava no prédio ao lado do de Medicina. Ele tinha um sinal perto da boca e aquilo o tornava o cara mais charmoso daquela universidade inteira.

Sakura deixou um longo suspiro escapar e só foi quando, sem querer, Shizune a cutucou que ela voltou a si.

Aquele também foi o homem que a magoou sem pensar duas vezes. Se sentiu uma garotinha ingênua só de ter se esquecido disso, mesmo que por míseros segundos.

- O que Kakashi está fazendo aqui? - questionou, baixando o olhar para o livro.

- Ah, Kurenai não pôde vir, então pediu a ajuda dele. - Shizune respondeu, dando de ombros enquanto anotava algo.

- Entendo. - respondeu baixinho.

Ela passou a mão entre os cabelos, em sua típica mania. E suspirou novamente. Ergueu o olhar e se direcionou somente ao cirurgião Alemão, que discutia animado sobre as técnicas japonesas.

Ela permaneceria ali até o final.

Afinal, quando quis se envolver com ele, sabia das possibilidades e de que continuaria o vendo frequentemente.

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- Sério, eu sou a pessoa mais sortuda do mundo. - a loira de olhos azuis disse, empolgada - Eu consegui! Eu consegui!

Sakura colocou mais batatas na boca e mastigou, avoada.

- Sakura? Sakura! - Ino a chamou e sem resposta, ela franziu o senho, estranhando - Hey. - chamou agarrando o rosto dela com as mãos.

Ela a encarou, com um bico por causa das bochechas amassadas.

- O que foi?

- Eu estava falando com você, mas acho que na realidade era sozinha. - reclamou. Sakura piscou os olhos verdes, e assentiu, se afastando das mãos da outra.

- Tudo bem, agora eu estou ouvindo.

- No que você estava pensando? Está estranha hoje.

- É só, muita coisa ao mesmo tempo sabe? Medicina é realmente difícil...

- Será? Nesses três anos você sempre disse que amava e que era o certo pra você. Na verdade, acho que você estava pensando no...

- Não ouse. - Sakura a encarou, séria, em um aviso claro.

- Ok ok ok. - fez uma careta, em rendição - Só melhore logo tá bom?

- Hun.

- Agora voltando ao assunto, eu peguei o Sai! Eu peguei aquele moreno gostoso na festa!

- Sai? O cara de Artes?

- Esse mesmo! Ele tem pegada amiga, acho que vou me apaixonar. Sério, perfeito.

Sakura estreitou o olhar, duvidando. Sai era um cara branquelo, de olhinhos puxados e cabelo preto, mas de personalidade meio esquisita demais. Às vezes o via pela biblioteca e ele sempre estava lendo algo estranho.

- Onde você deixou seu cérebro Ino?

- Eu não sei, devia perguntar a minha mãe qualquer dia desses... - ela parou de falar quando o celular com uma capinha rosa vibrou em cima da mesa. A loira verificou a mensagem e fez uma careta.

- Merda.

- Hun?

- A galera da ginástica está querendo tomar nosso horário de treino. - ela disse com raiva e se levantou, bateu as mãos na mesa, olhando-a de perto - Vou quebrar aquelas gazelas no meio ou não me considere mais a líder das líderes de torcida.

A de cabelo rosa, ergueu as sobrancelhas, observando-a.

- Vou ter que ir querida, mais tarde nos falamos. - sorriu e acenou, mudando o humor rapidamente. E saiu da lanchonete, como um furacão.

Sozinha, Sakura terminou as batatas fritas e o refrigerante, pagou o lanche. Pegou a bolsa na cadeira e saiu do lugar, já acostumada com o jeito agitado e imprevisível de Ino Yamanaka.

Colocou as mãos nos bolsos do casaco por causa do frio, caminhando com calma pela calçada pouco movimentada.

Tokyo era uma cidade grande, todos os tipos de pessoas e coisas estavam ali. Esse fora um dos motivos para ter se mudado pra lá, todavia, uma vez ou outra, sentia saudades da região montanhosa onde cresceu.

Ela parou antes da faixa, esperando o sinal abrir para que atravessasse.

Um assobio soou pela rua, a fazendo olhar para frente. Do outro lado, na mesma faixa, um homem meio conhecido e meio estranho, acenava para ela. Sorrindo do mesmo jeito que sempre vira.

- Hey Sakura! Eu estava atrás de você! - ele gritou, colocando ambas as mãos dos lados da boca.

Ela mordeu o lábio inferior e continuou a encara-lo. Sem entender.

- Espere, eu vou até você!

Sim, eles se conheciam mas... o que exatamente, Obito Uchiha queria com ela?

ex | namoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora