O mundo virava de ponta cabeça naquela noite, no trânsito as luzes dos carros brilhavam como luzes de Natal, o qual ainda faltava alguns meses para que se aproximasse. Pessoas transitavam pelas calçadas, esbarrando seus guardas chuvas pretos e sem graças um no outro, enquanto em meio a tudo, Helena transitava com seu guarda-chuva amarelo. Ela estava cabisbaixa, encarando seus calcanhares inchados por perambular sem rumo a tarde inteira pelas ruas. A garota então direcionou seus olhos marejados para a poça diante a si, que refletia perfeitamente seu reflexo miseravelmente fodido, enquanto palavras pairavam em seus ouvidos, como múrmuros que rasgavam o seu coração, sem intenção de sutura-lo novamente mais tarde. Ela se viu se afogando em suas memórias, quase como se não pudesse respirar.Helena sentia que seu mundo fosse desabar. Enquanto via todos ao seu arredor começava sempre a se sentir como se andasse lentamente, de uma maneira quase torturante. Mas, todos pareciam concentrados demais em seus interesses pessoais para que pudessem notar sua dor. Embora, se notassem, era mais provável que quisessem julgá-la.
Foi quando ele chegou, a envolvendo em seus braços, espantando toda a escuridão que a espreitava, para que pudesse se aproximar lentamente e então consumi-la. Ela sentia suas pernas fraquejarem todo santo dia, porém sabia que com Namjoon ao seu lado todas as forças do seu mundo trabalhariam para mantê-la em pé. As estrelas da galáxia dele, poderiam sempre ilumina-la, mesmo de longe. Helena abaixou seu guarda-chuva, lentamente, dando um passo para trás, enquanto sentia a chuva toca-la diretamente.
— Eu te achei. — Comentou ele, abrindo um sorriso de orelha a orelha, o que a fez se voltar para ele, repentinamente, podendo ver apenas seu sorriso entre a sombra que seu guarda-chuva criava por causa da luz do poste, que o dava uma certa silhueta reluzente da cintura para baixo.
— Como... Como me achou?
— Não se lembra? Eu te disse que poderia te achar em qualquer lugar. — Falou, estendendo seu guarda chuva vermelho sobre a garota, a impedindo de se molhar.
— Isso nunca vai fazer sentindo, Namjoon.
— Algumas coisas não devem.
Naquele momento, com Namjoon diante a ela, lhe aquecendo em meio aquela noite fria e tempestuosa, sentiu como se tudo no mundo houvesse parado, menos a chuva. Helena sentia como se chovesse ao contrário, como se as gotículas agora subissem de encontro ao céu profundamente escuro.
Enquanto caminhavam próximos a uma ponte, a qual Namjoon dizia ser o lugar perfeito para que todas as mágoas fossem levadas pelo vento, um silêncio doloroso os cercavam. A chuva havia diminuído e gotículas finas agora caiam delicadamente contra o guarda chuva do garoto; Helena realmente havia desejado que aquela chuva nunca acabasse.
— Por que tudo me leva a você? — Ela o questionou, como se esperasse que suas palavras se tornassem a solução para todos seus problemas e anseios.
— Não acho que eu possa ter essa resposta. — Respondeu, entre sorrisos. — Mas, talvez, a chuva tenha me trazido ate você, como uma maneira de a consolar.
Helena concordava com aquele fato, ela podia sentir que todos seus momentos com ele pareciam obra do universo, era como se soubessem que a pessoa que ela sempre desejou ao seu lado em momentos como aquele fosse o Namjoon. Ela olhou para o rio, escuro e fundo, um tanto convidativo; de alguma forma, a luz da lua que tremeluzia sobre suas águas a lembrou da manhã de dois dias anteriores, quando se viu desesperada por um apoio, enquanto não suportava mais todos os olhos peculiares e um tanto diabólicos que se abriam em meio a sua escuridão, quase como se pudessem rasga-la, perfura-la e a engolir.
— Seja como for, obrigada, por estar aqui.
A forma em como o vento frio batia contra seu rosto lhe teletransportou para aquele dia, o dia em que percebeu que não importava o que fosse, ela sempre correria ate ele, e ele estaria lá, sempre a sua espera.
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Chuva de Inverno; KNJ
Teen Fiction" Namjoon era a personificação do calor de verão e era como flores ao desabrochar em um campo de rosas na primavera; Namjoon também era brisa e melodia, era a música que vinha junto ao vento e preenchiam seus pulmões, ele era poema e também era am...