A Mulher de Vermelho

Capítulo 1 - Livro de Dayanna

       O sol se ergueu pelas colinas iluminando toda cidade de Croats. Me acordei ouvindo o som dos pássaros pela janela e logo levantei-me ansiosa, pois naquele dia o rei iria voltar da guerra nas terras do Sul juntamente com o meu pai, o general de Croats e seu exército vitorioso.
      Me vesti e desci as escadas da minha casa quase voando, peguei uma maçã na cozinha e fui para o lado de fora, minha mãe estava na praça central da cidade. Ela também estava bastante nervosa, as pessoas estavam muito animadas, crianças sorrindo e brincando, mulheres, homens e idosos dançando e balançando folhas e ramos de coqueiro e palmeira.
       Enfim o rei e seu exército chegou, suas espadas e escudos ensanguentados, alguns com arranhões e outros com ferimentos graves.
-Dayanna, filha onde está seu pai, ele já passou?
-Não mãe, ainda não passou. -Senti medo de que meu pai não tivesse voltado da guerra, ele era tudo pra mim.
       Procurando meu pai, vi uma mulher jovem que chamou a minha atenção, as suas vestimentas eram nobres, ela era das Terras do Sul trazida como cativa.
      Todo o exército passou e não havia visto meu pai nem ao menos no pelotão dos soldados feridos. Atrás do cortejo vinha um oficial informante, ele comunicava para as famílias sobre os guerreiros que morreram no campo de batalha.
   -Atencão, pebleus e nobres. -Falou o oficial. -Os guerreiros que perderam suas vidas lutando por nosso povo foram: Eliak, Jonatha, Salomé e o General Carlos.
      Minha mãe saiu desconsolada e com ira, o meu coração estava apertado e se formava uma sensação horrível como se uma faca estivesse cortando meu peito, mesmo assim  continuei no lugar.
      -Os corpos foram sepultados no deserto.   -Completou o oficial e antes que ele saísse um outro oficial se aproximava.
      -Sra. Rut, Sra Rut? -Gritou o oficial, chamando minha mãe.
      -É a minha mãe, ela foi para casa. -respondi
      -Suba no cavalo moça, o rei deseja ver-lhe
      -Mas e minha mãe?
      -Não é mais necessário. Vamos, suba! -Ele ordenou.
        Subi no cavalo como ele havia me pedido, estava tentando ser forte, mas o nervosismo e a dor me venceram, logo as lágrimas desceram molhando o meu rosto e as imagens e lembranças do meu pai passavam como um filme em minha cabeça. "Porque choras?", me perguntou o oficial.
         -Estou de luto. -Respondi.
         -Sim eu sei, mas não se deve chorar a morte de um guerreiro e sim sentir orgulho. -Ele falou, e eu me senti um pouco mais calma. -Uma flexa estava indo em direção ao rei e o seu pai se pós na frente dele o salvando. Seu pai era um homem de honra, moça.
        Chegamos no palácio em rápido tempo, aqueles corredores eram imensos, com colunas enfeitadas de ouro. Havia um tapete vermelho que ia direto a sala do trono, os soldados corriam de um lado para o outro procurando suas famílias e o choro de algumas.
         Entrei na sala do trono e havia alguns homens falando com o rei, eles eram sacerdotes, soldados e nobres. Todos pararam conforme eu ia entrando junto com o oficial, no final do longo tapete vermelho havia um trono feito de ouro nele estava sentado o rei que olhava para mim fixamente.
         -Esta e a filha do general Carlos, senhor. -anunciou o oficial.
         O rei se levantou e veio em minha direção, eu me curvei em reverência mas ele me repreendeu.
           -Não se curve, eu que tenho que me curvar diante tal beleza. Como se chama?
           -Dayanna senhor, me chamo Dayanna. -respondi nervosa.
           -Seu pai antes de morrer me pediu para cuidar de você e sua mãe. Então, as duas vão morar aqui no Palácio e serão tratadas como princesas. Não precisa se preocupar com os seus bens materiais, aqui tem tudo o que precisam. Mandarei que um dos meus soldados ir buscar sua mãe. Esta aqui ao seu lado é a sua serva, ela mostrará os seus aposentos. Pode se retirar.
           -Obrigada, Obrigada. -Curvei-me agradecendo e sai.
          Mais tarde em meus aposentos, o oficial que havia ido buscar minha mãe me trouxe uma carta escrita por ela que dizia; "Dayanna, você e um fardo pra mim desde o dia em que entraste em meu ventre, estou indo embora, recomeçar minha vida, não me procure, estarei bem sem você". Aquela carta foi uma viagem sem volta para o fundo do poço.