C L I C H E - Wade Wilson

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As aulas passaram a ser mais entediantes que o normal, depois que voltou pra dentro escola com Peter e tiveram que se separar, nem ao menos tentou prestar atenção em algo, passou o tempo brincando com um lápis na mão até chegar a hora do intervalo. Tinha combinado de se encontrar com o garoto em uma pequena cafeteira que ficava do lado de fora da escola.

Assim que o sinal tocou sinalizando o fim do primeiro período de aulas, se levantou e andou animadamente pelos corredores sem pensar duas vezes. A cafeteria ficava lotada de alunos, e sabia que Peter esperaria até que o movimento abaixasse para aparecer, então apenas sentou em um banco no canto e tentou não demonstrar seu nervosismo, não sabia o porquê de estar assim já que não passava de um lanche no intervalo, mas tudo se tornava grande demais quando se tratava de Peter Parker.

Se distraiu o suficiente com um jogo infantil no seu celular, a ponto de não notar quando Peter chegou e se sentou ao seu lado discretamente.

-Eu demorei?

-Ah, Não! Na verdade, um pouco, mas eu meio que já esperava.

-Foi mal, tive que ajudar o professor a carregar alguns materiais - A frase de Peter não parecia verdadeira, mas de qualquer forma, Wade também o escondia muitas coisas, então não questionou.

-Entendi. Enfim, como tá seu dia?

-Tudo normal até agora, quer dizer, nada que saísse da minha rotina, sabe? Mas eu tô bem, e você?

Wade foi direto em sua resposta, apenas dizendo um "estou bem", já que mal conseguiria explicar como estava se sentindo, talvez nem ele mesmo entendesse. Quando Peter apareceu, se tornou o destaque de toda sua vida, sempre podia melhorar seus piores dias ou o deixar pra baixo de alguma forma, mas em todas as circunstâncias, ele fazia muita diferença.

Naquele dia Peter parecia estar ainda mais lindo que o normal, tudo nele era especial, o jeito que se vestia, o jeito que andava e falava, sua voz, seu sorriso e o infinito dos seus olhos. Queria estar com ele e com ninguém mais, era como se nada mais importasse, como se não existisse mais nada no mundo.

Levaram uma conversa pelo resto do tempo que tiveram, estavam voltando a se entender e era ótimo o jeito que se aproximavam cada vez mais, não podia deixar de sorrir em cada momento que passavam juntos, não podia deixar de se perguntar quando poderia parar de fingir. Sabia que não podia continuar indo atrás de Peter se ele não sente o mesmo, mas nunca poderia saber a verdade se não contasse a ele que gostaria que fossem mais do que amigos, apenas não sabia como o dizer isso, porquê talvez o decepcionaria mais uma vez, talvez ele reagisse mal e Wade acabaria o perdendo de vez. Esperava pelo momento certo para dizer, desejando que ele chegasse logo.

Sentiu Peter se aproximar, encostando a cabeça em seu ombro e se encolhendo na tentativa de se proteger do clima que começava a esfriar, um pequeno ato que fazia Wade perder todas suas estruturas. Nunca mais reclamaria dos dias frios.

-Está feliz por eu ter vindo? - Peter perguntou agora que o lugar havia esvaziado.

-É claro, você sabe que eu tô feliz - Na verdade, talvez ele não fizesse a mínima ideia dos efeitos que causava.

-Que bom, me preocupei sobre isso... Mas, o quão feliz você tá?

-Eu te beijaria se eu pudesse. - Disse e logo depois riu alto vendo que Peter havia ficado surpreso. - Tô só brincando com você, - Não estava brincando, na verdade, nunca havia falado tão sério, mas seu lado humorístico o permitia contornar qualquer situação, quando mentir era preciso. - É meio que uma maneira de dizer que tô bem feliz, de verdade, e também uma maneira de ver como você ficar adorável com carinha de assustado.

-Ah sim, que susto - O mais novo sussurrou e riu baixinho, pelo jeito Wade havia conseguido o enganar, mas doeu saber que sua primeira reação caso tentasse o beijar seria se assustar, provavelmente, de maneira ruim.

-Então, babyboy, a gente já tá acertando um certo nível de intimidade, quer dizer, te dei um apelido legal e tudo, mas não conheço muito sobre você, por quê não me conta?

-É, eu não costumo falar muito sobre mim, talvez porquê não tenha nada de interessante, bom, pelo menos nada que as pessoas já não saibam pelo que lêem em sites de fofoca.

-Não gosto desses sites. Acho que deviam cuidar mais da sua própria vida ao invés de expor toda a vida dos outros. - Confessava que já havia lido algumas notícias que envolviam o nome de Peter, mas em sua defesa, foi por puro impulso.

-Então talvez você não saiba... hã... que eu sou um grande fã de Star Wars? Desculpa, não sei como fazer isso.

-É sério? Não acredito em você, tipo, é tão perfeito que parece que eu mesmo te inventei.

-Por quê diz isso? - Disse rindo.

-Também sou fã de star wars. É bom demais pra ser verdade.

De fato, Peter e tudo isso eram bons demais pra ser verdade, não conseguia ao menos tirar seus olhos dele, o abraçar era como tocar o céu, enquanto Wade era apenas um garoto problemático e difícil de lidar, podia não admitir, mas precisava de alguém ao seu lado, e mesmo que tivesse prometido a si mesmo que iria se dedicar aos estudos e em ser uma pessoa melhor esse ano, se apaixonar não era algo que ele poderia evitar.

De repente uma enorme conversa sobre filmes começou a surgir, sentia que poderia ficar alí pra sempre e nunca reclamaria, mas estavam em uma escola e tinham deveres a cumprir, e assim que o sinal tocou, tiveram que se separar novamente. Por um momento desejou voltar ao primeiro ano, assim estaria na mesma classe de Peter e, quem sabe aconteceria um clássico de clichê onde os personagens são obrigados a fazer um trabalho em grupo e descobrem que se amam, mas infelizmente, não teve essa sorte, já havia descoberto que ama Peter a tempo, uma pena que não dariam certo magicamente como em um romance adolescente.

Eram um completo clichê, Wade nunca quis se apaixonar mas acabou indo em frente, os olhos de Peter o atraíram e agora sabia que era tarde demais para tentar voltar atrás, o tipo de clichê que não foi feito para funcionar. Ele era tão incrível, tão lindo e tão encantador que o deixou completamente apaixonado, agora podia dizer isso sem dúvidas, pois era ele quem o fazia sorrir, o fazia chorar e conseguia o tirar da realidade por alguns segundos, ninguém nunca poderia competir.

 

The truth untold - spideypoolOnde histórias criam vida. Descubra agora