"Oito anos atrás..."
Estou nesse exato momento esperando a minha mãe arrumar o meu cabelo, o Thomas já bateu na porta perguntando se eu já acabei umas doze vezes, eu contei, ele não entende que mulher demora para se arrumar, ainda mais se for o dia do nosso anivessario de 11 anos.
O dia que comemoro o nosso aniversário é a minha data preferida, sempre comemoramos juntos já que nascemos no mesmo dia e no mesmo hospital, a minha mãe e a tia Carla ficaram amigas depois desse dia e com isso crescemos juntos, acho que foi obra do destino, já falei pro Thomas que se o destino estar ao nosso favor é porque temos que ficar juntos em todos os momentos.
—Pronto Malia, depois que a festa terminar eu e o seu pai iremos converssar com você.– esse tom de voz sério da minha mãe está me preocupando.
—É sobre o que?
—Não precisa se preocupar, vai curtir a festa!
—Mas...– não consigo terminar a fala por causa da batida na porta.
—Malia, já está pronta?– Thomas abre a porta e entra com os olhos fechados.
—Estou sim!– depois da minha fala ele abre os olhos e me analiza dos pés á cabeça.
—Nossa, você está linda Lia!– ele abre um sorriso que mostra as suas covinhas.
—Obrigada Thom!
—Os seus amigos já devem ter chegado, vão lá se divertir.
O Thomas pega na minha mão e fomos para o andar de baixo, onde irá acontecer a festa.
—Lia, eu preciso te dar uma coisa.– ele para de andar e se vira para mim.
—É o que?– meus olhos brilham de curiosidade.
—Você vai ver, vem comigo!
Ele começa a correr e me puxa junto com ele, quando chegamos no jardim da casa dele percebi onde ele queria me levar, a nossa casa da árvore.
—O seu presente está lá em cima.
Coloco as minhas mãos na escada e começo a subir atrás dele, daqui de cima dá para observar algumas crianças brincando no jardim com os palhaços que os nossos pais contrataram, desvio a minha atenção das crianças e entro dentro da casa da árvore. Quando eu entro percebo o Thomas segurando uma caixinha preta, ele abre a caixinha e dentro tem dois colar, um deles tem uma chave e o outro um coração.
—Sabe, para abrir esse coração irá precisar da chave para encaixar, é assim que eu me sinto em relação a você, eu preciso de você comigo para cada momento da minha vida ter um sentido especial.
Os meus olhos já estão lacrimejando e o meu sorriso de orelha a orelha.
—Quero que você fique com o coração e eu vou ficar com a chave, quando eles se encaixam o coração abre revelando a nossa foto.
Quando ele abre o coração a nossa foto aparece, eu lembro desse momento, foi quando estávamos na roda gigante no parque de diversão.
—Vamos fazer uma promessa, que estaremos sempre juntos, até na velhice?
—Isso está parecendo um casamento Thom!– Acabo rindo e levando ele junto.
—Então que seja um, ou como um casamento.
—Como o da Tia Carla e Tio Júlio?
—Sim. Eu Thomas Cooper, recebo a ti, Malia Bennett, como a minha legítima companheira, prometo ser fiel, está sempre do seu lado, amar-te e respeitar-te, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias da nossa vida.
Ele coloca o colar no meu pescoço e tentamos segurar a risada.
—Eu Malia Bennett, recebo a ti, Thomas Cooler, como o meu legítimo companheiro, prometo ser fiel, está sempre do seu lado, amar-te e respeitar-te, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias da nossa vida.
Coloco o colar no seu pescoço e acabamos rindo no final.
—Eu te amo muito!– pulo em cima dele e lhe dou um abraço apertado.
—Também te amo muito, Lia!
—Vamos dançar Thom?
—Vamos!
(...)
Já estava cansada de tanto dançar, provavelmente já se passou umas quatro horas e as pessoas já estão indo embora, o Thom foi se despedir de um amigo dele, os meus pais sumiram, melhor procurar a minha mãe já que estou curiosa para saber o que ela tinha para conversar comigo.
Caminho em direção ao quarto dela, mas paro em frente a porta do quarto deles ao ouvir sussurros, encosto a minha orelha perto da porta para poder ouvir melhor.
—Não é culpa sua querido, a Malia irá se acostumar.– escuto a voz da minha mãe, ela deve está converssando com o meu pai.
—Ela e o Thomas são grudados um no outro, vai ser difícil ela se acostumar com a ideia de ficar longe dele, ainda mais em outro país.– sem conseguir me conter abro a porta com força.
Os meus pais me olham com uma expressão de nevorsismo misturada com surpresa. Sinto uma ardência nos meus olhos, tento dizer para mim mesma que eu acabei ouvindo errado ou que eles não estejam falando sério, mas não consigo conter as lágrimas que começam a descer no rosto pela possibilidade de ficar longe do Thom.
—Eu não vou ficar longe do Thom!– tento manter a minha voz firme, mas acaba saindo como um sussurro abafado pelo meu choro.
—O seu pai conseguiu um emprego melhor na França, vamos ter uma vida melhor, você já sabe falar um pouco do francês, logo vai ter novos amigos!– minha mãe tenta vim na minha direção, mas eu me afasto dela.
—Eu não quero me mudar, não quero novos amigos, eu quero ficar com o Thomas.– elevo um pouco a minha voz ainda chorando e soluçando.
—Quando você estiver maior irá entender a gente, vamos nos mudar na próxima semana, já encontramos um comprador para a casa e as passagens já estão compradas.
Saio correndo do quarto sem ligar para os meus pais me chamando, vejo o Thom entrando na casa e corro para abraçá-lo.
—Lia, por que está chorando?– as mãos do Thom acariciam o meu cabelo e me apertam em seus braços.
—Não deixa eles me levarem Thom, eu não quero ficar longe de você!
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A pausa
Short StoryNem sempre uma amizade de infância dura para sempre. As promessas de terminar o colegial juntos, de fazer faculdade juntos, de morar juntos, nem sempre se realiza, vai ter várias barreiras que irão impedir de completar o seu objetivo, cabe a você te...