LXXXI

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Tudo estava escuro. Não conseguia ver absolutamente nada, só o cheiro insuportável de carne podre no ar. Um cheiro que grudava na garganta e fazia o estômago virar. Baixei os olhos e vi um tapete branco, agora manchado com algo que só podia ser sangue. A visão era grotesca.

Babi – Tem alguém aí? – sussurrei, a voz trêmula, mesmo tentando soar firme.

Dei passos hesitantes para frente. De repente, uma luz branca me atingiu com força, me cegando.

Babi – Droga! – resmunguei, cobrindo o rosto com a mão. Pisquei várias vezes até conseguir abrir os olhos de novo.

Isabela – Você me matou, Bárbara.

A voz dela não parecia humana. Era áspera, ecoava. Meu corpo congelou.

Babi – Como... como você está viva...? – a pergunta escapou por entre os dentes, junto com o pânico.

Isabela – Tudo tem um preço, Bárbara. – Ela puxou algo de trás das costas. Uma arma. – E você vai pagar caro. Não é só a sua vida que está em jogo.

Recuei instintivamente, o coração batendo como se quisesse escapar do peito.

Babi – Isabela... eu...

O som do tiro cortou o ar como uma faca. Me joguei no chão, um grito saindo da minha garganta. Tremendo, tateei o corpo. Nada. Sem sangue. Sem dor.

A risada dela ecoou pelo ambiente. Aguda. Sádica.

Isabela – Sinto muito, Babi...

Babi – HENRIQUE! – gritei.

E, de repente, abri os olhos.

Um pano úmido estava em minha testa.

Henrique – Caramba, acorda!

Afastei o braço dele e me sentei, ofegante.

Babi – Que... que foi isso?!

Henrique – Sei lá, você que devia explicar. Tava gritando como uma possuída. – Ele se afastou, revirando os olhos, e foi pro banheiro.

Babi – Foi só um sonho... eu acho. – sussurrei pra mim mesma, ainda tentando processar.

Peguei o celular do lado da cama. Vi as horas. Pulei da cama, peguei minhas mochilas e comecei a arrumar tudo. Escolhi uma calça militar camuflada, cropped branco, lingerie nude e um coturno preto. Joguei as mochilas perto da porta e sentei na cama, esperando o banheiro.

Henrique (do banheiro) – Que horas são?

Babi – Só digo se liberar o banheiro.

Henrique – Só saio quando disser.

Babi – Ótimo. Se a gente se atrasar, a culpa vai ser sua.

Henrique – Me arranja uma toalha!

Babi – Ué, cadê a sua?

Henrique – Fiz uma cagada aqui.

Babi – Maravilha. E onde tem toalha?

Henrique – Pergunta pra minha mãe.

Babi – Que maravilha... – bufando, levantei e saí pisando firme.

Desci com cuidado, tentando não acordar ninguém. Fucei até achar o armário de toalhas, peguei uma azul e voltei.

Do Ódio Para O Amor ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora