Tudo estava escuro. Não conseguia ver absolutamente nada, só o cheiro insuportável de carne podre no ar. Um cheiro que grudava na garganta e fazia o estômago virar. Baixei os olhos e vi um tapete branco, agora manchado com algo que só podia ser sangue. A visão era grotesca.
Babi – Tem alguém aí? – sussurrei, a voz trêmula, mesmo tentando soar firme.
Dei passos hesitantes para frente. De repente, uma luz branca me atingiu com força, me cegando.
Babi – Droga! – resmunguei, cobrindo o rosto com a mão. Pisquei várias vezes até conseguir abrir os olhos de novo.
Isabela – Você me matou, Bárbara.
A voz dela não parecia humana. Era áspera, ecoava. Meu corpo congelou.
Babi – Como... como você está viva...? – a pergunta escapou por entre os dentes, junto com o pânico.
Isabela – Tudo tem um preço, Bárbara. – Ela puxou algo de trás das costas. Uma arma. – E você vai pagar caro. Não é só a sua vida que está em jogo.
Recuei instintivamente, o coração batendo como se quisesse escapar do peito.
Babi – Isabela... eu...
O som do tiro cortou o ar como uma faca. Me joguei no chão, um grito saindo da minha garganta. Tremendo, tateei o corpo. Nada. Sem sangue. Sem dor.
A risada dela ecoou pelo ambiente. Aguda. Sádica.
Isabela – Sinto muito, Babi...
Babi – HENRIQUE! – gritei.
E, de repente, abri os olhos.
Um pano úmido estava em minha testa.
Henrique – Caramba, acorda!
Afastei o braço dele e me sentei, ofegante.
Babi – Que... que foi isso?!
Henrique – Sei lá, você que devia explicar. Tava gritando como uma possuída. – Ele se afastou, revirando os olhos, e foi pro banheiro.
Babi – Foi só um sonho... eu acho. – sussurrei pra mim mesma, ainda tentando processar.
Peguei o celular do lado da cama. Vi as horas. Pulei da cama, peguei minhas mochilas e comecei a arrumar tudo. Escolhi uma calça militar camuflada, cropped branco, lingerie nude e um coturno preto. Joguei as mochilas perto da porta e sentei na cama, esperando o banheiro.
Henrique (do banheiro) – Que horas são?
Babi – Só digo se liberar o banheiro.
Henrique – Só saio quando disser.
Babi – Ótimo. Se a gente se atrasar, a culpa vai ser sua.
Henrique – Me arranja uma toalha!
Babi – Ué, cadê a sua?
Henrique – Fiz uma cagada aqui.
Babi – Maravilha. E onde tem toalha?
Henrique – Pergunta pra minha mãe.
Babi – Que maravilha... – bufando, levantei e saí pisando firme.
Desci com cuidado, tentando não acordar ninguém. Fucei até achar o armário de toalhas, peguei uma azul e voltei.

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Do Ódio Para O Amor ✅
RomanceQuando nossos corpos se encontram, é como se o universo prendesse a respiração. Tudo se encaixa. Como se, por um instante, nada mais existisse além de nós dois. A nossa química? Inexplicável. Caótica, arrebatadora. Como tentar engarrafar um raio - i...