Verdade ou Consequência

Prólogo

_ Alicia, verdade ou consequência?

Perguntou minha prima Samara.

Estávamos todos na casa de praia da família em Búzios, eu amava nossas férias de fim de ano aqui. Todos os anos, desde quando eu era pequena, nós vínhamos, com meus pais, tios e primos.
Falando em primos, tinha Theo, filho único do meu tio Davi, o irmão mais velho do meu pai ... Eu era apaixonada por ele desde sempre. Desde os 6 anos de idade, na verdade.

Na minha festa de 15 anos, escolhi Theo como príncipe, mesmo que ele já tivesse 22 anos.
Dançamos uma música lenta do Aerosmith, eu tive certeza então, era mais do que apenas uma paixão.
Quando estava nos braços dele senti o impacto dentro de mim.

Um dia vou me casar com você e dançar novamente essa música.

Só pensei, não me atrevi a falar, infelizmente eu sabia que ele não havia sentido o mesmo impacto que eu.

Ele estava começando a faculdade, frequentando festas, boates, era um cara lindo, chamava a atenção por onde passava, as meninas se jogavam em cima dele, disputavam sua atenção, e quanto a mim, ele não me enxergava como mais que sua priminha adolescente.

Ele não era um canalha, ele não iludia nenhuma das meninas com quem ficava, ele só não queria namorar e deixava isso claro para todas elas, estava aproveitando a vida.

Théo não era filho biológico do meu tio Davi, era apenas filho da tia Luiza, o pai dele morreu de acidente de moto quando ele tinha apenas 5 anos, quando ele fez 7, sua mãe conheceu meu tio e se casaram no mesmo ano, exatamente no ano em que eu nasci.

Tio Davi se apaixonou por Théo assim que o conheceu e desde então o cria como um filho, ele até o registrou em seu nome para que ele seja seu herdeiro e ele o chama de pai, são muito ligados.
Meu tio Davi não pode ter filhos, então ele sempre fala que tia Luiza e Théo são um presente que Deus deu para ele.
Eles se amam muito, aliás toda nossa família é muito unida e se ama muito.

Minha história com Théo começou um dia quando eu tinha 6 anos, eu estava tomando banho de piscina aqui na casa de praia, Théo chegou e se sentou em uma das espreguiçadeiras e ficou me observando dentro da piscina, ele tinha 13 anos na época.

Eu tinha ouvido as meninas mais velhas da escola falarem sobre namorados na hora do recreio, mas eu não tinha maldade alguma, nem sabia o que de fato eram, então fiquei curiosa e perguntei para minha mãe.

_ Mamãe, o que é um namorado?
_ Meu Deus, quem te falou isso Alicia?
_ Foram as meninas grandes lá da escola que falaram e eu ouvi, mas não entendi, então eu fiquei curiosa, o que é?
_ Então filha, eu e seu pai somos namorados.
_ Eu também posso ter um namorado mamãe?
_ Não filha, porque você ainda é uma criança, mas quando você for grande igual a mamãe vai poder.
_ Ah. E o que os namorados fazem?
_ Eles cuidam um do outro, se amam, se protegem e as vezes se abraçam e fazem carinho um no outro.
_ Ah, entendi. Então quero crescer logo e escolher um namorado.
_ Isso, quando crescer bastante você pode escolher.

Quando olhei para Théo naquele dia na piscina e me lembrei da conversa com a minha mãe, me surgiu uma idéia, não sabendo exatamente o que fazia, mas agindo por puro extinto, fui até a borda da piscina, perto da espreguiçadeira que ele estava e sem nenhum pudor falei com ele.

_ Oi Théo.
_ Oi Alícia.
_ Théo você quer ser meu namorado quando a gente crescer?
_ O que, por que?
_ Porque eu acho você bonito e aquele dia que eu caí ali na praia e ralei o meu joelho, você cuidou de mim, me trouxe para dentro, lavou meu joelho na bica, segurou na minha mão e me levou para minha mãe fazer curativo.
Minha mãe disse que os namorados cuidam um do outro e que quando eu crescer posso escolher um namorado, você já cuida de mim, então eu escolho você, mas só quando a gente crescer.
_ Eu não sei, você também é muito bonita, parece um anjo, mas é muito nova para mim ... Mas pensando bem, eu acho que quando você crescer, pode ser.
_ Então, está bom, está decidido, mas não conta para ninguém.
_ Tá bom.