Would You Run Away With Me?

Capítulo Cinco

*

Emília era como uma luz que vinha diretamente do sol. De um sol de incríveis olhos azuis e uma franja comprida demais que insistia em cair sobre seu rosto delicado. 

Sua risada ecoava pelo quintal, preenchendo o ar, sendo levada pelo vento para algum lugar que precisasse dessa alegria inocente. 

Desde que decidira ser um girassol, sempre seguindo o seu próprio sol, Emília adotou a nova moda do amarelo, e mesmo que ela parecesse uma gema de ovo ambulante para lá e para cá, seu sorriso banguela estava sempre a mostra, mal cabendo em seu pequeno rosto. 

Seu dedinho cheio de chantilly depositava o doce no nariz de botão de Louis, o fazendo rir. 

Harry estava parado na varanda, com sua torta de frutas vermelhas em mãos, observando os dois gastando o chantilly numa mini guerra interna de comida e para ele, aquilo era arte, na sua mais bela pureza. Dois amores, um sorriso de criança e o azul do mar o encarando de volta. 

Esses olhares tornaram-se comuns após a noite na qual Harry posou na casa dos Tomlinson, esses olhares longos e profundos, como se Louis quisesse desesperadamente lhe dizer algo, mas lembrasse que não podia.

Já faziam algumas semanas e desde lá, eles não conversavam, apenas quando Emília insistia em fazê-los brincar juntos com ela, e isso acontecia todo dia, o que tornava as coisas mais difíceis, já que ela insistia em estar com Louis sempre, exigindo a presença de Harry logo após o expediente de trabalho dele. No começo tinha sido uma luta fazê-la ir para a escola, ela fazia Louis prometer umas dez vezes que ele estaria ali a esperando aos finais de cada aula.

Styles sentia que tinha algo a ser dito, só não sabia como.

Tomlinson queria dizer muitas coisas, porém, ele não tinha mais esse direito, Harry casaria com a merda de Grimshaw.

Louis sentia-se profundamente triste agora. Lottie tinha razão, Harry seguiu em frente, estava na hora dele fazer o mesmo. Ele e Harry tinham uma boa relação e conversavam apenas sobre Emília e isso era o máximo que ele iria permitir a partir de agora, seu coração precisava seguir em frente, parar de doer e de querer o que não o pertencia.

Mas era difícil. Sempre foi.

Para a boa saúde de Nick, ele estava viajando a negócios, resolvendo algumas pendências antes do casamento. 

Porém, o olhar de hoje era um olhar de ira. Louis estava a ponto de arrancar a cabeça de Harry.

Claro que na noite passada entre uma conversa e outra com Emília (não que ele estivesse sondando sua filha para descobrir mais sobre a relação entre Nick e Harry), ela relatou que nem Nick sabia quem era o pai verdadeiro dela.

No fundo ele tinha suas suspeitas, já que Emília emanava fisicamente - e muito na personalidade - de quem ela era filha. E Nick não era bobo, só preferia respeitar o fato de Harry não querer falar sobre, até porque ele mesmo não queria tocar nesse assunto.

E foi assim que Louis decidiu que as merdas de Harry foram demasiadas, decidiu que iria ficar puto.

E cá estavam.

Harry caminhou em direção aos dois, levando a torta recém assada para a mesa de ferro no jardim.

Louis sabia que essa torta era um, entre muitos já dados, pedidos de desculpas por ele ter escondido de seu noivo quem era o pai de sua filha, o que deixou Tomlinson, que já irritado pelo simples fato de Harry estar noivo daquele filho de uma ótima mãe, furioso.

Era demais e Harry sabia, sentia-se tão burro por todas as escolhas erradas que cometeu e agora ele só tinha essa deliciosa torta para tentar resolver as coisas.