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A escola de Derry estava escura e silenciosa, mais do que o normal para a semana depois das provas como era aquela, quando os professores normalmente ficavam no trabalho até tarde organizando arquivos e digitando notas no sistema do boletim. A maioria odiava a ideia de terminar o serviço em casa e perder o resto de sua noite, mas não naquele dia, onde só um deles continuava na escola.

Adrian estava sozinho em sua sala, inspecionando as câmeras da escola – como o bom diretor que era – enquanto sentia o sono fazer suas pálpebras pesarem mais a cada segundo que passava naquele silêncio absurdo. Reclamou mais uma vez do fato de três das cinco câmeras do local estarem quebradas, restando apenas a visão do refeitório e da sala de informática, onde estava o professor de história.

Odiava aquele lugar.

Felizmente, em breve estaria fora dali. Fora de Derry, graças a uma oportunidade de emprego como diretor de uma escola em outro estado que havia aceitado na semana anterior e a única coisa que ainda o separava era a semana de provas do colégio de Derry.

Estava louco para ir embora – em todos os sentidos – e, naquele momento, só esperava Michael corrigir as últimas provas e entrega-las em sua sala para chegar em casa e descansar antes de mais um dia cheio de trabalho para ser feito.

Ouviu uma batida na porta e o mandou entrar, agradecendo aos céus pelo professor de história ter finalmente terminado seu serviço e já pegando a mochila preta que levaria nas costas, abandonada em um dos cantos da sala. Adrian estava de costas para a porta, mal teve tempo para estranhar o fato de Mike não chegar conversando animadamente como sempre fazia após a pilha de boas notas da turma e teve ainda menos tempo para pensar após ouvir o disparo de uma arma.

A última coisa que percebeu foi o impacto e dor após seu corpo bater com força no chão, pouco tempo depois e acompanhado por aquela voz quase familiar vinda do escuro. Ele sentiu seu corpo estremecer e a visão ficando turva, os passos na madeira ficando cada vez mais próximos.

A voz do escuro, falando com ele como se fosse uma criancinha que necessitava de explicações. Sussurrando onde parecia ser já próximo de seu ouvido, calma e pausadamente.

"Xeque-mate, Adrian Bowers."

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