Calor - Damian

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Olhou pela sala de aula pela terceira vez e suspirou olhando para o quadro. A professora estava explicando algo, mas não conseguia ouvir uma palavra, fechou os olhos deixando sua mente vagar e se desligando de tudo. Aos poucos começou a ouvir o barulho do mar e uma voz cantando algo em uma língua que não conseguiu identificar, mas a melodia trazia uma paz enorme.

-... Damian. - Ouviu a voz estridente da professora o tirando de sua "pequena viagem".

Abriu os olhos devagar olhando irritado para ela sob a risada dos outros alunos, mas por algum motivo a professora deu um passo para trás com os olhos arregalados.

-Sala não é lugar de dormir. Vá para a diretoria, sua mãe não vai gostar nem um pouco de saber disso. - A professora falou sem se aproximar e com o olhar meio receoso.

-Ok... - Damian respondeu se levantando e pegando a mochila.

Antes de sair abriu a mochila e pegou o caderno jogando dentro dela, mas assim que pegou a caneta, viu ela amolecer de uma forma estranha, como se estivesse derretendo. Olhou para a frente assustado, mas a professora já tinha voltado para a frente da sala e ninguém ao seu redor parecia notar que ele ainda estava ali. Jogou a caneta de qualquer forma na mochila e saiu da sala rápido, indo até a sala da diretora, a mãe dele, já que ela poderia saber o que fazer.

-Mãe... - Damian bateu na porta e imediatamente ela foi aberta.

-Dami... O que aconteceu? - Carla perguntou abrindo passagem para o garoto entrar na sala.

O moreno foi até o sofá no canto da sala em silêncio e jogou a mochila no chão, se sentado no sofá meio encolhido. Carla suspirou e trancou a porta indo até o filho e se sentando ao lado dele, o puxando para um abraço.

-Tem algo errado comigo, mãe... - Ele murmurou segurando o choro.

-Não tem nada de errado com você, Dami... Isso é só uma fase, vai passar. - Ela falou fazendo um leve cafuné nele.

-Tem alguma coisa acontecendo... Esse sonho... Hoje minha mente simplesmente viajou para outro lugar... uma praia eu acho, ele estava cantando, eu sei que era ele... Quando a professora me chamou e minha mente voltou para cá eu fiquei com raiva e a caneta parecia ter derretido assim que eu a toquei... - Damian falou baixo ouvindo a mãe suspirar.

-Vai ficar tudo bem... - Ela disse e se afastou um pouco. - Faz assim, vai para casa, descansa e assim que eu chegar nós resolvemos tudo. - Carla completou sorrindo.

-Tudo bem... - Damian falou se afastando mais e pegando a mochila.

-Não se preocupe, ok? - Carla falou se levantando junto com o menor.

-Ok. Tchau mãe. - Damian falou saindo da sala apressado.

Ainda conseguia ouvir a canção e o barulho do mar, mas a raiva que sentia dos alunos e da professora estava se tornando quase insuportável, tanto que começou a sentir seu corpo esquentar de forma estranha. Assim que saiu da escola, começou a correr para casa, que não era muito longe e assim que chegou, entrou rápido na casa meio pequena que morava com a mãe. Sentiu um cheiro estranho, mas não soube identificar o que era, foi para a sala, jogou a mochila em um canto e se jogou no sofá pegando o celular. No momento que ligou o celular viu duas mensagens e toda as duas eram de uns garotos que o odiavam, uma delas dizia : "Cuidado para não dormir na banheira, dorminhoco". Sentiu a raiva aumentar e seu corpo esquentar mais.

De repente um aviso de superaquecimento apareceu no celular, mas antes que o moreno pudesse reagir o celular explodiu, Damian arregalou os olhos e reconheceu o cheiro no ar: gás. Não teve nem um segundo além desse para raciocinar e a casa explodiu.

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