Capítulo 1 - Expulso de Casa

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   Nunca imaginei que estaria passando por isso, na verdade, cheguei a imaginar. Só não acreditei nos meus próprios pensamentos. Havia sido expulso de casa, motivos: meus pais descobriram que eu sai da faculdade de advocacia e estava indo no mesmo horário para uma casa de shows onde todos os dias rapper's se apresentavam, o pior disso tudo é que eu era uma dessas pessoas que se apresentava. Mas pior que isso, era eu estar me apresentando e meus pais entrarem no estabelecimento e me verem, aquilo foi o pior de tudo.

   Eu disse tudo o que eu pude, disse que não era a faculdade que eu queria e sim a que eles queriam que eu fizesse. Eles sempre souberam que eu gostava de música, mas fingiam que não sabiam de nada para ver se eu mudava de ideia.... é meu palpite. E agora eles acham que tirando as coisas de mim, eu vou mudar de ideia e voltar correndo para os braços deles e voltar para a faculdade, não quero decepciona-los, mas eles terão que me esperar deitados, pois eu não vou voltar! Vou mostrar para eles que sendo músico irei ser alguém na vida, nem que eu durma em baixo de uma ponte de dia e trabalhe à noite, mas eu vou mostrar para eles do que sou capaz!

   Com uma mochila nas costas contendo apenas uma muda de roupa e uma escova de dentes – posso até ficar na rua, mas ficar com bafo já é outra história – dentro dela me aproximei de um banco que havia numa praça bastante quieta. Não sabia se ela estava assim por conta do horário ou por ninguém frequenta-la, mas decidi ficar por ali mesmo. Até pelo fato de estar cansado de andar e merecer um pequeno descanso, não creio que algum ladrão apareça para me roubar, pois com tudo que andou acontecendo na minha vida, não seria algo incomum eu enfrenta-lo e coloca-lo para correr.

   Fiz minha mochila de travesseiro e me deitei no pequeno banco olhando o céu nublado, e eu esperando pelo menos uma estrela, mas quem disse que seria fácil? Quando decidi tentar tirar um cochilo acabei escutando uma voz, me fazendo abrir os olhos para encarar o dono dela.

- Não imaginava ver mendigos vestidos assim.... – parecia que estava se questionando, mas acabei por ironizar a situação.

- Desculpe, não estou habituado a ser um mendigo. Daqui alguns dias eu me acostumo.

- Então você não é um mendigo? – me perguntou – havia pensado nessa possibilidade, mas para mim era apenas um bêbado jogado em um banco qualquer, mas creio que bêbados andem com garrafas nas mãos e não pensativos com uma mochila nas costas...

- Espera..... você estava me observando esse tempo todo? – o olhei desacreditado e me sentei o encarando, ele era uma espécie de stalker? Espera... eu estou no meio de uma noite em uma praça, se não for assombração só pode ser um psicopata querendo se aproveitar da minha situação – olha aqui!!! Se você veio se aproveitar por eu estar aqui, é bom você ir embora enquanto pode, porque se continuar e tentar algo sugiro que ligue para seus familiares porque será a ultima coisa que você fará na vida!!!

- Calma.... eu só quero saber um pouco sobre você... – comentou me olhando assustado, nesse momento quem parecia ser o psicopata era eu – olha, eu moro nesse apartamento de frente para a praça, costumo ver vários mendigos e todos eles andam com roupas rasgadas, muitos bêbados.... mas você chegou como se quisesse apenas observar o local e se deitou, ai eu fiquei curioso e desci para saber o porque de estar aqui.

- Isso é algo que eu já nasci sem! – falei me referindo à calma – garoto me deixa em paz, hoje não é o meu dia, tudo deu errado. Então faça o favor de voltar para sua casa e me deixa aqui na minha.

   Falei respirando fundo e fechei meus olhos ainda sentado e senti o silencio voltando, até sentir algo passar do meu lado e abri meus olhos vendo o garoto se sentando no banco.

- Você não vai embora?

- Não.... só vou quando me contar o motivo de estar aqui – comentou.

- Peço desculpas, mas não falo com estranhos – falei dando um sorriso de deboche.

- Sou Jung Hoseok, prazer em conhece-lo. Não somos mais estranhos, agora me conte!

- Min Yoongi... esta bem! – falei me dando por vencido.

   Dei um olhar de lado para o mesmo e pensei o porque de realmente contar a ele o que aconteceu, mas se eu não contar, ele não vai embora e não vou poder dormir. E basta contar superficialmente sem entrar em detalhes, é fácil fazer isso.

- Eu resolvi ser rapper, enquanto minha família quer que eu seja advogado. Eu não quis continuar fazendo a faculdade e me expulsaram de casa e agora você esta sentado em minha cama. Ponto final!

- Nossa que vida infeliz você tem! – comentou e logo em seguida se levantou, mas ficou de frente para mim – agora que tudo esta entendido, vou te deixar em paz. Então vamos logo!

- Espera.... se vai me deixar em paz, porque eu sairia daqui ou melhor ir pra onde?

- Não posso deixar um futuro colega de profissão dormindo em um banco qualquer, creio que meu sofá é mais confortável que isso dai!

- Futuro colega de profissão? Sofá? Não estou entendendo.... quer dizer, estou, mas não faz sentido! – comentei me levantando o encarando – porque deixaria um estranho que acabou de conhecer entrar em sua casa e dar-lhe um lugar para dormir? Porque está me ajudando quando já deveria ter ido embora depois de eu o tratar mal?

- Por que? Boa pergunta, mas eu já tenho essa resposta – comentou dando um sorriso que parecia querer me acalmar – eu sei pelo que está passando.... meus pais queriam que eu fosse médico, e eu também fui expulso, e esse banco foi meu companheiro por longos meses. É por isso que quero ajuda-lo, não quero que passe pelo que eu passei, pois é realmente difícil. Dar vontade de desistir e voltar para casa, por mais vergonhoso que fosse.

- Nossa.... não imaginava que tinha passado por isso – comentei me levantando – mas mesmo assim, eu me sinto estranho ficando na casa de um estranho.... ainda mais recebendo ajuda assim!

- Entendo, mas quando o vi, parecia eu quando cheguei nessa mesma praça. Me senti deslocado, senti falta das minhas coisas, mas não me arrependendo nenhum pouco do que fiz. Olha... não precisa morar lá para sempre, faça uma coisa: durma apenas essa noite e faça o que quiser de manhã!

- Bom.... não custa nada mesmo né? – perguntei um pouco desconfiado, mas foi logo embora quando o observei e o mesmo cruzou os braços assentindo – esta bem, então. Mas não garanto nada que eu vou ficar, só hoje!

- Só hoje!

Quem eu queria enganar? Não iria passar apenas uma noite, seria a primeira de muitas....

Um Banco de Praça;; SopeOnde histórias criam vida. Descubra agora