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Estava voltando pra casa, mas antes eu tive que passar na casa da minha "querida" tia.

Cheguei na frente da casa dela e deixei minha bicicleta no quintal, caminhei até a porta com a sacola na mão. Realmente estava repensando se devia deixar essas perfeições nas mãos desse animais.

Suspirei e bati na porta, demoraram demais pra abrirem, fiquei 15 minutos parada na frente da porta olhando para o tom escuro dela, cheguei imaginar do que ela era feita, quando finalmente abriram o sorriso que nem tinha no meu rosto sumiu dentro de mim, eu já não estava feliz por estar ali e a pessoa que abriu a porta poderia me deixar depressiva com a quantidade de desgosto que me trazia.

— Sarih, que ótima visita. — Ele me olha de cima abaixo enquanto morde os lábios inferiores — Ta diferente... Você cresceu?

Um sorriso nasce em seu rosto e eu olho pra baixo o chingando baixinho.

— Oi Anael.

— Voce não parece feliz querida, está tudo bem? — Seu deboche era mais do que visível.

— Estou ótima, obrigada por fingir se importar.

Seu sorriso cresce e ele encosta no batente da porta ficando um pouco mais baixo e quase chegando ao meu tamanho. Anael nunca foi meu primo favorito, na verdade era o que eu mais odiava, era apenas um ano mais velho que eu, e pelo menos 10 centímetros mais alto. Ter que levantar a cabeça pra olhar pro seu rosto era no mínimo frustrante.

— O que te trás a minha humilde casa princesinha?

— Minha avó pediu para entregar algumas coisas pra vocês, só vim deixar e você pode entregar para o resto dos teus irmãos. — Estendi a sacola pra ele que olhou para minhas mãos antes de dar espaço e apontar para dentro da casa.

— Ta bom, pode entrar e deixar em cima da mesa da cozinha.

— Não vai ser necessário, você ta bem aqui, pode pegar e levar você mesmo para dentro.

— Eu poderia, mas ai não teria graça.

Revirei os olhos e deixei a sacola com cuidado ao lado da porta, assim que me levantei ele se desencostou da porta e avançou em cima de mim me dando um celinho e sorrindo. Me assustei com o ato repentino e limpei a boca o mais rapido possível.

Sai correndo em direção a minha bicicleta enquanto ouvia ele rindo pelo meu desespero. Quando cheguei em casa corri para dentro e fui até meu quarto, peguei minha escova de dentes e fiz uma higiene bucal completa além de limpar meus lábios com lenços humedecidos.

Quando finalmente terminei me lembrei que a caixinha ainda estava na bicicleta, voltei para o quintal da frente e peguei a caixa que estava na cesta da minha bicicleta, junto com a manivela dela. Voltei para dentro e me tranquei dentro do quarto colocando a caixinha em cima da cama junto da manivela, me abaixei ao seu lado e a analisei, não era grande, na verdade era só um pouco maior que minha mão, ao lado tinha algo escrito, tentei ler mas era quase impossível, pelo que notei tinha algo como "Caixa do Risonho" Faltava uma palavra antes da palavra risonho, mas não consegui ler pelo fato de estar meio surrada, devem tê-la jogado em algum lugar para deixar assim.

Coloquei a manivela no pequeno buraco ao lado esquerdo e girei devagar enquanto ansiava para saber qual personagem sairia de dentro da caixa, começou a tocar uma musiquinha antiga conforme eu girava, estava ansiando para ver um daqueles palhacinhos pular da caixinha e se possível me assustar, mas não aconteceu nada...

Assim que chegou ao ápice da música ela simplesmente parou e o silêncio pairou pelo meu quarto, eu me senti completamente sozinha naquele silêncio, como se mais ninguém estivesse dentro da casa, porém, tinha certeza de que ouvi minha mãe na cozinha quando passei correndo pela sala.

Soltei a caixinha em cima da cama e caminhei até a janela devagar enquanto ainda escutava o silêncio ao meu redor, parecia um filme de terror, nunca tinha visto minha casa tão silenciosa como agora.

Lá embaixo, onde devia estar brincando crianças na rua, ou cachorros deviam estar correndo ou até carros passando, não tinha nada, a rua estava vazia e o céu começou a escurecer, o silêncio ainda pairava, a única coisa capaz de quebrar ele aos poucos foi a ventania que surgiu do nada, escutei um barulho atrás de mim e me assustei me virando e olhando fixamente para a caixa em cima da minha cama.

Ela começou a tremer e a música voltou a tocar, mas parecia mais lenta do que antes, o toque dela havia se transformado numa sinfonia assustadora e amedrontadora. Eu não costumava me assustar com qualquer coisa, mas a minha realidade atual estava me amedrontando aos poucos.

Permaneci olhando para a caixa até a tampa de cima se abrir num baque e de dentro sair absolutamente nada... Assim que aberta ela parou de tremer e o ar que estava pesado voltou ao normal aos poucos, escutei um grito fino do lado de fora e risadas, e lá estavam novamente todas as crianças que havia sumido segundos antes, assim como os cachorros e os automóveis, como num passe de mágica tudo havia voltado ao seu lugar, o céu parecia mais claro que antes e o vento sumiu.

Voltei a olhar para a caixa em cima da minha cama, ela ainda estava aberta, caminhei devagar até a porta do meu quarto ainda olhando para ela, assim que abri a porta corri até às escadas as descendo numa velocidade quase absurda.

— Mãeeeeee!

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⏰ Última atualização: Oct 07, 2019 ⏰

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