─ A senhora que estava na recepção avisou que estariam fechando em breve e ela não parecia muito paciente. ─ Disse Amber quando veio ao meu encontro.
Eu fiquei um tempo imóvel no mesmo lugar, com as mãos estendidas no ar como se o livro ainda estivesse sobre elas. Eu pensei em seguir o homem e perguntar como ele sabia o meu nome, mas eu simplesmente fiquei lá, parada, enquanto assistia ele caminhar tranquilamente para fora da biblioteca enquanto arrastava sua muleta e levava consigo o meu livro. Ele não se preocupou em sair depressa ou sequer olhou para trás, como se soubesse que eu não iria atrás dele. Eu devia ter ido.
Ele não chegava nem perto de um comum morador de Green Hall. Ele não tinha nada de comum, desde suas vestes até a forma como as palavras eram pronunciadas por ele. Minha pele voltou a se arrepiar quando eu me lembrei da sua firme e calma voz dizendo o meu nome.
─ Lenna? ─ Amber tocou minhas mãos quando eu não a respondi.
─ Vamos embora. ─ Disse simplesmente e caminhei em direção a saída.
O vento frio do lado de fora da biblioteca me fez encolher. Eu olhei para os dois lados da rua a procura de qualquer sinal do homem, mas ele provavelmente já estaria longe a essa altura.
Puxei o celular da minha bolsa para olhar as horas quando me dei conta do céu completamente escuro.
19:45
Eu estava a quase três horas fora de casa, não era muito tempo e não havia nenhuma mensagem ou ligação perdida no meu celular. Eu não estaria encrencada.─ Você está bem? Parece ter visto um fantasma. ─ Amber disse quando entramos no carro.
─ Você viu alguém sair da biblioteca nos últimos trinta minutos que nós ficamos lá dentro? ─ Me virei para a encarar.
─ Alguém como?
─ Um homem com uma muleta e roupas escuras. ─ Amber pareceu confusa.
─ Não vi nada parecido. ─ Ela disse e eu me afundei no banco. ─ Por que?
─ Eu vi um homem. ─ Amber voltou sua atenção para mim ─ Ele falou comigo e foi muito estranho.
─ O que ele disse?
─ Nada demais. Mas ele sabia o meu nome.
─ Talvez seja algum conhecido da sua família que você não se lembra. Todo mundo se conhece pelo nome em Green Hall, não me surpreende que alguém saiba o seu. ─ Fazia sentido, mas minha família não tinha muitos conhecidos na cidade, a não ser pela parte de vó Rosalie. ─ Ele parecia perigoso? ─ Perguntou Amber, receosa.
Eu não tinha pensado nisso e uma pontada de medo me bateu com a hipótese. Ele parecia?
Olhei para Amber sem saber muito bem o que responder. Talvez, realmente fosse só algum conhecido da família ou alguém da cidade que sabia o meu nome. Afinal, era Green Hall.
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Green Hall ∆
RomanceLenna Lincoln é uma garota de dezessete anos que teve sua vida desestruturada e vem tentando reparar os danos deixados pela morte de sua mãe. Após dois anos de luto, Lenna e sua família retornam a pequena Green Hall, cidade onde estão as raízes da f...