Hitoshi não pode evitar olhar mais uma vez para o relógio, tinha falado com Denki há exatamente uma hora quando ele lhe respondeu com o genérico "estou chegando", e ainda não estava lá.
Depois de minutos em pura agonia, quando estava prestes a pegar o celular para ligar para o namorado, ele ouviu o barulho da tranca da porta da frente sendo desativada, o que indicava que o loiro tinha acabado de chegar.
— Você demorou, Denki. — falou virando o rosto em direção à entrada e vendo Kaminari usar as costas para abrir a porta e em seguida entrar com uma grande caixa nos braços.
— Pois é, ha ha! — riu claramente nervoso. — O que você diria se eu trouxesse cinco gatos para casa?
Shinsou o encarou em silêncio por longos segundos, os olhos indo do rosto do namorado para a caixa e vice-versa.
— O que tem na caixa? — perguntou baixo, se levantando e caminhando em direção ao loiro que deu alguns passos para trás desviando o olhar. O de cabelos roxos perguntou mais uma vez, pausadamente. — O que tem na caixa, Denki?
O menor deu outra risadinha nervosa e encolheu os ombros olhando com um olhar culpado para o outro.
— Eu acho que você sabe.
E como que para confirmar, um miado agudo veio de dentro da mesma, esquecendo a tensão, o loiro caminhou rapidamente até o centro da sala com Shinsou em seu encalço é depositou a bendita caixa no chão, abrindo-a e revelando cinco filhotes de gato, um de cada cor, amarelo, laranja, branco, preto e cinza. Eles não deveriam ter mais do que alguns dias. Kaminari olhou sobre o próprio ombro, para o namorado, que fitava os animais com carinho e pena no olhar.
— Céus, Denki! Onde você arranjou isso? — perguntou ele realmente surpreso ao se agachar ao lado de Kaminari e olhar melhor para os pequeninos dentro da caixa que agora miavam sem parar.
— Eles estavam em um beco, já na caixa, com uma plaquinha que dizia "me leve" e eu pensei que talvez fosse uma boa ideia, quer dizer, eu gosto de gatos, você gosta de gatos e até estava reclamando que o apartamento estava muito vazio e essas coisas todas! — começou a tagarelar e mexer as mãos, estava nervoso e com medo de ter irritado Hitoshi com sua imprudência. Vendo isso, Shinsou segurou as mãos dele entre as suas e lhe deu um selinho demorado, com carinho, colando suas testas em seguida e olhando-o nos olhos.
— Tá tudo bem, foi uma coisa ótima o que você fez, e nós dois sabemos que eu teria feito o mesmo. — então o casal riu baixinho naquele clima confortável, isso até os gatinhos voltarem a miar mais alto, chamando a atenção dos dois para o principal problema. — Como vamos cuidar deles agora?
°
•Uma semana se passara e, com a ajuda de Tokoyami, que era veterinário, o casal conseguiu suportar os primeiros dias bem. Eles alimentavam os gatinhos com mamadeira apropriadas e leite com suplemento para evitar o pior. Eles não eram ricos e, sem dúvidas, aquela brincadeirinha sairia bem cara, mas era por um bem maior.
Agora estavam os dois em casa, quase terminando de alimentar os filhotes.
— Esse já comeu?
— Caramba, Denki! Eles nem são parecidos, como você não consegue saber quem já comeu? — ralhou Shinsou enquanto tentava desgrudar de si o gato preto, que cravara suas unhas na camisa dele. — Sai de mim, carinha. Você precisa ser alimentado!
— Tá, tá, mas ele já comeu ou não? — Kaminari segurava o filhote laranja no alto, tentando ver, pelo tamanho da barriga, se ele ja tinha comido.
Depois de um silêncio, o arroxeado respondeu:
— Não faço a menor ideia.
E assim se seguiram mais alguns minutos da janta felina.
°
•Quando eles terminaram estavam exaustos. Hitoshi estava deitado no sofá com o pequeno gato branco – que eles descobriram ser fêmea e recebera o nome de Yukiko – sobre sua barriga, já Kaminari estava sentado no chão, em posição de lótus, com as costas encostadas no raque da TV e os outros quatro gatos no colo. O laranja, que se chamava Kaida, por causa da personalidade forte e truculenta, o amarelo, outra fêmea denominada Kira, o cinza, Tora e o preto, sendo o menor e mais frágil, Nanao. A princípio, fora difícil escolher seus nomes, mais agora que estavam ali, nenhum deles parecia mais certo que isso.
— O que foi? Você está sorrindo feito um idiota. — perguntou Shinsou virando o rosto para encarar o namorado e sorriu de volta para ele.
— Eu só estava pensando que agora nós parecemos uma família de verdade, sabe. Nós dois aqui, cansados no chão da sala, depois de alimentar 5 coisinhas serelepes. — era possível ver o amor e a doçura em seus olhos dourados, assim como em seu sorriso largo.
Hitoshi sentiu seu coração amolecer completamente. Kaminari Denki havia sido o idiota do curso de Eletrotécnica que roubara seu coração ainda no primeiro ano de faculdade, e agora, anos depois, com eles já formados e morando juntos, Shinsou se apaixonava cada vez mais pelo namorado.
— Eu te amo. — sussurrou olhando no fundo dos olhos dele, que sorriu de um jeito lindo, aos olhos de Shinsou.
— Eu também te amo, Shin.
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Somos sete
FanfictionEstando namorando com Denki há mais de três anos, Shinsou já deveria estar acostumado com os exageros do loiro, mas quando este apareceu no apartamento que compartilhavam, com uma caixa cheia de gatos, ele soube que sempre se surpreenderia com as lo...