O Anjo da Morte

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Em um beco escuro e estreito de uma cidade movimentada podem acontecer inúmeras coisas, aposto que você não pensou em algo bom, colorido ou divertido, de fato, é mais improvável que aconteçam coisas assim, eu pensaria em assaltos, bocas de fumo ou até assassinatos, só coisas ruins ou horrendas, mas parece que pensei errado.

Neste mesmo beco escuro e sem vida, caminhava lentamente uma garota de postura graciosa e de extrema beleza, capaz de persuadir qualquer um, um rosto no qual a mente humana ainda não era capaz de compreender, era angelical, era de outro mundo. Os olhos continham o brilho das estrelas, o nariz afilado e delicado com um pequeno sinal no topo do mesmo, a boca macia e bem desenhada e o maxilar que parecia conseguir cortar o que tocasse. A postura demonstrava poder e decisão, mas, acima de tudo, leveza e elegância. Os que a conhecem a descrevem como alguém sorridente e carismática, alguém gentil e podemos dizer de bom coração, então o que uma pessoa assim estava fazendo em um lugar completamente o oposto de sua aparência?

Simples: completando o objetivo daquela noite. Não era um ser humano como muitos pensavam, na verdade, poderia ficar bastante perversa se fosse intitulada como um, preferia ser tratada como a divindade que era, uma divindade um tanto peculiar, eu diria. Tinha um certo desprezo pelos humanos, os achava tolos e ingratos, mas nada que não pudesse esconder com um lindo sorriso radiante.

Ouvia diariamente conspirações contra ela, achavam que era uma alienígena, um demônio ou até mesmo um zumbi, já que sempre usava uma elegante roupa branca de mangas compridas e não a tirava por nada, tentava ao máximo não deixar ninguém ver suas costas, também ficando um tanto irritada quando tocam na mesma.

O cabelo longo tinha um cheiro doce e textura macia, voava com leveza a medida que a menina caminhava, se é que gosta de ser chamada de menina, ela é um anjo. Todos que a olhavam não tinham dúvidas disso, mas estou sendo literal, ela é um anjo, um anjo que mata, o anjo da morte.

Veio de algum lugar do céu ou do inferno, não se sabe ao certo, por sua beleza, podemos deduzir que veio do céu, mas é sempre bom lembrar que Lúcifer era o anjo mais belo de todos. A aparência e o carisma nos faz achar que foi uma enviada de Deus, mas o que ela faz e sua frieza nos faz achar que é uma enviada do diabo.

Só sabemos que foi enviada por alguém com o único objetivo de abraçar a pessoa na hora da morte que ela mesma causara e dá-las uma subida feliz, é claro que mantinha o desprezo pelos humanos, mas vis a morte como um momento de salvação e purificação, por isso ficava feliz ao ver a alma de alguém e a recebia de braços abertos para leva-la embora, é um pouco contrário, mas em sua cabeça fazia o total sentido..."Humanos precisam sofrer para se salvarem, sou só a mediadora do processo, dou o fim para dar alegria." Era assim que pensava.

Os pés descalços continuavam andando pelo beco escuro, o anjo ouviu um barulho, mas sorriu ao invés de amedrontar-se:

— Ei!- Uma voz masculina gritou atrás dela, virou-se lentamente na direção da voz e baixou a cabeça.— Quem é você?- Perguntou e ela olhou nos olhos do homem, este que estremeceu e em seguida paralisou, os lábios se separaram conforme ficava abismado, até medo sentiu, medo daquela beleza toda, parecia não acreditar:

— Myoui Mina.- O anjo respondeu com a voz calma.

— Só isso? E o que uma menina linda como você veio fazer neste lugar?

Myoui voltou a olhar para baixo, mas desta vez com um sorriso de canto nos lábios, o que deixou o homem bastante confuso.

— Te buscar.- Respondeu brevemente e um arrepio intenso percorreu o corpo inteiro do outro, sentiu um perigo gigantesco emanando daquela menina e recuou.

O coração dele acelerou e uma ventania que mal permitia-o ver passou pelo local, as mãos foram até os olhos com o intuito de proteger-se e ele não entendia absolutamente nada, já poderia considerar-se um desgraçado, cruzara caminho logo com ela, mas nada adiantaria se estivesse em qualquer outro lugar, Mina o acharia, afinal, era a hora dele e ela precisava cumprir a lista daquela noite.

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