Onde há esperança, sempre há dificuldade

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    Palavras que perfuram a alma, que destroem suas estruturas e o desmontam por inteiro, palavras que rasgam corações e os saturam com incompreensão, que pedem algo que são incapazes de fazer, mas que exigem de nós com olhos vendados, olhos que veriam o mundo da forma que realmente são. Sonhos que se destroem, auto estimas que se rompem, receios que nos consomem; tudo isso por palavras ou olhares daqueles que dizem compreender o mundo, que dizem conhecê-lo como um velho amigo de infância. Não se enganem, pois nem todos os amigos são capazes de realmente nos conhecer. 

   Ser um garoto sonhador nunca foi realmente muito fácil, principalmente quando se amava aquilo com toda sua alma. Sonhar sempre foi muito doloroso, muito inalcançável, muito em falso; nos olhos de todos só se podiam ver suas dúvidas e críticas, podia-se ver a realidade dura que eles queriam que o garoto visse. Algo como "tem certeza que conseguirá algo assim? Pode mesmo alcançar algo tão alto sendo alguém tão pequeno? O mundo é difícil demais para se ter sonhos do tipo, garoto. Seja um advogado, um medico, alguém com uma profissão de verdade, escute o que digo, não vai querer se decepcionar tarde demais, vai?"

    Com o tempo, já não bastando sua infância solitária, o garoto sentia que sua casa era um lugar grande demais para alguém como ele, era fria e silenciosa, só ele sabia o quanto uma única tigela de cereais com leite sobre a mesa, uma única escova de dente ou copo na pia o fazia desejar intensamente ter alguém ao seu lado. Então, um dia ela chegou. Repentinamente, dando cor a sua vida, preenchendo a casa com suas risadas calorosas e noites quentes, ela era tudo o que ele nunca teve. Sofia cativou seu coração quase como se fosse para sempre.

   Mas nem sempre amar alguém significa felicidade eterna, as vezes pode acabar com alguém ao ponto de deixarmos de existir.

   Sofia era como uma luz que repelia toda a escuridão ao seu arredor, ela esteve ao seu lado e o ensinou a brilhar, lhe guiou como um farol em meio a tempestade no mar.


    Primaveras se passaram, outonos se repetiam, invernos o amadureciam, logo seus cortes de cabelos grandes demais se tornaram adequados ao seu rosto maduro, assim como a cor mais clara do mesmo; suas roupas despojadas já não se comparavam as sociais que modelavam seu corpo definido, assim como seus sapatos lustrosos.

   Naquela noite, às 21:07, Jimin estava parado diante a faixa de pedestre, com suas mãos afundadas nos bolsos do seu sobretudo marrom, esperando para que pudesse atravessar; como o tráfego estava muito grande às 21:10, enquanto ainda aguardava, Jimin teve seus olhos capturados pela luz oscilante do poste de luz do outro lado da faixa de pedestre. Ela brilhava na mesma intensidade da luz que brilhará uma vez a muito tempo, no escuro da noite em que um abraço pôde transmitir tanta paz quanto uma bandeira branca em meio a guerra poderia transmitir.


   ***


   Naquela noite escura, enquanto seu quarto era iluminado pela luz vermelha do letreiro em frente ao seu apartamento, Jimin procurava suportar mais uma das suas noites de insônia, enquanto sentia seu peito desesperado e sua mente gritando por situações as quais ele gostaria que não o perturbasse, no entanto era impossível vencer seu coração triste. Braços quentes o envolveram por trás, limpando suas lagrimas silenciosas, beijando sua nuca. 

   — Ei, vai dar tudo certo... — Murmurou ela, quase como uma brisa da manhã. — Não se preocupe tanto. 

   — Não acho que seja isso, exatamente, o que me machuca. 

Como folhas no Outono; JMOnde histórias criam vida. Descubra agora