Capítulo 1

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Descemos junto com o rio na velocidade de sua forte correnteza, algumas garotas gritavam, mas eu me mantia calada, o único indício de medo estava em meus olhos. Por dentro o pavor crescia e quis choramingar até que alguém me tirasse dali; odeio esses testes estúpidos e odeio ainda mais a sensação de compressão. Era como se a água quisesse me engolir... tenho quase certeza de que estava certa.

- Fique viva - Foi o que Froya disse antes de afundar mais uma vez, dessa vez ficando quase um minuto debaixo d'água. Quando voltou à superfície estava com os lábios roxos e olhos muito vermelhos.

-Isso tudo é uma aula pra aprendermos a nadar? -O rio concedeu uma trégua e eu consegui articular uma frase apesar da extrema dor de cabeça - Porque se for não tá funcionando.

-Eu acho q não vou aguentar -Ela me olhou com sorriso fraco - Acho melhor você me deixar aqui para morrer.

-Nem pensar Srtª

Dei uma risadinha sabendo que o intervalo havia acabado e me preparando pra outra rodada. Acabamos sendo jogadas na correnteza mais uma vez, fiz algumas tentativas, mas parecia que meu corpo era incapaz de se manter sobre a água. A minha amiga teve mais sorte, pois começou a bater os braços desajeitadamente até ajustar o ritmo. O legal de toda essa história foi descobrir uma cachoeira bem na nossa frente que de acordo com meus cálculos - nada confiáveis naquele instante - estava a apenas 10 metros de distância. O que nos dava um tempo mínimo para ter sucesso no escape.

Algumas meninas já tinham pegado o jeito e habilidosamente lançavam-se à terra firme, uma delas era Froya, que estava tendo total êxito no seu plano, enquanto eu continuava engolindo água salgada.

Para minha felicidade, um tronco atingiu meu abdômen me deixando ainda mais fraca, só que eu podia contornar a situação e colocá-la ao meu favor... Bom, vou isso que fiz, segurei o mesmo pedaço de árvore junto ao meu busto, agarrei a parte de cima do galho e icei-me. No fim das contas, a gente acaba aprendendo algumas coisas depois de anos no complexo. Quando consegui me estabilizar, a correnteza ficou mais forte, o que indicava minha queda cada vez mais próxima, acredito que eu não sobreviveria se caísse dali. Porém, não tive tempo pra descobrir como seria minha morte, porque no momento seguinte, Froya lançou uma flecha-corda no tronco podre. Foi esse acontecimento que me deu tempo pra pular para uma pedra e me jogar no chão seco - Talvez não tão seco - da margem.

Sabia que ouviria muitos sermões do meu Maisu, por isso me levantei rapidamente sentindo todos os músculos doloridos pelo esforço e ardendo de exaustão. Ele parou à minha frente e apavorada, prendi minha respiração.

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⏰ Última atualização: Oct 15, 2019 ⏰

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