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Hospital de Londres, 19h30 p.m
— E aí? Como ele está?
Perguntei desesperada quando entrei na sala de espera do hospital, os pais de Mason e Kepa estavam lá.
— Ele perfurou o fígado e vai precisar de um transplante, ao menos um pedaço, só que não encontraram um compatível, Mason é O-, e já faz horas que estão procurando um doador e nada ainda.
— Eu sou O-. Eu posso fazer o teste de compatibilidade.
Minha mãe que tinha acabado de chegar ficou assustada.
— Sofya, você faria isso por ele?
Debbie, mãe de Mason pareceu bastante surpresa.
— Tia Debbie, pelo seu filho eu faria qualquer coisa.
Essa era a grande certeza da minha vida.
Doutor Simon, médico responsável pelo caso de Mason, me levou para fazer o teste.
Como já esperado, deu positivo. Estaria mentindo se dissesse que não estava nervosa, eu estava muito nervosa, na verdade estava morrendo de medo.
Foi quando Kepa apareceu de fininho sussurrando rápido algo como 'Eu tenho muito orgulho de você, fica calma que vai dar tudo certo.' que eu fiquei um pouco calma.
E infelizmente não foi isso que aconteceu, houve complicações na cirurgia e o Mason acabou voltando para o coma, comigo não foi tanta, fiquei só duas semanas internada, mas ele ficou num estado crítico por um tempo, mas os médicos acreditavam que viria a ser logo.
••• Dois meses depois
— Então, doutor, já se passaram dois meses, tem alguma previsão de quando ele vai acordar?
Debbie indagou, estávamos todos angustiados.
— Infelizmente não, não tem como a gente dar uma data, mas pelo tempo ele corre o risco de perder a memória. Ou pelo menos uma parte dela.
A cada notícia, uma dor diferente.
— E tem alguma chance dele ficar realmente sem andar?
Dessa vez eu questionei preocupada.
— A princípio não, mas só teremos a confirmação quando ele acordar. Mas o pior já passou, ele não corre mais risco de vida.
Aquela fala que deveria aliviar mas preocupa por não saber quando ele irá acordar.
Os pais de Mason estavam indo pra casa, então hoje eu iria dormir no hospital.
Estava tudo normal até Hailey finalmente aparecer.
— Como ele tá? Ele acordou?
Hailey questionou um tanto quanto preocupada.
— Não. E também não tem previsão de quando ele vai abrir os olhos.
Suspirei cabisbaixa.
— Eu tentei vir antes, mas as fotos estavam uma loucura, fiquei triste que você não pôde estar, seria incrível te ver trabalhando pra mim.
Claro...
— Primeiro que eu não iria trabalhar pra você, iria trabalhar para Teen Vogue, você é iniciante nesse ramo, mas esse é o básico a saber.
— Eu achei legal de você ter feito a doação pra ele, fiquei feliz e aliviada.
Ela troca de personalidade como quem troca de roupa.
— Acredito que ele faria o mesmo...
Falei como se não fosse nada, mas na verdade era tudo.
— Não, Sofya, não diga como se fosse algo simples, foi uma atitude gigante, porque você o ama. E com certeza ele faria o mesmo.
Confesso que fiquei chocada com essa declaração da Hailey.
— Agora eu estou voltando para Manchester, sei que ele ficará em boas mãos. Me avise quando o Mason acordar, ok?
Afirmei gentilmente. Nós não se acertamos, mas a preocupação de Hailey era verdadeira.
Antes de dar a hora de entrar no quarto, Tammy e Kepa me chamaram para comer um lanche na lanchonete no hospital.
— É tão estranho, tipo mês que vamos nos reapresentar para pré temporada e ele não vai estar...
Abraham estava visivelmente abalado com toda essa situação.
— Mas brevemente vai estar, eu não sei quando, mas logo logo ele estará de volta aos gramados.
Eu estava a dias com esse pensamento positivo.
— Foi um grande gesto você ter feito a doação.
Kepa desde o dia da cirurgia não cansa de dizer o quanto me admira.
— Foi um gesto de amor!
Abraham mais sentimental que nunca falou rindo e eu só sabia aceitar.
Estava completamente apaixonada, e esse transplante só deixou tudo mais claro.
Logo que terminamos o lanche, os meninos foram embora e eu fui até o quarto, comecei a refletir e lembrei que tive tanto medo que Mason ainda não sabe o que eu sinto, ele sabe que tenho interesse, mas não faz ideia do sentimento que eu guardo desde que éramos crianças.
— Sabe, Mason, é muito doido te ver nessa cama.
Sentei ao lado dele e juntei nossas mãos, o encaixe perfeito.
— Porque, a situação mais complicada que passamos foi quando pegamos catapora.
Pausei rindo entre lágrimas relembrando.
— Na verdade você pegou do Phillipe quando foi pro interior e quando voltou passou pra mim, aí ficamos cheios de bolinhas juntos... E agora você está dormindo num sono ruim, nem sei se está me escutando, e tem uma parte de mim aí dentro...
Por mais doido que pareça, as pálpebras dele se mexeram lentamente.
