Surpresa

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Nunca poderei mudar sem você
Você me reflete, amo isso em você
E, se eu pudesse, eu
Olharia para nós o tempo todo

O táxi chegou rápido ao aeroporto, sequer parecia uma manhã de segunda-feira, era como se tudo estivesse dando espaço para que eles não se atrasassem nem um sequer segundo, e isso era o que Sakura temia que acontecesse.

A presença de Kakashi se tornou monótona pelo silêncio e o silêncio a machucava, era um de seus medos. Nem ela entendia o porquê do Hatake agir assim e nem ele sabia porque estava sendo tão bom com a menina.

Quando criança ele sempre teve que lidar com o drama Rin e Obito, e Rin por muito tempo achou que amasse o melhor amigo, mas depois de crescer ela entendeu que sempre teve uma única opção, Kakashi jamais poderia ser visto como um namorado em potencial para ela, e a Nohara tinha plena noção que seu coração amava um certo Uchiha.

O Hatake sabia o que era amor, mas nunca o tinha sentido, não a ponto de quebrar as regras. Cresceu com o vislumbre do amor perfeito de Minato e Kushina, depois aprendeu com Naruto e Hinata, mas nunca teve um amor que fosse só seu, nunca pôde viver com alguém que quisesse mais que uma noite de sexo, compromisso não existia no seu vocabulário. Mas sentir o coração bater mais rápido por causa de uma mulher era estranho, e Sakura o fazia se sentir assim, mesmo que entre eles só houvessem mal entendidos.

— Onde vamos ficar lá? — ela chutou o silêncio para longe, inclinou os óculos escuros para trás e o encarou sem temor.

— Seu pai quis te deixar no hotel, disse que você se sentiria melhor. — ela engoliu seco, existia a possibilidade de ficar ainda mais sozinha.

— Fique comigo então, se não tiver nada para fazer. — Kakashi perdeu a pose de mau humorado e sorriu, não sabia de qual inferno ela havia tirado aquela ideia, mas ele estava quase aceitando.

— Não posso, senhorita Haruno. — o deboche era seu sobrenome. — Você tem que ficar sozinha, seu pai passará para te pegar às sete.

— Kakashi, por favor! — aquela foi a gota d'agua, ela havia pedido com educação para que ele ficasse? — Ou me recuso a entrar nesse avião.

Ele sabia que os planos do senhor Haruno não eram dos melhores, mas não sabia se podia se meter neles, não ao menos de forma explícita. Entretanto, o pedido de Sakura parecia mais do que sincero, era visível o medo da solidão que a menina exalava.

— Não se preocupe, estarei ao seu lado. — ele concordou arrancando um sorriso daquele rosto delicado, por dentro até ele mesmo estava comemorando.

[…]

A vista da janela era impecável, não havia como reclamar da escolha feita pelo pai da menina, mas isso não significava que ela não sentia vontade de tal ato. Iwogakure não era uma de suas cidades favoritas, na verdade, tinha gratuitamente todo seu ódio, pois foi numa das vindas de seu pai ao lugar que ela se apaixonou pela primeira vez, e para o seu desgosto, seu amado fez de tudo para provar a ela que a odiava de todas as formas.

Ainda dava tempo de desistir e voltar para casa, mas ela sabia que Kakashi não permitiria isso, restava apenas esperar o tempo passar e torcer para ser apenas um jantar onde ela faria o rosto bonito da mesa.

— Você vai ao jantar também? — o professor negou com a cabeça, era lamentável a afirmação. — Vai fazer o que durante a noite?

— Acho que vou jantar sozinho aqui no hotel, você se importa? — foi a vez dela negar, mas no fundo sabia que faria de tudo para que ele pudesse estar ao seu lado.

— Queria poder ficar e jantar com você, — a rosada suspirou. — mas nem da minha companhia você gosta…

— É sempre dramática assim? — eles riram, uma risada espontânea que fazia nascer uma intimidade que achavam não ter. — Quando você voltar estarei te esperando lá embaixo, se voltar acompanhada nem me chame.

— Como vou voltar acompanhada se você não vai junto? — a pergunta fez o prateado levantar uma sobrancelha. — O que? Acha que eu levo qualquer para cama?

— Então está admitindo que me levaria pra cama?

— Nunca fiquei com um professor, parece excitante. — eles voltaram a rir, desta vez com mais liberdade. — Me desculpa!

— Tudo bem, já falaram coisa pior. — o semblante dela mudou. — Isso é ciúmes? — mentalmente ela se xingou por ter se entregado com tanta facilidade. — É bom saber que fica fantasiando algo entre nós, ao menos sei que não está pensando em fugir.

— É esse o real motivo de ser bom? — o tempo pareceu parar para o prateado, admitir que gostava da ideia ou bancar o responsável?

— Não posso ter nada com crianças, Sakura. — e depois de pensar ele escolheu a resposta errada.

Aquela frase foi suficiente para fazê-la recuar, a graça e a liberdade foram jogadas pelo ralo com aquela afirmação. E no fim ela teve certeza que ele era como os caras que andavam com seu pai.

Depois do silêncio sobrou apenas decepção, e ela foi fazer a missão que tinha para executar, mas desta vez estava disposta a provar que ele estava errado, seria madura o suficiente para aceitar qualquer coisa que aquela noite tivesse para dar. Banhou-se rápido e ainda no banheiro secou os fios cor de rosa, maquiou-se levemente e escolheu um vestido mais comportado, na cor preta para não errar em nada, e quando saiu do banheiro se colocou a disposição para impressionar o mundo com sua beleza.

O vestido era mais rodado dando um ar juvenil, mas a cintura era colada ao seu corpo deixando aparente suas curvas bem trabalhadas, e se tinha algo que Sakura devia admitir que encantavam, esse eram seus olhos, aquelas duas pedras de esmeralda brilhavam mais que as estrelas e exalavam todo o poder que ela podia exercer sobre sua vida. Seu pai chegou dez minutos depois da mesma ter terminado de se arrumar.

— Pode me ligar se precisar de alguma coisa. — Kakashi instruiu enquanto a acompanhava até a saída do hotel. — Qualquer coisa mesmo…

— Espero não precisar, Kakashi. — ela rebateu convicta de que não precisaria dele.

[...]

— Suas aulas de etiqueta melhoraram muito você, — Hizashi comentou enquanto dirigia. — adorei o vestido que escolheu.

— Pode até me ensinar etiqueta, mas tem coisas que o dinheiro jamais conseguirá comprar. — rebater as falas de seu pai não era tarefa difícil, já se podia dizer acostumada.

— Tenho uma surpresa que vai tirar de vez essa sua falta de respeito, e melhor, ainda vai te deixar feliz. — ouvir aquilo parecia ser um sonho, não sabia se mudaria sua falta de respeito, mas só de deixá-la feliz já era muito.

O carro estacionou em frente a um restaurante luxuoso, era nítido como o senhor Haruno gostava de esbanjar que possuía bens, uma mania que ela não pretendia herdar do pai. Quando desceram ele fez questão de acompanhá-la de braço dado, Sakura sentia-se pisando em ovos até dar de cara com a entrada do local. Flores vermelhas chamavam a atenção no arco de entrada do restaurante, a música clássica encheu seus ouvidos assim que entraram e ela logo percebeu que todos tinham os olhos sobre ela.

— Belo restaurante. — elogiou baixinho.

— Obrigado, querida.

Enquanto andavam ela tentava assimilar qual mesa seria a sua, se eles que esperariam ou se alguém já esperava por eles, foi só então que seus olhos chegaram na área reservada do local, um loiro alto a olhava com fervor, tinha um sorriso no canto da boca e uma expressão de felicidade, ela reconheceria aqueles olhos azuis até no mais profundo buraco do inferno.

— Deidara?

Mirrors - KakaSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora