Prólogo

6 0 0
                                    

12 anos atrás

—Aaaaaaahhhhhhhh
—Opa! Te peguei! Cuidado, Lia! Já falei pra não ficar rolando assim na cama.
—Dicupa mamain –disse uma Lia de quatro aninhos, com a carinha de quem se preparava para abrir um berreiro, mas tava tentando se controlar.
—Olha, filha –falou a moça de vestido branco. Aos olhos de Lia, ela parecia ter uns vinte e poucos anos. Era alta, tinha longos cabelos negros presos em uma trança que chegava no meio das costas e olhava para a menina com os mesmos olhos castanhos amarelados que a menina herdara–eu queria estar aqui pra te ajudar sempre que você precisasse, mas eu não posso. Você entende? Eu te amo muito, e isso é tudo que eu preciso que você lembre.
—Eu também te amo, mamãe.
    E enquanto a jovem cantava uma canção em uma língua que parecia ser latim, Lia pegava no sono. Ela sabia que a criança não se lembraria nem do seu nome quando ela terminasse de cantar, nem de como chamá-la. Mas era necessário. Ela nada podia fazer contra o sangue que corria nas veias da pequena, mas queria que a filha tivesse o máximo de vida normal que pudesse, e bloquear as memórias era todo o que dava pra fazer.
    A canção acabou, e Lia teve um último vislumbre de um vulto desaparecendo em uma enorme bola de luz antes de adormecer completamente.

Inside meOnde histórias criam vida. Descubra agora