Solo

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Junmyeon caminhou a passos pesados em direção ao camarim. Estava cansado, embora a energia das fãs em Fukuoka renovasse sua alma a cada música amorosamente cantada por elas.

Era o terceiro dia da turnê EXplOration no Japão, e Junmyeon, observando seu reflexo bagunçado de suor e glitter, acabava por pensar em tudo que vivera até ali. Com o fim do ano cada vez mais próximo, era inevitável não filosofar.

O EXOplanet #5 contava com duas baixas no grupo. Minseok e Kyungsoo já exerciam suas devidas funções no exército e, mesmo que tudo estivesse correndo bem e o lema dos garotos nunca perdesse o sentido, não importava o que acontecesse, eram em ocasiões como esta que a saudade apertava um pouco mais.

Como líder, tinha medo do futuro do seu bem mais valioso.

- Está tudo bem, hyung? – o moreno perguntou, fazendo com que o mais velho desse um pequeno sobressalto. – Desculpe, não queria te assustar.

- N-Não assustou, não... – respondeu um pouco constrangido.

Havia alguns dias que Junmyeon evitava algum tipo de contato com aquele que estava ao seu lado, Jongdae. Não estavam brigados, muito pelo contrário; nunca tivera um único motivo para brigar com ele, quando este sempre o fazia rir pelo modo birrento de ser.

Acontece que o outro Kim finalmente havia conquistado a chance de debutar como cantor solo. Merecidamente, por ser um dos vocais principais do EXO, além de ter uma potência incrível. Junmyeon só faltou explodir de felicidade em ver seus meninos seguindo diferentes caminhos, sejam sozinhos ou em outros subgrupos, como o SuperM.

Na última semana, Jongdae estava divulgando sua nova música, Shall We, com direito a fansign e tudo. Era uma oportunidade única, não tinha ideia de que tantas fãs pudessem comparecer no seu próprio evento. Sentia-se sortudo demais.

E é aí que o atual problema de Junmyeon mora. Ficou sabendo, através das redes sociais, que, durante o fansign, uma fã pediu para que Jongdae cantasse um trecho de uma música do Bruno Mars, chamada Versace on the Floor.

Até então, tudo bem. Se o inglês de Jongdae, somada à hesitação do momento e à letra da canção, não soasse fodidamente sensual.

Desse dia em diante, o mais velho pegava-se pensando muito no ocorrido. Ouviu o áudio tantas vezes que precisou baixar no celular. Nas noites em que estava completamente sozinho, colocava a música original para lembrar-se da regravação caseira e improvisada de Jongdae, e acariciava seu membro por cima do pijama até que ficasse duro.

Por Deus! Morria de vergonha só de imaginar aquela cena de novo.

- O show foi bom como sempre, não foi? – Jongdae sentou-se na cadeira ao lado, passando a mão esquerda pelo próprio pescoço.

- Foi... – disse estranhamente tímido, fitando os dedos trêmulos dançando por seus joelhos. – A tour está ótima, mesmo que...

- É verdade... – concordou, ainda que Junmyeon não tenha completado aquela sentença; sabia do que o líder estava falando. – Sinto falta deles.

Antes que pudesse responder, Chanyeol e Jongin adentraram o recinto, barulhentos como sempre. Beagle como era, Jongdae se juntou aos dois e Junmyeon os assistia na mesma posição de antes, porém com a mente vagando por lugares nem tão infantis assim. Embora fantasiasse a si mesmo constantemente em situações um tanto íntimas com o outro Kim, nunca tiraria coragem para lhe dizer. Muito menos fazer algo.

Acabar com a reputação de seu grupo por um escândalo homossexual? Não que houvesse algum problema, mas era a última coisa que estava em seus planos, mesmo sem saber como o mais novo reagiria. Além de Jongdae ter tido uma criação católica, moravam naquele continente asiático ultraconservador, no fim das contas.

À CapellaWhere stories live. Discover now