Capítulo Único

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Sempre ouvi dizer que se a gente repete muitas vezes uma mentira, ela vira realidade; então por que quando eu repito que você não morreu, você não entra pela minha janela como fazia antigamente?


Eu sou do contra. Meu terapeuta disse que seria bom se eu começasse a escrever em algum tipo de diário, e não vou negar, adorei a ideia. Mas como eu disse, eu sou do contra, não vou chamar esse caderno de diário.

Mas... Pensando bem... Algumas pessoas pensam da mesma maneira, não chamam o diário de diário porque muitas pessoas chamam, então... Ok. Eu vou chamar esse caderno de diário para contrariar os contrariadores. Eu sou totalmente independente, não preciso de um rótulo!

*Rabisca tudo*
*Arranca a folha*
*Amassa*
*Joga no lixo*
[minutos depois]
*Pega o papel*
*Desamassa*
*Grampeia de volta*
*Continua escrevendo*

Certo, vamos começar de novo. Eu me chamo Miquéias e tenho dezessete anos, moro no porão dos meus pais por um motivo que explicarei depois, o terceiro ano começou a quase dois meses e eu fui poucas vezes para a escola, eu trabalhava como ajudante de açougueiro no verão, tenho um cachorro que eu chamo na frente dos meus pais de Spike mas sozinho é Sergay, eu gosto de pintar, não só quadros mas tudo, principalmente a mim mesmo, adoro me sujar de aquarela, me sinto mais bonito quando faço isso e quando estou com George também.

George é o pivô de tudo isso pra ser sincero. Desde ser obrigado a ver o terapeuta à chamar o meu cachorro de Sergay. George é culpado de muitas coisas, e, uma delas é ter perdido todas as partidas no Super Mário ontem a noite, aliás, George também foi culpado em me viciar em Super Mário.

No final do verão George disse que tinha uma coisa para me contar lá na casa dele, ele me disse que era urgente e que eu precisava ir até lá meia noite, mas por que meia noite? Eu perguntei, só venha, ele me respondeu. Não questionei mais, os pais de George eram dois drogados, certamente ele queria desabafar sobre isso comigo. Então eu fui no horário marcado.

Quando os pais dele usavam aquela droga de injetar na veia, eles ficavam violentos, então quando não sabíamos se eles estavam usando ou não, por via das dúvidas, eu escalava uma escada que George deixava nos fundos, ao pé da janela de seu quarto, e foi isso que eu fiz naquela noite.

George estava sentado na cama só de cueca boxer vermelha, ele parecia muito mal, estava muito tenso e o rosto vermelho de irritação. George era sempre tão tranquilo, aquilo foi estranho para mim. Então eu me aproximei e me sentei ao seu lado, ele suspirou de cabeça baixa e repetiu que precisava me dizer uma coisa.

Pode dizer, eu falei. E ele falou. Tudo atropelado pela velocidade e meio rouco por causa do sono, mas eu entendi.

George disse que não podia mas ser meu amigo.

Eu fiquei em silêncio por algum tempo esperando o motivo vir em seguida, mas não veio. E isso foi motivo o suficiente para me fazer surtar. Empurrei ele de lado o fazendo cair na cama apoiado no cotovelo e me olhar surpreso.

Vá para o inferno! Eu gritei sem me importar com os seus pais. Quem você pensa que é pra fazer pouco caso de mim desse jeito?! É por isso que ninguém gosta de você na escola! Você é um tremendo de um puto, George!

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⏰ Última atualização: May 18, 2021 ⏰

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