— Ainda não sei como você conseguiu me arrastar para cá. — Murmurei, abaixando meu livro. Emilly me olhou com um sorriso.
— Eu sempre consigo o que quero Daniel e eu precisava te tirar da sua toca.
Suspirei entediado, coloquei o livro no bolso do moletom e me endireitei na arquibancada. Emilly havia me obrigado à vir no primeiro jogo de futebol americano da faculdade. Não me interessava nada por esportes ou qualquer coisa similar que tenha o intuito de se movimentar, porém cá estou eu, olhando para o campo vazio. Faltava poucos minutos para começar o campeonato entre os blocos e a única coisa em que eu pensava era como eu desejava estar coberto na minha cama, jogando alguma coisa em meu console.
— Sabe, — Emilly voltou a falar. — você precisa respirar novos ares. Vai acabar necrosando se ficar intocado jogando vídeo games o dia inteiro.
— Você sabe que eu faço outras coisas. — Peguei uma coxinha de frango do balde em seu colo, molhei no molho picante e comi. — Eu estudo também.
— Deve doer necrosar. — Eu ri, pegando outra fatia de frango frito.
Continuamos com este debate até Luis, um ficante de Emy, se aproximar e sentar-se do seu lado, cortando totalmente o papo. Minha melhor amiga poderia ser considerada uma beldade: loira e olhos cor-de-mel, sem contar seu corpo curvilíneo e tinha um senso de humor apurado. Muita gente não entendia como Emilly Freech era amiga de um esquisitão nerd, como eu. Por isso, Luis me ignorou, como sempre.
— Como você está? — O idiota disse, passando o braço por cima dos ombros dela. Ele não notou o molho apoiado no andar de cima das cadeiras e esbarrou no pote, fazendo-o cair nas nossas cadeiras e me sujar. — Opa, foi mal, continuando ...
— Vou me limpar, já volto Emy.
Levantei sem nem olhar para trás, ouvi ela me chamar, mas ignorei. Não suportava esse cara e nem entendia o por quê dela estar com Luis. Ela podia ter qualquer um, então por que ter alguém como ele?
Sai marchando, contornando o campo. Estava olhando para o chão, já que imaginava as pessoas me vendo e sussurrando maldades. Por esse motivo, esbarrei em alguma coisa. Cambaleei para trás e empurrei meu óculos com o polegar, depois levantei o olhar para a pessoa, também conhecida como muralha, em que eu tinha batido. Era um dos jogadores e ele usava um capacete, por isso não consegui ver quem era, porém pude ver o número 12 estampado em sua camiseta.
— Ér, desculpa. — Murmurei, coçando o pescoço.
— Tranquilo. Molho. — Ele gritou, já que a plateia começou a gritar ao vê-los. — Sua roupa está suja.
— Ah, sério? — Olhei para baixo e depois arqueei uma sobrancelha. — Obrigado Sherlock, adorei o apelido.
Passei pela equipe, empurrando-o um pouco para trás. Eu não andava com muita paciência com estes comentários. Desde que eu entrei na universidade, todos os grandões pegavam no meu pé, me enchendo o saco e fazendo bullying comigo. Aproveitei a onda de coragem que tive, já que não sabia quem era debaixo do capacete, e respondi. Estava querendo a muito tempo calar a boca de todos eles.
Virei a esquina, aproximei-me do banheiro masculino. Antes de entrar, verifiquei o perímetro, colocando minha cabeça para dentro, como estava vazio, entrei por completo. Me apoiei na pia e encarei meu reflexo no espelho. Sempre fui o ignorado, só porque não me encaixo no padrão de beleza deles. Chacoalhei a cabeça, limpando meus pensamentos e iniciei o processo para retirar aquelas manchas vermelhas.
Passei uns cinco minutos esfregando, porém ela não saiu por completo. Que noite excelente. Desisti de tentar retirar a sujeira e me afastei da pia. Ouvi uns barulhos vindos do corredor e engoli em seco. Me coloquei dentro do boxe mais perto da porta e esperei-os entrar.
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Descobrindo o verdadeiro eu
Teen FictionJá na faculdade, Daniel Grotse sofrem muito bullying e sofre por, simplesmente, gostar de jogar vídeo games, ler e estudar. Conhecido como o nerdzinho ou bicho do mato, ele se tranca em seu quarto, se privando dos bulliers. Até que sua melhor amiga...