Amizade Assassina.

Encontro as escuras

Nada além da mera sensação de que seria pego a qualquer instante, de que sua vida mudaria em um piscar de olhos. Mas a todo momento, Pedro se perguntava se o pior não seria o melhor. Dúvidas pairavam pelo ar, ar esse que estava inexplicavelmente gélido.

📱 - Hey, Carlos tudo bem? Está vindo ? Tem certeza que quer ir pra um parque, está uma friaca... - perguntou Will.

📱- Oi, acabei de sair de casa, nossa que frio, se tiver alguma sugestão melhor? Não curto muito esses barzinhos e tal, fica uma coisa muito na vista. - disse o pseudo Carlos.

Esse não era o primeiro encontro de Pedro, mas ele sempre tinha aquela sensação de estar sendo perseguido, essa sensação de estar sendo observado aparentemente ocorre quando se está fazendo algo errado, subentende-se que fazer algo escondido é fazer algo errado.
Mas Pedro não estava fazendo quase nada de errado, além da identidade falsa e algumas omissões para familiares e amigos.

📱- estou de carro, podemos ficar no estacionamento mesmo, o que acha ? Como já sei que vc não curte motel, podemos ir pro meu apart - Perguntou Will.

📱- De boas, pode ser, estou no metrô, assim que chegar te aviso. - Respondeu Pedro.

Ao encontrar-se com Will, teve uma leve impressão de que não seria o que ele esperava, obviamente as fotos que Will havia lhe enviado eram de quando ele era mais novo. Pois atualmente ele parecia ter ao menos uns dez anos a mais do que nas fotos que havia lhe mandado.

- Carlos, você bem mais gostoso pessoalmente. - Disse Will, lhe dando um abraço e um beijo no rosto.

- Não posso dizer o mesmo de você! - obviamente foram seus pensamentos sem nenhum filtro, mas lhe agradeceu retribuindo o beijo no rosto.

Os dois conversaram de forma a confirmarem o que já haviam falado no chat do aplicativo, Pedro dando a entender que gostaria de partir para a segunda fase do encontro, quando Will lhe responde abruptamente.

- Uma pena você estar desanimado com um relacionamento mais sério. Seria maravilhoso dormir com você. - disse Will corando.

- Na realidade quero curtir, fast foda é exatamente o que eu quero, não sou assumido e não pretendo fazer isso tão cedo. Então não me vejo em algum tipo de relacionamento que não seja o de amizade e sexo. - respondeu de maneira direta de forma, erguendo a sobrancelha esquerda que deixava transparecer seu desgosto em falar sobre aquilo.

- Uma pena, mas vamos mudar de assunto, o que você acha de irmos pra um lugar ? - disse Will que passava a mão discretamente na perna de Pedro.

- Quem sabe um dia, ainda sou muito novo pra relacionamentos. Pra onde você quer me levar ? Não sendo motel.

- vou te levar pra lugar especial que você vai gostar, normalmente eu te levaria pra minha casa, mas como você é do estilo fast foda e não gosta de motel. Um barzinho novo na república.

A princípio aquele local não parecia nada a mais do que um simples bar, dentre diversos outros no centro de São Paulo, ao entrar Pedro achou o bar aconchegante, a sensação era de um ambiente iluminado a luz de velas, inclusive e a primeira vista o bar era singelo, porém agradável.

- Bacana, nunca tinha entrado num barzinho assim... - disse Pedro ao sentar-se em um puff próximo - só achei um pouco pequeno, deve ser um problema pra achar mesas quando está cheio.

- Isso é quase que uma faixada, o bacana, levante-se que vou lhe mostrar. - disse Will ao puxa-lo para uma entrada que mais parecia-se com a saída pra um fumódromo ou corredor dos banheiros. - Aqui que a mágica acontece.

Pedro obviamente ficou um tanto quanto assustado ao se deparar com uma escadaria no breu de uma luz avermelhada bem baixa, com uma Televisão na parede onde ele havia se separado com um filme impróprio para menores.
Sua cara de espanto foi tamanha quando ao pé da escada estava um homem encostado na parede se masturbando, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo de ser realizado num bar.

- Você me trouxe em um puteiro - disse baixinho no ouvido de Will, num tom absurdamente de reprovação, quando que mentalmente seus pensamentos pareciam milhares de borboletas voando.

- obviamente, isso não é bem um puteiro, é uma casa de swing, um cine prive, ou simplesmente um darkroom, defina como você quiser, apenas divirta-se Carlos.

Pedro não sabia o que fazer, se arrancava a roupa, o que poderia fazer, em seus pensamentos rolava de tudo, menos receio ou repulsa por estar ali.
Adentrando aquela semi-escuridão, não havia reparado que o homem que estava no pé da escada havia lhes perseguido labirinto adentro. Quando percebeu que alguém havia lhe abraçado por trás e lhe apalpado.
Além do susto, o tesão pelo qual estava passando havia sido único e de uma sensação maravilhosa. O local era nada mais nada menos que um labirinto, com algumas cabines de onde Pedro podia perceber saiam muitos gemidos e inclusive portas abertas o chamando para adentrar aquele espacinho minúsculo que lhe daria muito prazer.
Aquele êxtase havia sido absurdamente incontrolável, um êxtase que nunca havia sentido antes, uma sensação que provavelmente se assemelhava a algum entorpecente, porém advinha absoluta e naturalmente de seu corpo e mente sadios. Apenas percebeu que eram praticamente vinte e três horas e meia.

- meu Deus, preciso ir embora - pensou e por pelo menos uns dez minutos ainda percorreu o bar atrás de Will mesmo sendo gostando de fast foda, não era do tipo insensível.

Pedro estava indo embora quando passou pelo hall onde ficava o bar se deparou com o barman que lhe encarou, saiu de trás do bar com uma bandeja e um copo vazio, apenas com um bilhete dentro. Pedro então pegou o bilhete e tomou seu rumo.