capitulo 3- meu pai

22 6 0
                                    

- sim, as pessoas estão indo de mal a pior, por existir pessoas curiosas como você no mundo de hoje
Misericórdia, não percebi que tinha dito em voz alta
Não gostei desse garoto, menino debochado
-Haha, não achei graça
- Não foi piada querida.

Me viro para frente e tento focar em algo que me desperte a atenção, o ventilador que gira ao centro, emcima da lousa negra.

Alguns professores se apresentam, outros nem perde o tempo, parece mesmo que o mundo decidiu colocar apenas pessoas ruim na minha vida, mais tudo ficará bem
- Vocês podem ir agora, até amanhã
Diz um professor que não encara ninguém, além de uma ruiva de seios fartos.

- Ei... foi mal por hoje , não queria ser tão ignorante, prazer meu nome é Kenedy Borges

É o garoto que me sentei ao lado, mais cedo.

- São por pessoas como você que o mundo não melhora.

Viro as costas e sigo rumo a porta , quero chegar em casa e esquecer que o meu dia não foi dos melhores
No caminho de volta para casa pego uma chuva lascada, e pra ajudar meu ônibus não chegou até agora, e cá estou eu, com fome, molhada, e morrendo de frio. Eu queria muito saber porque moulborne é de lua assim, um dia um calor de fritar ovos no asfalto, outro de congelar o mundo, juro que não entendo.

- Ei

Ouço alguém gritar ao outro lado da rua.

- Quer uma carona ?

Me viro para olhar quem é e me deparo com a Cristina, a menina mais estranha que já vi na vida, achei que ela não tinha gostado de mim.

- Ah não, tudo bem, meu pai está vindo me buscar.

- ok então, boa chuva pra você.

Voces podem até achar conveniente essa resposta, mas não.

Meu pai foi morto em uma troca de tiro entre faccões e  polícias, mais não pense que ele era o bandido, e muito menos o policial que estava supostamente salvando vidas por aí, ele era o jardineiro que saiu para  comprar terra preta para colocar na casa onde estava fazendo um bico naquele dia.

Eu sofri muito quando soube, mamãe tem suas manias exatamente por isso, ela é quieta, distante, mais sempre se manteve forte perante aos outros.
Me lembro como se fosse hoje, eu tinha treze anos quando aconteceu, estava um dia de sol muito bonito e papai tinha recebido a oferta para fazer um novo jardim nos plantares próximo, no bairro de Grellght, um dos mais chiques daqui.
Mamãe estava feliz, pois na janta iríamos comer batata com cenoura, porque o senhor Cleiton, nome do meu pai, tinha conseguido algo para ganhar dinheiro. Ele saiu, e eu decidi que não queria ir a escola, pois minha primeira menstruação tinha vindo naquele mesmo dia pela manhã, dona Mariana também ficaria em casa, já que estava sem trabalho a algum tempo.
Cerca de 4 horas se passaram, quando começou a chover, mamãe tinha colocado roupas no varal, e tive que ajudá-la a tirar. Alguém bate à porta, uma batida forte, um tanto desesperada

- oi, desculpa incomodar a senhora mas...

Mamãe olha assustada para o homem que está a sua frete, ele é gordo, alto e tem cavanhaque
- Olá, o que foi ?

- seu marido minha senhora, acabou de ser atingido por um tiro certeiro, e infelizmente não resistiu.

Na hora que ele terminou de falar mamãe caiu dura no chão.
Acho que é por isso que sou tão cheia de esperança, porque cresci esperando meu pai voltar para casa, e sempre vou esperar que as coisas de melhor aconteça, onde quer que seja.

Thank Me Onde histórias criam vida. Descubra agora