.ele (não) queria, mas acordou sozinho

39 4 2
                                    

Lee Taeyong relembra-se que quando tinha oito anos de idade, acordava cedinho, com a coberta enrolada no corpo pequeno, olhos meio fechados, meio abertos, passos trôpegos com a certeza de deitar no sofá da sala para assistir os seus desenhos prediletos, que só passavam de manhãzinha, quando o silêncio era conforto e o sol era pouco. Lembra-se de memórias confusas, que o confundia dizer se havia dormido ali, encolhido, a noite toda; ou se o mundo apagou-se sozinho diante de si. 







Taeyong têm muitas lembranças embaralhadas, como jogos de cartas que não sabe distinguir um às de um copas.





Taeyong lembra-se de ter vestígios de momentos felizes com amigos, que atualmente, são apenas estranhos. Sente o seu primeiro poema favorito na pontinha da língua, guardadinho em um lugar precioso, mas é incerto, não sabe o nome, o autor. Sabe somente da capa amarela, que aparece brilhando com o rei da selva. Recorda-se de ter ido ao zoológico e achado graça da mulher com um brinco de pintura das asas de um pavão, que saiu correndo do bicho bonito que a seguia. Sente a desconfiança do animal que atraí pela beleza até hoje, dizendo-o para correr e sequer chegar perto de um. 





Taeyong projeta diversos atos de ciclos vagos e viciosos em sua particular tela de cinema três-D, que o transmite - inclusive - aromas e sensações, que desconhece se sente na alma ou no coração. 





Era, no entanto, sabido para Taeyong, o quão descuidado sempre fora. Precipitoso (por demais), como um abismo em ruínas, corroído por desejos efêmeros, que atormentariam senão os fossem realizados. Taeyong compreendia inúmeras coisas - e talvez não o suficiente -, mas não entendia o porquê de  acordar em um hospital, sozinho, desprezado por desconhecidos, que um dia dispuseram-se com as mais distintas etiquetas, espalhados por entre a sua vida. 





Taeyong não lembrava-se de si mesmo, quando acordara desamparado, em uma realidade que desejava que não fosse a sua; porquê Lee Taeyong não queria que àquela fosse a sua existência. Taeyong ansiava que tudo fosse apenas um sonho longo, daqueles que tu sente que dormiu somente por algumas horas e acorda perdido no tempo e espaço. Taeyong esperava acordar em sua própria cama, com os raios de sol em sua face, aos oito anos de idade, descobrindo que tudo&nada não passava de um sonho ruim. 





Taeyong está preso em um labirinto que não o pertence.  

.desenhos e cobertas quentinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora