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FILOSOFIA

substantivo feminino

1. amor pela sabedoria, experimentado apenas pelo ser humano consciente de sua própria ignorância [Segundo autores clássicos, sentido original do termo, atribuído ao filósofo grego Pitágoras (sVI a.C.).].

2. no platonismo, investigação da dimensão essencial e ontológica do mundo real, ultrapassando a opinião irrefletida do senso comum que se mantém cativa da realidade empírica e das aparências sensíveis.


Grifei a primeira opção que meu dicionário havia apresentado, apoiando a cabeça no punho enquanto esperava o professor finalizar sua introdução. Em seguida ele falaria sobre a nossa futura apresentação para um público que não era da escola, por isso precisaríamos ter algo em mente de acordo com as exigências dos professores.

─ Como um professor de filosofia, eu poderia simplesmente passar algo sobre Aristóteles, ou pedir que explicassem em uma palestra quem era Platão. Mas fora sugerido por alguns professores que eu falasse sobre algo mais comum na população: o amor.

Um pequeno burburinho se alastrou pela sala, mas por estarem aparentemente interessados em nosso novo assunto, muitos prestaram atenção.

─ O que é o amor para vocês?

Um aluno levantou o dedo, enquanto ajeitava o óculos em seu rosto.

─ O ato de sentir-se atraído por uma pessoa.

─ Certo, mas o que eu quero é saber sua opinião. ─ afirmou o professor, sorrindo gentilmente para o garoto. Este último abaixou sua mão e permaneceu quieto.

─ Sofrer. ─ a palavra subitamente sai entre meus lábios, fazendo a atenção do mais velho se virar para mim e levando alguns alunos a risadas.

─ Poderia nos dizer o motivo?

─ Vamos supor que uma garota se apaixona, isso de fato é bom. Mas e se o amor for unilateral? E se, por algum motivo, a pessoa pela qual ela é apaixonada resolve iludi-la dizendo que sente o mesmo? Isso não é tão atrativo como muitos dizem ser o amor.

Algumas pessoas concordaram comigo enquanto outras resmungavam entre si, fora a pessoa que levantou a mão e resolveu se pronunciar:

─ Discordo.

Todos olharam para o dono da voz grossa, inclusive eu.

─ O amor é, como muitos descrevem, fonte de grande felicidade e início de sentimentos bons. Considerando seu exemplo, posso afirmar que mesmo em um triângulo amoroso, a pessoa pode sentir felicidade perto de quem gosta. ─ o menino se vira para mim, levantando-se lentamente.

─ Sua ideia é muito vaga. Sofrer também faz parte do...

─ Mas ambos os lados são bons para ter um equilíbrio, não? ─ uma garota até então desconhecida por mim retruca, me deixando mais confusa ainda. Não tinha sentido.

─ Já parou pra pensar que a porcentagem de pessoas felizes com o amor é maior do que a sua suposição? ─ o garoto se volta pra mim, ignorando a outra.

Pensei um pouquinho em sua afirmativa, mas antes que eu prosseguisse com a fala, o professor nos interrompe com uma risada.

─ Isso é ótimo! Vocês dois farão um projeto para apresentar em público, gostaria de ver o que irão planejar para o público. Isso será interessante.

Olhei de soslaio para o menino que já se sentava em seu lugar, embora surpresa pelo que o professor acabara de dizer, fiz o mesmo.

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─ Achei ridículo mudarem os alunos de sala do nada! Logo no segundo dia fiz questão de ser suspensa da aula. ─ reclamou AeRa quando me viu. Ela pintava suas unhas de rosa claro, cor típica de uma patricinha como ela.

AeRa é minha amiga desde que entrei aqui, ela é muito oposta de mim. Enquanto eu sou um pouco introvertida, ela é extrovertida, fora que a cor de seus acessórios é vibrante; já eu sempre opto por cores menos chamativas, claro, quando eu resolvo usar algum acessório.

Já bastava o uniforme não fazer meu tipo.

Enfim, semana passada nossos professores exigiram que fizessem trocas de alguns alunos nas salas, e eu fui uma no meio desses alunos, apesar de sempre ser comportada dentro da sala. Ontem havia começado meu primeiro dia com a troca e eu tentava me habituar em não ver AeRa do meu lado enquanto passava maquiagem ou algo assim.

─ Hoje eu debati com um garoto e resultou que somos responsáveis por criar um projeto. ─ balbuciei, comendo um pouco do biscoito que minha amiga oferecera.

─ Já falou com ele?

─ Não.

─ Ele é bonito?

─ Não pude jugar isso porque estava ocupada digerindo o que ele dizia.

─ Minah, você é tão voada! Devia prestar mais atenção.

─ Sabe que não me importo com aparências. ─ devolvi o pacote, mastigando sem vontade.

Como sempre fazia quando eu dizia isso, AeRa revirou os olhos e finalizou o retoque das unhas, satisfeita com o resultado. Já tinha dado a hora de ir embora mas eu fiquei aqui esperando ela enquanto ouvia seus problemas.

─ Vou pegar meu material, já volto.

─ Se demorar eu vou embora.

Balancei os ombros, não ligando muito porque no fim ela sempre me esperava. Caminhei até a sala e vi o garoto de antes guardando seu material. Guardei o meu de qualquer jeito na mochila e a joguei nas costas, evitando contato visual com o único presente no lugar. Estava quase feliz por ter conseguido quando sou puxada pra trás e meu corpo colide com outro.

─ Somos responsáveis por um projeto, não?

Olhei para trás e lá estava ele com sua voz rouca proferindo essas palavras lentamente.

─ S-sim... ─ me praguejei mentalmente por ter gaguejado, mas me soltei e permaneci calada a sua frente.

─ Me chamo Taehyung, e você?

─ Minah.

O garoto que agora descobri se chamar Taehyung, puxa minha mão e nela deposita um papel pequeno.

─ Aqui está meu número, entre em contato comigo que pensaremos em fazer algo.

─ Espera, v-vamos mesmo fazer isso?

─ Sim.

─ Certo. Até mais. ─ me afastei, mas Taehyung novamente se aproximou. ─ O que você está fazendo?

─ Você pode ser considerada alguém que não acredita no amor?

─ Sim? ─ concordei em meio a dúvida.

─ Então... ─ iniciou.

─ O quê?

─ Me deixe te mostrar como é o amor.

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