Boa leitura!
HoSeok sentiu sua respiração se entrecortar antes de guardar o celular que até o momento estava em sua mão no fundo do bolso de sua bermuda jeans de lavagem clara.
Estava pulando um muro; o muro da casa de seu melhor amigo, no qual tinha como seu passatempo favorito preocupar o Jung e resmungar quando o acastanhado lhe fazia uma piada.
Sentiu vontade de rir baixinho ao pensar nas atitudes grosseiras e sem jeito do outro, no qual tentava a qualquer custo lhe desviar um abraço ou um elogio quando recebia.
Iria se permitir se perder nos doces pesamentos que compartilhou com YoonGi, se não estivesse tão focado em apoiar todo seu peso em seus dedos, que estavam praticamente encravados nos poucos tijolos que saiam do muro.
Entre pulinhos e outros, finalmente conseguiu adentrar ao pequeno jardim de girassóis e lírios-do-brejo que o pequeno cultivara em homenagem ao Jung quando eram pequenos, ele amava lírios-do-brejo, enquanto YoonGi os girassóis.
Quando pequenos, prometeram fazer um enorme jardim que inundaria o mundo de amor e YoonGi tentou pelo menos fazer uma pequena porcentagem daquilo tão inocente e impossível; ele era tão doce.
Um pequeno gemido de dor escapou de seus lábios quando sentiu as pontas de seus dedos latejarem em uma ardência, junto do líquido cor de carmim, que saia do tal lugar, culpa da força que fizera.
Ignorando as pequenas feridas e focando nas de seu coração, tomou coragem e foi andando em passos nervosos até a porta de madeira no fim do jardim.
Suas mãos trêmulas se direcionaram até a maçaneta gelada e a virou, se surpreendendo com a porta aberta.
Adentrou receoso e varreu seus olhos pela pequena sala da residência humilde vendo pequenas pétalas de lírios-do-brejo espalhadas pelo chão amadeirado da casa.
— YoonGi! – chamou-lhe por seu nome. Não obteve resposta.
Seu coração se debatia freneticamente em seu peito.
— Yoon! – gritou novamente, sentindo seu âmago arder. Estava na cozinha e nenhum sinal dele, apenas das pétalas.
Sua mente estava em estado de verdadeiro alarido, enquanto seus sentimentos gritavam em súbita balbúrdia, vindos diretos das profundezas do coração.
Subiu as escadas rapidamente, sentindo sua voz lhe faltar. Em frente ao quarto do alvo, encontrou um lírio inteiro enfeitando o cantinho da porta.
— Yoon... – sua voz era trêmula e baixinha, um nó havia se formado lá.
Suspirou entrecortado antes de adentrar no último cômodo que lhe restava. Já havia vasculhado o banheiro, a sala, a cozinha e também o pequeno depósito de ferramenta de jardinagens que o pequeno tinha.
Ele realmente tinha se empenhado em cultivar as flores para HoSeok.
Engoliu em seco e finalmente aproximou sua mão da porta, a empurrando já que estava aberta.
Seus olhos se prenderam no corpo miúdo na cama, em volta tudo o que via eram os móveis lotados de pétalas – e até flores e jarros inteiros dos lírios delicados e branquinhos; algumas tijelas de sopa e remédios estavam postos encima do pequeno criado mudo do Min, enquanto o cheiro da flor estava impregnado por todos os cantos do ambiente.
Sentiu lágrimas se formarem nas laterais de seus olhos ao ver o menor naquele estado. Estava tão pálido quando antes, seus olhos se mantiam fechados e a serenidade em seu rosto era evidente.
O coração de HoSeok parou.
Suas pernas quase que em automático se moveram em passos longos e apressados até a beirada da cama, onde se sentou.
Não conseguiu gritar, não conseguia chorar, não conseguia mas queria.
Estava estático e tremendo como nunca.
— S-suga hyung. – sua voz estava embargada pelo choro que queria inundar sua alma.
Não obteve resposta e apenas o chacoalhou agora falando mais alto.
— Suga hyung! Por favor, acorde! – implorava, não ligando para as lágrimas que já consumiam seu rosto sôfrego. — Não ouse me abandonar aqui!
Repousou sua cabeça no peito imóvel do pálido e soluçou; permitiu-se chorar como uma criancinha ao se perder dos pais.
Estava destruído. Seu coração era consumido pelos trovões árduos da dor que lhe dominava, como um pequeno barquinho na tempestade.
Estava sendo dilapidado aos poucos, frugal era seu amor por aquele pequeno resmungão mas era seu homízio tanto quanto seu próprio lar.
Como iria viver sem encarar aquelas orbes ígneas que amava confrontar? Pedia aos céus para que dessem-lhe um tiro parassem seu coração logo de uma vez, porque a irrupção indesejada da perda lhe matava.
Era perigoso.
Doía.
Era como morrer milhões de vezes a cada segundo.
Afastou seu rosto da camisa preta do rapaz molhada por suas lágrimas doloridas e permitiu-se observar o rosto sereno, que estava pálido.
Ele estava tão belo, ele era tão belo.
Ele foi tão belo.
A beleza fúnebre que havia chegado para tomar de si a vivência de amar, não sabia o que havia acontecido, mas sabia que aquilo lhe matava tanto quanto o cadáver adormecido à sua frente, que descansava profundamente, pronto para nunca mais voltar.
Sua mão foi ao lado do rosto frio, e deixou lá um carinho quente, para que pudesse lhe aquecer no lugar gélido onde estava dormindo.
Seu amor era um anjo, e agora ele estava no céu.
— Suga hyungie... – chamou baixinho pelo nome daquele que amava, como da primeira vez que se viram. — O que aconteceu, hum? Por que está tão sereno desse jeito sabendo que me deixou? – fungava em meio as frases proferidas com pêsar.
Remorso.
Era o remorso; e ele matava.
E Min YoonGi sabia muito bem disso.
⟅⚜⟆
Meu nome é Min YoonGi.
Meu nome é Min YoonGi e eu tenho uma queda pelo meu melhor amigo.
E descobri que o amor mata. Ele mata, queima, tortura.
Ele faz isso com aqueles que não sabem amar. E bem, eu fui um deles.
Cuspi para fora todas as declarações de amor que nunca disse, as vomitei e as pintei com o meu próprio sangue. Elas vieram em forma das flores daquele cujo meu coração foi entregue.
E do fundo do meu âmago, da profundeza dos mares que compoem o meu coração roubado, do labirinto que seus caminhos o fazem eu o amei.
Eu o amei e por isso morri. Porque não soube amar. Amei aquele que nunca pôde ser amado.
Me vi morrendo com flores entaladas em minha traqueia, o fundo da minha alma foi enfeitado pelos doces lírios-do-brejo que meu amado tanto amou.
E Jung HoSeok, eu espero ao Pai que você nunca tenha me amado. Por que senão, meu amor, você cuspirá todos os girassóis que um dia já fui apaixonado.
Não morra de amores, ou por amores. Morra com ele.
E se nossos corações foram destinados, eu sinto muito.
Porque você me amou no tempo errado.
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LUV BEEPS ─ m.yg + j.hs
FanfictionMin YoonGi passa a não ver mais seu melhor amigo, Jung HoSeok.