Djavu

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Tava no busão, voltando do cursinho, lendo meu mais novo livro de autoajuda (ainda to tentando viver sem ler tanto), quando de repente senti um cheiro tão familiar...
Fechei o livro (e os olhos) e respirei fundo. Um sorriso brotou dos meus lábios e fui transportada para quilômetros de distância. O ônibus passou em um quebra mola e eu me vi na sua cama, com minha langerie vermelha e você com sua cueca preta. Juro que ouvi nossa música tocando e, quando pisquei, voltei para o ônibus, com alguém se sentando no assento de trás.
Reconheceria esse perfume em qualquer lugar, mesmo há metros de distância.
O engraçado é que seu perfume não era desses Malbec da vida, mas também não era desses que a gente compra no centrão de BH. Seu perfume sempre foi único, e sempre teve personalidade própria. As próximas mulheres da sua vida poderiam jurar que você nunca usou perfume, e elas nunca encontrariam um frasco sequer nas suas coisas.
Seu perfume não podia ser engarrafado, nem comparado. Seu perfume era aquele cheiro de suor depois do sexo, junto com a fumaça do seu paiol, e um leve toque do seu uísque favorito. Seu perfume também tinha um aroma de mulher, que só depois que terminamos percebi que era meu. Dava pra sentir cada toque do seu perfume separado, e juntos, era um calmante pro meu peito. Meu celular tocou, me tirando do transe, com minha mãe perguntando seo jantar com meu pai ainda tava de pé. E por um segundo lembrem do dia em que te apresentei pra ele, e como você tava nervoso porque queria "ser suficiente pra filha dele". Respondi minha mãe e guardei o livro, que estava fechado desde meu primeiro delírio.
Mandei uma mensagem pro meu pai confirmando o jantar e dei o sinal.
Quando levantei, olhei para quem estava atrás de mim, e foi uma dor aliviante ver que não era você.
Bom, hoje faz seus meses que a gente terminou, e seu perfume ainda está impregnado na minha mente.

Meus Melhores (ou piores) TextosOnde histórias criam vida. Descubra agora