Capítulo 3: A DECISÃO

11 1 0
                                    


Chegava na cidade uma senhora muito distinta, ela vinha em busca de moças bonitas, sonhadoras e sem família para alegrar sua casa noturna, prometia o céu para essas meninas, mas também dizia que se não gostasse da profissão isso seria seu inferno, não enganava ninguém, era muito sincera, por isso suas meninas tinham liberdade, podia ir quanto quisesse, e voltar sempre que precisar. Senhora valquíria, a dona dos sonhos de Fernanda.

Dando uma volta pela cidade, viu num pequeno mercado a Fernanda e se interessou logo por ela, seguiu a moça até sua cabana e teve a certeza, a menina certa. Chegou, apresentou e começou a conversar com as meninas, sua conversa era focada na Fernanda apenas então Regina se afastou e deixou às duas conversar.

Valquíria dizia para Fernanda como ela poderia ganhar o mundo nessa profissão, pois, ela tinha beleza e pelas suas pesquisas tinham talento também. Às duas conversaram por hora sobre a vida e o luxo em que ia viver, e quando saiu valquíria deixou plantado uma semente com um sim no coração de Fernanda.

Fernanda e Regina conversaram sobre o assunto, e maravilhada ela queria a aprovação de Regina, que sentiu excluída e pensava na solidão que ia sentir sem a amiga. Mas apesar de achar a vida que amiga estava escolhendo um caminho sem volta e triste, ela não podia tirar da amiga uma chance de sair daquela cidadezinha e quem sabe alcançar uma chance na tão sonhada televisão. Decidiu que não ia pedir para ela ficar apesar de saber que ia morrer de saudade e ficar preocupada, e que essa atitude podia deixar a mãezinha delas decepcionadas, mas o mundo foi feito para ser explorado, e a amiga era livre para ir e sonhar.

Fernanda resolveu que ia pedir a valquíria para levar Regina que podia ajudar com a reforma de roupas e na limpeza da casa, mas valquíria não queria Regina na equipe.

Regina também não queria seguir para esse mundo.

Fernanda então se viu numa dúvida, em abonar a melhor amiga, parceira de uma vida, ou seguir um novo caminho atrás de seus sonhos, um caminho nada bom aos olhos da sociedade, mas que ela na verdade, era fascinada. Então ficou pensado aquela noite e resolveu que devia ir, e assim que fosse possível ia conseguir um cantinho e buscar a amiga, na sua cabeça fantasiosa esse cantinho ia vir rápido, como num passo de mágica, e não iria se deslumbrar fácil pelo luxo e pela vida que ia levar.

O tempo passou e Fernanda encantada com sua vida, com o luxo em que vivia, com os homens aos seus pês, acumulava sua fortuna e por um longo tempo se esqueceu da amiga.

........................................................................................................................................

Ela estava na faculdade, restaurantes caros, passarelas, baladinhas e festas da alta sociedade. Usava marcas como calças Diesel, bolsas Louis Vuitton e sapatos Gucci, circulava com homens casados, solteiros, executivos, príncipes, sheiks e, quem sabe, com aquele amigo seu do passado, cobrava alto a hora de programa.

O mundinho VIP de luxo em que vivia na grande BH era desconhecido e tinha tudo que alguém possa imaginar, desde coisas boas, as mais cruéis e perigosa possível. Logo o telefone dela toca e já sabe, essa noite não vai dormir em casa.

Seu cliente e um grande executivo japonês da indústria automobilística, ele vem regularmente ao Brasil. Assim que desce do avião, telefona para Fernanda e segue para o restaurante do hotel mais conhecido da região — um dos melhores do Brasil, onde qualquer mulher é recebida como rainha desde a entrada até a mesa. Com uma peça da Gucci (presente desse cliente) e bolsa Louis Vuitton, ela senta à mesa de frente para o "gringo", um homem bonito, bem-vestido e com um perfume que embriaga qualquer felizarda que tem o prazer de cheira-lo.

Ele segura sua mão, diz que está linda e pergunta o que quer beber. "Veuve Clicquot", responde à garota sem precisar consultar o cardápio. Foi com ele que aprendeu que essa e uma das melhores marcas de champanhe. O garçom serve a garrafa que custa muito dinheiro. Ela nem agradece. Abre o cardápio e seus olhos deslizam pela fileira dos preços. Nem lembrava o que havia comido da última vez, sempre escolhia pelo mais caro, porque vendo que você é cara os clientes davam presentes bons.

O raciocínio vale também para roupas e carros, era como ela vazia seus investimentos. Fernanda fazia parte de um grupo seletivo de garotas de programa da casa de valquíria, e engana-se quem pensa que ela se resumia em ser "modelos-manequins". Ela também estudava marketing, entre outras ocupações. Passar uma hora com ela custava uma fortuna para muitos. Mas com esse cliente fixo algumas coisas eram bem diferente.

A primeira e mais importante é que ele pagava em euro e o valor ficava acima da média. Pelo preço que ele pagava, ela até passava a noite numa suíte cinco estrelas com ele. Além dele ser um cliente bonito e educado, apesar de ter seus 50 anos.

Morava em regiões de classe média e média baixa, era discreta, além de ter uma silhueta de modelo e não se vestia com decotes extravagantes, saias curtas e barriga à mostra. Não mentia o nome nem negava beijo na boca aos seus clientes.

As amigas de profissão da Fernanda têm entre 20 e 30 anos e atendem, sobretudo, empresários. Apesar de terem alguns clientes solteiros e jovens, a maioria deles é casada e já passou dos 40. Eles fazem questão de pagar caro por uma hora ao lado de prostitutas que não dão pinta de prostitutas.

Fernanda era muito parecida com as mulheres que esses clientes conhecem nas baladas, mas com elas, eles evitam ficar por serem casados ou para não correrem o risco de se envolver. Ela tinha um cliente que dizia ver as garotas de programa como amigas que ele ajudava.

É melhor que ter uma amante, que pode começar a fazer cobranças que mudaria sua vida pessoal e profissional, enfatizava que a opção não tem a ver com estar mal no casamento, além da atração física, ela dava-lhe elogios que aumenta a autoestima. Por mais que o casamento seja maravilhoso, existem cobranças que com uma garota como ela não fazia. Ela era só o lado bom.

Seus clientes a levava para passear em seus aviões particulares, barcos, helicópteros ou carros luxuosos. Talvez por isso, mesmo quando não está trabalhando ela não cogita a hipótese de usar transporte público. Se interessam sempre por homens que tenham seus 30 anos ou mais.

Quando vai atender os clientes, ela usa táxi ou seu próprio carro que é um modelo importados automáticos, da Tucson. Se o cara é solteiro, muitas vezes são recebidas na casa deles, em locais de classe alta, como os bairros Belvedere e Sion, ou cidades como Nova Lima, Lagoa Santa, entre outras. Com os casados, os encontros costumam acontecer durante o dia, nos hotéis de luxo.

Por receio de serem vistos, os brasileiros não costumam circular com ela em lugares públicos. Em compensação, os estrangeiros parecem fazer questão do contrário. Ela sabia que seu tipo de mulher, os cara quer exibir como prêmio, contratada por gringos, como esse cliente, através da sua agenciadora (Valquíria).

Das outras mesas do restaurante, mulheres acompanhadas de seus maridos curvam o pescoço, como que para ver melhor a menina que está com aquele belo homem. Fernanda não desvia o olhar do cardápio nem do cliente "Mulher, sempre que vê outra mulher bonita, olha com reprovação, é normal", pensava ela sempre.

Fernanda vivia sua vida de luxo e lixo, como ela mesmo dizia, tinha dinheiro, um belo apartamento e sentia felicidade, até um dia se sentir sozinha e pensar na amiga, já havia se passados 10 anos, ela agora aos 28 anos de idade, sentia falta da amiga, de ter filhos, maridos, cachorros, gatos e de se banhar na cachoeira de sua linda cidadezinha no meio do nada.

Ela estava pensando em Regina, minha amiga o que fez esses anos, o que eu fiz por você, onde você anda, e seus sonhos, sua vida, nossos amores, onde andam e o que fazem da vida.

Chorou muito e percebeu que não sentia só saudade, não havia conseguido nada do que queria na vida, pois ela quando veio não sabia o que queria...


AMORES E DESTINOS CRUZADOSWhere stories live. Discover now