Abre alas – Eduardo Carioca
Quatro meninas chegam a estação das barcas no centro da cidade do Rio de Janeiro cantando "Abre alas" (Chiquinha Gonzaga).
Abre Alas
Ó abre alas que eu quero passar
Ó abre alas que eu quero passar
Eu sou da lira não posso negar
Eu sou da lira não posso negar
Ó abre alas que eu quero passar
Ó abre alas que eu quero passar
Rosa de ouro é que vai ganhar
Rosa de ouro é que vai ganhaCarol: Preparadas para arrebentar nesse carnaval?
Jennifer: Será que vou ter um amor de carnaval?
Aline: Vai ver que até eu me arrume nesse carnaval, os meninos bebem e te acham linda.
Dani: Carnaval só é bom por causa do feriado.
As meninas entram na barca.
Dois meninos estão correndo pela rua e um deles tropeça e deixa a mochila cair.
André: Cebolão! Tu é ruim de roda heim!
Cebolão: Não sei porque essa pressa, a barca não vai sair agora e o Juninho e o Bira nem chegaram.
André: Não chegaram porque o Juninho é um lerdo, ele sempre atrasa, ainda bem que não viemos com ele pois estava arriscado perdemos a barca.
Cebolão: Mas nunca perdemos a barca.
André: Tudo tem sua primeira vez.
Cebolão: Faz tempo que não vamos a Paquetá.
André: É a volta do malandro!
André começa a cantar "A volta do malandro" (Chico Buarque)
A Volta do Malandro
Eis o malandro na praça outra vez
Caminhando na ponta dos pés
Como quem pisa nos corações
Que rolaram dos cabarés
Entre deusas e bofetões
Entre dados e coronéis
Entre parangolés e patrões
O malandro anda assim de viés
Deixa balançar a maré
E a poeira assentar no chão
Deixa a praça virar um salão
Que o malandro é o barão da raléCebolão avista Bira e Juninho chegarem.
Cebolão: Olha André! Eles chegaram.
André: Já era sem tempo.
Juninho entra na barca cantando "Partindo alto"(Chico Buarque).
Partido Alto
Diz que deu, diz que dá
Diz que Deus dará
Não vou duvidar, ó nega
E se Deus não dá
Como é que vai ficar, ó nega
Diz que Deus diz que dá
E se Deus negar, ó nega
Eu vou me indignar e chega
Deus dará, Deus dará
Deus é um cara gozador, adora brincadeira
Pois pra me jogar no mundo, tinha o mundo inteiro
Mas achou muito engraçado me botar cabreiro
Na barriga da miséria nasci batuqueiro (brasileiro)*
Eu sou do Rio de Janeiro
Jesus Cristo inda me paga, um dia inda me explica
Como é que pôs no mundo esta pobre coisica (pouca titica)*
Vou correr o mundo afora, dar um canjica
Que é pra ver se alguém se embala ao ronco da cuíca
E aquele abraço pra quem fica
Deus me fez um cara fraco, desdentado e feio
Pele e osso simplesmente, quase sem recheio
Mas se alguém me desafia e bota a mãe no meio
Dou pernada a três por quatro e nem me despenteio
Que eu já tô de saco cheio
Deus me deu mão de veludo pra fazer carícia
Deus me deu muitas saudades e muita preguiça
Deus me deu pernas compridas e muita malícia
Pra correr atrás de bola e fugir da polícia
Um dia ainda sou notícia