One - Não fuja!

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Era manhã, o sol já aquecia meu rosto frio, os fones em meus ouvidos tocavam uma melodia lenta e quase triste, sentada na cadeira do ônibus que me levava ao meu destino todos os dias via algumas pessoas sonolentas em suas cadeiras e outras olhando o mundo ao passar correndo pelas janelas do transporte pequeno que permaneciarmos.

Com o passar dos minutos pessoas desciam em seus determinados pontos e as mesma desde que eu subir me acompanhava. A cidade era conhecida por ser bem aconchegante para viver e diz-se que quanto mais a explora mais interessante fica. Ao meu ver, eu não acreditaria de primeira, mas não é um mito. Linhas de trens nos levava a grandes e pequenas regiões, transportes passeavam por todos os lados, bicicletas corriam pelos parques, pessoas iam ao shopping ou conversavam em grupos dando risadas altas e se divertindo. No fim muitas coisas aconteciam e a cidade tinha muitas histórias para contar todos os dias.

E hoje era a minha!

Quarenta e nove minutos foi o suficiente para tudo acontecer, tudo passar em um fio de carga elétrica para correr conforme o "plano" tudo não passava de uma história de terror na minha cabeça, o medo correr em minhas veias, os gritos que saiam abafados da minha boca e de pouco em pouco que vi a minha sanidade indo embora quando três homens me sercaram, puxavam, empurravam e me colocaram dentro de um carro. Homens altos e fortes me segurando pelos braços e pernas me puxando com força quando eu tentava lutar contra, me conduziam até o porta-malas do carro me jogando dentro e trancando a porta. Eu gritava por socorro, berrava aos prantos, implorava por misericórdia, mas minha voz parecia muda, quanto mais eu gritava ela não se ecoava de dentro e quem estive fora não conseguiria me ajudar.

O balançar do carro me deixava enjoada, o medo me fazia gritar por dentro, minhas pernas tremiam, a agonia passava pela minha espinha, meus olhos tremiam de tantas lágrimas que saiam. Eu não entendia o porquê de tudo isso está acontecendo comigo e o que queriam comigo, eu só queria que isso tudo fosse mentira, que tudo isso não passe de um pesadelo, ou uma brincadeira sem graça. Eu só quero acordar desse pesadelo!

Mal eu sabia que era só o começo.

Não sei quantas horas já se passaram, por onde eu estava, quantos minutos faltava pra isso acabar. Pelo menos eu queria sair daqui de dentro, apertado, escuro e sufocante. Já enterrei meus choros e tentei ouvir alguma coisa ou tentar adivinhar quantas curvas o veículo já fez. Direita. Esquerda. Para. Esquerda. Esquerda. Direita. Para. Para!

Sinto cheiro de terra molhada, mantenho minha audição aguçada e escuto a porta bater e botas pisarem o chão. Demora alguns segundos e sinto o porta-malas destravar e uma mão levantá-la para cima. O sol bateu em meus olhos e me fez fazer vista grossa, sinto mãos apertaram meu braço e me puxar para fora, assim que recupero a visão analiso o local em busca de ajuda ou fuga. Mas nada!

Ninguém a vista, ou casas, só os mesmos caras altos e fortes, vestidos de pretos, com camisas de manga longas e um sobretudo por cima. Um deles segurava meu braço com força, enquanto mandava os outros dois homens pegar alguma coisa dentro do carro.

— O que vocês querem comigo? – Digo em um berro quando vejo um dos seus homens trazendo uma maleta preta e o outro uma corda.
— Vocês devem ter se engano. Por favor não me machuque!! – Agarro o braço do moreno ao meu lado e falo em meio ao choro. Ele olha para a minha mão e sorrir. Mas um sorriso falso.
— Amarrem ela, não temos muito tempo. – Ele ordenou.
- NÃO! – Gritei em desespero.
E sem exitar os outros dois morenos me jogaram no chão amarrando minhas mãos.
— Por favor não faça isso, eu não fiz nada! - um dos morenos de cabelos castanho mel sorriu pra mim e depois me levantou me jogando em seus ombros rapidamente.
— Tudo pronto chefe! – Gritou para o moreno alto que estava um pouco distante falando ao telefone. Ele acenou falou mais alguma coisa ao telefone e sorriu, depois desligou.

Por que isso está acontecendo comigo?
O que eu fiz de errado?
Eu não fiz nada!

Era o que eu pensava.

O tempo estava passando.
Eu sentia frio, minhas pernas arrepiavam e os brutamontes que estava a me vigiar não me ajudavam com nada, nem quando pedir água. Procurei algum alívio para a minha mente checando o local, que não era muito aconchegante. Luzes fracas iluminava o cômodo, uma mesa que caberia umas doze pessoas se encontrava no meio da sala e eu estava na frente dela, como se eu estive esperando por alguém. Se é que estou mesmo.

— Preciso ir ao banheiro. – Falei para o brutamonte com força bruta. Ele estava do meu lado direito com os braços cruzados e parecia impaciente.
— Ei! – Gritei chamando sua atenção.
— Eu disse que preciso ir ao banheiro. – Ele indagou com mais um sorriso falso, deu alguns passos na minha frente apoiando suas mãos na cadeira que eu estava amarrada.
— Você é atrevida garota. – Seus olhos eram pretos quase como fumaça depois de um incêndio, ele tinha uma tatuagem no pescoço que sua camiseta de gola alta a escondia e uma cicatriz profunda na lateral do olho esquerdo. — Se você abrir a boca novamente eu irei me certificar de cortar cada lateral dela. Entendeu inseto? – Ele tinha ódio em seus olhos. Virei o rosto.
— Muito bem. - ele dar as costas.
— Mas eu só quero mijar. – As palavras sairam firme e informais da minha boca, mais tarde talvez eu me arrependa depois que eu o vejo parar e cerrar os punhos. O que deu na minha cabeça?

— Você – Ele se virou. — Quer brincar um pouco? – Vi malícia em seus olhos e aquilo me fez tremer por inteiro.
- Não. – Minha voz suou em desespero.
— Não? Ah... Por um minuto eu pensei que estava querendo alguma diversão, afinal, esperar me deixa com tédio. Você não acha? – Ele andava em círculos com suas mãos no bolso da calça.
Em um piscar de olhos ele estava na minha frente sorrindo, mas dessa vez não era falso era de... Felicidade?
— Saia de perto de mim.
— Por que eu deveria?
— Não me toque.
— Não é você que toma as decisões aqui. Você deveria me agradecer.
Por que eu deveria? – Ele se afasta rindo alto.
— Você – Ele apontou o dedo na minha cara.
— É uma mercadoria e tanto. – Indaga com satisfação.
— O que você disse? – Perguntei, mas ele não me respondeu. —
EI! – Gritei.
— O que você disse que sou?
— Mercadoria. – Uma voz masculina desconhecida respondeu, me virei olhando para os outros dois caras que estava atrás de mim mais cedo, mas ele estavam de cabeça baixa.

Eles estão se curvando? Pra quem?

— Vocês não conseguem fazer uma simples tarefa? – Procuro pela voz masculina que ecoava pelo cômodo escuro mas não vejo ninguém. Sinto minha espinha arrepiar e cravo minhas unhas nas cordas, passo meus olhos lentamente nos cantos das paredes escuras e me assusto com o que vejo.

Azul!

Olhos azuis brilhantes me acarava no relento, a sombra do homem que se escondia era sombria como se fosse a própria escuridão, bem acomodado.
Vejo o homem sombrio sair da sua posição e caminhando até mim revelando seu rosto. Diabos! Ele era forte que nem os demais, usava um sobretudo preto, luvas de couro na mão, cabelos pretos que batiam até a testa e um colar vermelho. Não conseguir ver ao certo o que era pois brilhava cada vez mais quando ele se aproximava de mim. Ele parou alguns centímetros de mim sorriu e falou:

- Bem-vinda Ahmya.

O que?

PERDIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora