Capítulo Dois:

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Eu posso dizer que sim, eu não fui uma boa filha, estava bem longe de ser, mas os filhos não são perfeitos! Brigávamos muito, discutíamos mais ainda, tinhamos opiniões completamente diferentes uma da outra, mas me desculpe, que mãe e filho(a) não são assim? 

Quando pensei nisto imediatamente lembrei do dia que brigamos feio, não olhamos uma para a cara da outra o dia inteiro, e tudo isso porque eu à retruquei. Um sorriso saiu de meu rosto!

E ver a minha rainha morta, dentro de um caixão, saber que ela nunca mais levantaria e falaria comigo, que ela nunca mais me daria bronca, que eu nunca mais ouviria a sua doce voz falando: "Eu te amo minha filha", acabava comigo!

Me levantei da perna do meu pai, enxuguei minha lágrimas, e fui até o caixão onde estava o corpo da minha mãe, eu precisava do colo dela, do carinho dela, ela sabia sempre o que fazer, ela tinha sempre a solução, ela não aparecia de oito em oito horas para me ajudar igual remédio, ela aparecia sempre na hora certa. E agora o que eu iria fazer sem ela? Mesmo eu tendo vinte anos precisava dela com vida do meu lado, para me ajudar nas caídas e circunstâncias que apareceria no meio do meu caminho. Em prantos fui em direção ao meu namorado que me recebeu de braços abertos e eu chorei igual um bebê recém nascido.

"Como eu vou saber lidar com a dor de ter perdido a minha mãe?" Eu perguntei para meu namorado, mas não recebi respostas, ele apenas beijou minha testa e me abraçou fortemente, como se quisesse sugar toda a minha dor para ele, como ele sempre fazia, só que desta vez, nada nem ninguém conseguiria arrancar a dor que estava no meu peito.

Não sei como reagir. O que farei ao ver o caixão ser colocado num buraco e depois ser fechado e nunca mais ser aberto? Saber que tudo acabou assim, meio sem sentido...

Eu sei que este é o destino de todos nós, sei que isto chegará para todo mundo, mas ela tinha apenas quarenta anos, tinha ainda um resto de vida pela frente, tinha muito o que aproveitar, muitos sonhos a realizar, muitos sorrisos para dar. E agora, tudo isso se foi, se foi na mesma intensidade que a chuva chega ao chão, e eu não pude fazer nada para impedir isto.

Os últimos dias de vida dela foram horríveis, mas ao mesmo tempo felizes, essa doença foi rápida de mais, bateu na gente tão forte que não tivemos nem como nos proteger de tudo isso,  mas ela não teve culpa, ninguém teve, tentamos fazer tratamento, tentamos salvá-la, mas já era tarde de mais, a doença já havia contaminado e consumido ela.

E lá estava eu na frente de todos, em meio a lágrimas, para prestar minhas condolências para a minha mãe:

"Eu só queria poder ter defendido ela disso, defendido de tudo isso, e eu não consegui. Mãe me perdoa, mas eu não consegui fazer com que esse câncer sumisse de você. Não consegui arrancar ele da senhora, juro que queria arrancar ele com minha próprias mãos, mas eu não consegui, me perdoa mãe! Não tenho palavras para o que aconteceu, só sei dizer que foi algo horrível para a minha vida, para a vida de todos que à amavam. Minha mãe era uma mulher feliz, trabalhadora, que transmitia luz por onde passava. Quantos sonhos e metas ela deixou aqui. A gente nunca pensa que algo assim vai acontecer com alguém próximo de nós, ou com alguém que amamos e quando acontece não sabemos o que fazer, não sabemos lidar com isso, e foi isso o que aconteceu, realmente eu não sei lidar com isso. Mas eu só quero que a imagem que fique dela seja de uma mulher linda, feliz, amorosa com as pessoas, com a família, quero que a imagem que fique seja de uma mulher que nunca desistiu de lutar, que sempre manteve a fé em Deus para fazer o melhor à ela e a todos que amava. Ela era um ser de muita luz. Eu juro mãe que não faço idéia o que farei sozinha naquela casa enorme juntamente com o pai, e não sei o que farei toda vez ao entrar no meu quarto e me deparar com a foto de nós três juntos, ou ver outras fotos suas no meu celular, ou ficar ouvindo durante dias "Meus sentimentos" de pessoas que não fazem idéia do que eu estou sentindo neste momento. Não sei o que farei, como irei reagir. Aquela cena da última lágrima dela nunca sairá da minha cabeça! Eu só sei que nada nem ninguém nunca irá roubar o lugar que ela teve em minha vida, pois eu sei que ninguém jamais fará o que ela fez por mim, me dar a vida. Agora eu digo que por ela não podemos abaixar a cabeça e desistir nunca, temos que realizar nossos sonhos, e pode deixar mãe, vou orgulhar muito a senhora. Eu sei que toda vez que eu lembrar ou ouvir falar dela terei a sensação de que eu consigo mantê-la viva por mais um pouquinho perto e dentro de mim. Eu à amava muito aqui na terra e agora a amarei para sempre. Fique bem aí em cima mãe, que eu com o Pai nos viramos aqui na terra. E é com estas palavras doloridas que eu finalizo o adeus final. Eu te amo minha doce e eterna Mamãe!"

Chegou a hora que eu lutei tanto para não chegar e quando o caixão foi fechado a minha realidade morreu, e novamente eu me vi em prantos, sem caminho, sem nenhuma luz e com a pessoa que eu mais amo, ali, deitada morta...

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⏰ Última atualização: Apr 03 ⏰

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