Kim Taehyung caminhava em direção à sua casa, tinha acabado de sair do cemitério, onde acendera velas nos túmulos dos mortos que faziam parte de sua família.
Era um ritual para o garoto, todo Halloween ele ia no cemitério e acendia as velas. Sempre fazia o mesmo trajeto de volta para casa, primeiro passava pela rua 17, dava a volta pela rua 15 e adentrava o beco que ligava a rua 14 à 12, para andar até a rua 10, onde ficava sua casa.
O beco que ligava a rua 14 à 12 era chamado de Alley 13. O número escolhido para o beco se devia ao fato de carregar o azar e ser o portador de coisas ruins, e ao fato de que acontecera muitos assassinatos e desaparecimentos naquele lugar.
Taehyung sempre ficava incomodado ao passar pelo Alley 13, tanto que apressava o passo para sair daquele lugar o mais rápido possível. O rapaz não sabia explicar o porque, mas sempre sentia como se fosse observado enquanto atravessava o beco, e isso o enchia de medo. Mesmo que nada tivesse acontecido com ele, o Kim conhecia a fama do lugar, e sabia que tinha que passar o mais rápido possível pelo Alley 13 se não quisesse ser a próxima vítima.
O moreno assim que chegou no beco, apertou o passo. Os fios negros voavam com o vento gélido daquela noite, os lábios entreabertos que soltavam o ar rapidamente, os olhos negros semicerrados encaravam o chão, a camisa azul clara larga e os jeans escuros cobriam seu corpo. Taehyung abraçou a si mesmo com um incômodo repentino, um olhar queimando suas costas. O Kim ouviu uma risada feminina, mas esta parou tão repentinamente quanto começou. Então ouviu passos atrás de si, o garoto acelerou sua caminhada e ouviu sua perseguidora acelerar também.
Assustado, Taehyung começou a correr para fora daquele beco, a perseguidora começou a correr também e parecia estar cada vez mais perto. Para o moreno, o Alley 13 parecia infinito, e isso não era nem de longe uma coisa boa. Então, os passos cessaram. O Kim parou, fechou os olhos e respirou fundo tentando regularizar sua respiração ofegante, agradeceu aos céus por sua perseguidora ter desistido dele e abriu os olhos. Ela estava na sua frente, sorrindo.
Taehyung sufocou um grito de espanto ao vê-la. O longo cabelo verde brilhava com a pouca iluminação vinda dos postes de luz, o rosto pálido, os olhos verdes rodeados por uma sombra escura, os lábios tingidos de vermelho rasgados nas laterais, rasgos estes que vinham até a maçã do rosto, um corte costurado na testa, a roupa toda em tons de verde e roxo e... a faca em sua mão direita. Era a própria personificação do Coringa.
─ Olá, TaeTae. ─ A mulher disse, sem tirar o tenebroso sorriso do rosto.
Taehyung se virou para correr, mas foi puxado pela camisa e empurrado para a parede, onde foi preso e encurralado pela Coringa. Ela riu com a expressão de medo estampada em seu rosto e encostou o nariz no pescoço dele, se deleitando com os arrepios de medo do garoto.
─ P-Por f-favor, m-me deixe ir! N-não me m-machuque, eu l-lhe imploro!
─ Mas já? Nem começamos ainda, querido. ─ Ela respondeu com um sorriso sarcástico no rosto.
Antes que Taehyung tivesse tempo de reagir, uma faca foi cravada em sua coxa. Um grito de dor saiu dos lábios do moreno e lágrimas começaram a escorrer por suas bochechas. A faca agora estava em sua barriga. Um grito e uma risada cortaram o ar.
A dor era alucinante, completamente insuportável, o sangue saindo dos machucados feitos em sua coxa e barriga era abundante, mas a risada dela... ela estava se divertindo assistindo a sua dor e desespero, ela estava gostando de vê-lo sofrer. A morte era como uma aliada no meio dos inimigos, e ela nunca lhe pareceu tão atrativa.
─ P-Por f-favor... ─ Taehyung sussurrou, já se sentindo fraco pela perca de sangue.
─ Relaxe, querido. Já estou quase acabando.
Um corte foi feito em sua bochecha, a pele se separou um pouco e deixou a ferida a mostra. Sangue escorria, sua carne era visível, um pedaço da pele pendia e era puxada pela mulher, aumentando o corte. Um grito doloroso saiu dos lábios de Taehyung.
Então, a Coringa veio lambendo delicadamente cada filete de sangue que escorria, até chegar ao corte, onde o sugou com força fazendo o Kim gritar e chorar com tamanha dor que sentiu. A mulher se afastou da ferida para ver o rosto do moreno, um pouco do sangue de Taehyung escorria no lado direito do lábio inferior. O rosto molhado devido as lágrimas, a bochecha esquerda com um corte que vinha do olho ao maxilar, os lábios trêmulos e os olhos marejados. Sangue escorria da barriga e da coxa do rapaz, então a Coringa começou a sugar todo e qualquer sangue que escorria das feridas do Kim, causando uma dor imensa no mesmo.
Quando terminou, levantou o rosto e beijou Taehyung. O garoto estava fraco e não tinha mais forças para lutar, então se permitiu ficar parado.
─ Você é o meu novo companheiro, Taehyung.
Com essas últimas palavras, a mulher pegou a faca e cortou o pescoço do rapaz. O corpo de Taehyung começou a cair, mas foi segurado pela Coringa que ria como se aquilo fosse a coisa mais engraçada do mundo.
Ela esperou pacientemente alguns minutos e enfim viu o primeiro movimento do Kim. Os olhos do garoto se abriram lentamente e estavam brilhantes, como se diante dele estivesse a mulher mais linda do mundo.
─ Bem vindo de volta, querido. ─ A Coringa sorriu e beijou Taehyung, que correspondeu imediatamente.
O moreno beijou o pescoço da mulher e pegou a faca, lambendo o sangue da mesma. A Coringa sorriu contente e entrelaçou sua mão com a de Tae, que parou de lamber a faca para mostrar um sorriso apaixonado. Então, os dois caminharam até uma sombra que havia do Alley 13 e desapareceram.
Anos se passaram e todos ainda comentavam sobre o garoto desaparecido no Alley 13, em uma noite de Halloween. Kim Taehyung, o garoto que voltava do cemitério e que atravessava o beco quando desapareceu misteriosamente.
Alguns moradores da cidade que caminham pelo beco dizem que se você passar por ele após onze da noite, é possível escutar os gritos e risadas daquela noite. Outros já dizem ter visto Taehyung cheio de cortes e ferimentos beijando uma mulher de cabelos verdes no Alley 13, mas toda vez que chamavam seu nome ambos sorriam e desapareciam como fumaça.
Por que não você, caro leitor, não atravessa o Alley 13, no dia 31 de Outubro, e vê com seus próprios olhos? Apenas tome cuidado para não sair machucado... ou apaixonado.
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