Prólogo

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Alguns dias dias
É difícil de ver
Se eu fui uma tola
Ou você um ladrão

O corpo frágil deitado sobre a cama denunciava um cansaço que não deveria existir, os cabelos na altura do ombro estavam esparramados e desalinhados, demonstrando que poderia ficar a vontade mesmo estando fora da sua verdadeira casa. O quarto era mais simples do que estava acostumada, havia apenas uma cama e um armário onde as roupas deveriam ficar, um pequeno banheiro ganhava entrada perto de uma mesa com alguns pergaminhos. A cama tinha o cheiro dele, ela podia dizer que ao pressionar lábio contra lábio ainda podia sentir o gosto dele, os toques dos lençóis faziam lembrar suas mãos fortes e ela se perdia em denaveios com seus sonhos mais impuros.

— Você veio cedo demais. — o prateado atravessou a porta ainda trajando seu típico uniforme. — Sua mãe vai acabar dando pela sua falta no jantar, senhorita.

— Que dê. — ela sorriu levantando o corpo, não havia nenhuma peça que a cobrisse e ele esqueceu completamente do que dizia quando deixou seus olhos caírem sobre ela. — Tens mesmo que ir a frente da batalha? — ela encolheu-se tampando a nudez, como se revelar seu corpo dependesse da resposta do soldado.

— Sabes que sim. — ele suspirou enquanto procurava se desvencilhar do uniforme, em poucos segundos usava apenas a calça de cor cinza, deixando exposto todo seu peitoral trabalhado. — Sou seu general, minha princesa.

Ele dobrou os joelhos enquanto retirava a máscara negra do rosto, ajoelhou-se frente a ela como se soubesse o seu verdadeiro lugar. Kakashi era mais que um soldado para a princesa, não pensava em outra coisa além de escolhê-lo como seu marido, de tê-lo como seu sem precisar esconder nada, ele era seu refúgio e por trás daquela menina cheia de mordomias existia uma mulher desejando ser amada, uma jovem mulher que havia encontrado nos braços de um subordinado o mais forte sentimento.

— O amor precisa ser vivido. — ela sorriu deslizando a mão pelo rosto descoberto dele, os dedos delicados fizeram uma carícia singela e amorosa, trazendo aquele rosto para ela. Beijou-lhe a testa jurando em silêncio seu amor. — Quero vivê-lo com você… — os lábios rosados tremeram temendo encontrar uma resposta negativa.

— E vais… — ele se adiantou pondo as mãos contra o colchão e num ato desesperado tomou os lábios de sua princesa, como se aquela fosse a última vez que fosse fazer isso. — Para sempre. — jurou após afastar-se por uns centímetros.

— Para sempre. — ela manteve o juramento.

[…]

— Senhorita! — uma criada urrou procurando chamar a atenção da princesa, mas Sakura ainda tinha os olhos no horizonte. — Princesa! — chamou-a novamente na esperança de afastá-la dos devaneios. — A tropa retornou ao palácio, senhorita!

Sakura virou-se imediatamente, segurou a barra do vestido pesado de cor neutra e correu para longe da empregada, ela estava esperando por esse momento para assumir seu verdadeiro amor, diante de seu pai e diante de toda a côrte de Konoha, iria assumir que amava o mais bravo dos soldados, que não se casaria com outro além dele.

Os passos ligeiros levaram-a até o meio do pátio, os soldados cantavam e comemoravam a vitória de Konoha, ela podia ouvir a música lhe encher os ouvidos, dançaria com ele assim que fosse possível. Quando notaram sua presença ali, todos abriram passagem, deixando que ela tomasse um rumo sozinha, mas diferente das outras vezes, Kakashi não liderava seus soldados, ela sequer conseguia vê-lo ali. Uma pequena pontada se instalou em seu coração.

— Princesa… — um soldado alto, de cabelos em formato de tigela de arroz se aproximou, ao lado dela ele era realmente alto. Gai era o melhor amigo e fiel inimigo de Kakashi, a quem o prateado lhe confessava tudo, e o romance com ela não ficara de fora. — Estás bem?

— Onde ele está…? — ela implorou, as lágrimas já lhe subiam ao rosto junto com o imenso medo de obter uma resposta negativa.

— Senhorita… — Gai abaixou os olhos, também sentia muito pela perda do amigo, mas todos soldados estão a um passo de morte em meio a uma guerra, talvez a meio passo aquele que os lidera. — Eu sinto muito…

Ela achou que fosse morrer, que fosse desfalecer ali, a frente de todos, mas ao contrário disso suas lágrimas foram engolidas, sua expressão se tornou um misto de tristeza e ódio, transparecia o sentimento que habitava em seu coração. Suas mãos tremeram enquanto o ambiente registrava uma queda drástica da temperatura, o céu ganhou uma tonalidade escura e suas mãos emitiram uma pequena descarga gélida contra o chão. Gai pensou que ela fosse desmoronar a qualquer instante, mas Sakura continou ali, em pé, e com apenas um gesto todos se colocaram de joelhos a sua frente. Enquanto sua mente se lembrava da frequência que se amado costumava realizar tal ato ela jurava uma vingança, o preço seria tão alto quanto.

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