Capítulo 1 - Aluno novo

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Olá!

Que bom que você encontrou meus meninos! Tem muito amor, romance, descobertas, risadas e um pouquinho de sofrimento! Vamos lá?

Boa leitura!

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Capítulo 1 - Aluno Novo

— Bom dia, Terceirão! Sentem logo em seus lugares, que eu vou resolver os problemas da prova de ontem no quadro para vocês conferirem o que erraram e acertaram! Rápido! Rápido! — O professor Alberto dava palmadas, todo empolgado para começar a aula.

Eu o achava meio lunático. Quem, em sã consciência, fica tão empolgado assim dando aula de matemática? Sem falar que ele era sádico. Marcou a prova de Matemática justamente para a primeira aula de segunda-feira. Fala sério, quem marca a prova de Matemática na primeira aula de segunda-feira? O pior era a justificativa dele:

— Vocês terão o final de semana todo para estudar! — dizia.

Tá bom, sei. Ele fazia isso para começar a semana nos torturando e destruindo o resto das outras 39 aulas que ainda teríamos. Ao invés de marcar para a última aula de sexta-feira, para que passássemos o final de semana chorando a desgraça, não! Marca na segunda!

E só para ajudar, eu era péssimo em matemática. Tinha aulas com esse professor desde o sexto ano e todos esses anos passava raspando para a série seguinte. Todo ano eu era encaminhado para o reforço e todo ano eu desistia porque as aulas de reforço eram com ele, então eu continuava sem entender nada. Já havia desistido há muito tempo de prestar atenção nas aulas dele. Às vezes aprendia alguma coisa assistindo vídeo-aulas no YouTube, mas essa matéria eu sentia que não tinha solução. Temia por um grande e redondíssimo zero. O primeiro da minha vida.

Fui para o meu lugar de acordo com o ensalamento. Odiava essa postura antiquada da escola de escolher o lugar dos alunos, mas fazer o quê? Afinal, era uma escola católica e, apesar de tudo, eu amava esse lugar. Estudava aqui desde que eu tinha dois anos de idade. Cresci nesse lugar, conheço todos os funcionários, professores, padres que passaram pela direção e praticamente todos os alunos do Ensino Médio. Acho que passei mais tempo da minha vida aqui do que em casa, com os meus pais. Dá até um frio na barriga ao pensar que esse ano tudo acaba. Formatura, vestibular, faculdade. Ah, já sentia meu estômago doer só de pensar.

Mochila embaixo da mesa, caderno em cima da carteira, lápis na mão, encostei-me à parede e comecei a copiar aqueles números que parecem todos iguais e espalhados aleatoriamente no quadro. O burburinho dos 41 alunos dessa turma de Terceirão do Ensino Médio diminuiu e todos começam a sua rotina diária de fingir que eram alunos exemplares em Matemática.

O pior é que eu estava quase isolado nesse canto da sala. Penúltimo lugar da fileira da parede, ao lado da porta. O Murilo, meu amigo, quase irmão, que eu conheço desde o maternal, senta na segunda fila do lado da janela, na quinta carteira. Júlia, que considero irmã, também senta na segunda fila do meio da sala. Os outros amigos meus do time de vôlei estão espalhados pela sala, mas ao redor de mim se concentram uma meia dúzia de brutamontes neandertais consumidores de whey protein que fazem academia a duas quadras da escola e já chegam de manhã suados. Fala sério, a aula começa às 07h20 e eles já chegam suados. Argh! E para ajudar, tem ainda um punhado de patricinhas sem graça, rebocadas de maquiagem, superficiais, magérrimas e fofoqueiras.

A semana promete...

Batidas na porta e ela se abre. Para que bater se já vai abrir antes do professor ir atender? Coisas do universo do Colégio São Bernardo.

Anjo de olhos verdes [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora