Cronologia Criminal Dia 2 - Domingo, 15/04/2018, 23:12

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A parte traseira do camburão bloqueava a visão do motorista. Tanto por isso, ele tinha acesso às imagens de uma câmera de vídeo instalada onde estava Laura, um dos policiais do grupo auxiliar e a criminosa.

A tela do painel possuía uma função dupla: funcionava como um espelho retrovisor e permitia ao policial que seguia na frente checar se alguém seguia o carro e o que estava acontecendo lá atrás. As janelinhas laterais blindadas também ajudam a observar os arredores.

O final do furgão era como uma espécie de sala isolada, com acesso por uma porta atrás dos bancos traseiros. Ela só se abria com chave ou, nos modelos mais modernos, com uma senha de segurança.

O veículo tinha todos os pneus reforçados, mas não havia recebido a blindagem máxima. Isso o tornaria muito lento caso precisasse fugir. K-5710, o código de identificação do carro e apelido do mesmo, nunca estivera em uma situação que o forçasse a transitar com a velocidade máxima; nunca precisou fugir de nada, e nunca precisaria.

A viagem até o distrito não era longa, mas a estrada desnivelada fazia o sacolejo demasiado do camburão se tornar um tanto incômodo e desconfortável.

Randik não desviou o olhar da mulher de cabelos curtos nem por um segundo sequer. Observava cada microexpressão de seu rosto, tentando ler seus pensamentos, tentando descobrir mais daquela bandida sem precisar perguntar o que quer que fosse.

A fora da lei encarava um ponto cego na porta do veículo, vez ou outra voltando a atenção para a detetive. O sorriso em seu rosto era malicioso, como se soubesse quais eram as intenções da outra ao encará-la daquela forma. Para provocar, mirava a policial de cima a baixo, desnudando-a, desconcertando-a como ninguém nunca havia conseguido. Aquela atitude fazia o corpo de Laura reagir quase que instantaneamente, com suas bochechas tão ruborizadas que mais pareciam o efeito de uma passada de blush mal sucedida.

Vinte minutos se passaram, e a estrada, a cada segundo, parecia mais e mais longa. De repente, o celular de Laura vibrou quando a notificação de seu Whatsapp chegou. Fazendo um sinal com a cabeça para que seu colega ficasse atento à prisioneira, a mulher pegou o aparelho verificando que era uma mensagem do capitão Daniel indagando sua localização. Randik digitou e enviou a primeira frase da resposta, mas não teve a chance de continuar. Uma freada brusca juntamente com vários rodopios, fez, além do celular voar longe, seu corpo se projetar para a frente.

– Merda! – Jeff, o policial do grupo de apoio, berrou ao bater a cabeça contra a lateral de aço atrás de si.

Um novo tranco e a segunda batida já fez o homem ficar inconsciente no piso do furgão. A detetive, ofegante e assustada com o acontecido, imediatamente foi se levantando, mesmo desajeitada pela dor que sentia em seus membros inferiores. De arma em punho, apontou sua pistola para a mulher à sua frente, que tentava se levantar do tombo de seu corpo.

– O que é isso? – Ela indagou à outra.

– Como eu poderia saber, detetive?

O nervosismo, a ansiedade e seu sexto sentido apurado não permitiram um raciocínio lógico por parte de Randik. Ela sabia que algo havia acontecido, e não era um acidente qualquer. Deveria agir com cautela, mas seu cérebro não processava a sequencia lógica de atitudes prudentes em uma situação de possível risco.

A detetive bateu na chapa de ferro que a separava da cabine do motorista, mas não obteve sucesso com uma resposta. Tentou novamente e foi infeliz pela segunda vez em seu intento. O comunicador interno também não funcionava, o que a deixou ainda mais tensa.

– Porra! – Ela esbravejou quando viu que seu celular havia se transformado em uma pequena pilha de cacos.

O aparelho do seu colega policial também estava inutilizado. Os meios de comunicação que ela tinha com o mundo externo, por algum motivo, não serviam mais para nada.

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⏰ Última atualização: Nov 04, 2019 ⏰

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